Entrada acessível para todos. A entradas dos estabelecimentos, como diz o ditado, é a porta de entrada para a acessibilidade. Se desde a entrada, não houver acessibilidade, o que o visitante irá esperar do resto do estabelecimento? Por isso ter uma entrada acessível para todos é muito importante.
Os locais de entrada de um estabelecimento, em muitos casos, é o mesmo local para a saída, então aí temos uma dupla importância. E dependendo do local será a área mais frequentada, como por exemplo um museu, onde você ingressa nele, só passa uma vez pelos locais internos, seguindo um roteiro de visitação, e depois volta ao mesmo lugar da entrada, só que dessa vez para sair.
Alguns lugares possuem mais de uma entrada, mas geralmente a entrada principal é mais intuitiva, mais bem sinalizada e mais visível. Se tiver algum controle de entrada, como a necessidade de fiscalizar ingressos, então provavelmente só haverá uma única entrada. Na verdade, se houver mais de uma entrada, todas elas deveriam ser acessíveis, pois a acessibilidade tem que ser um padrão e não uma alternativa.
Se não for possível uma entrada acessível para todos, isso precisa ser justificado tecnicamente. Em último caso, pode ser criada uma entrada alternativa, mas esta não pode estar mais do que 50 metros de distância da entrada convencional. Para dar ainda mais força às minhas orientações, coloco abaixo o item específico da ABNT 9050, sobre Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, que fala sobre isso:
6.2.2 Na adaptação de edificações e equipamentos urbanos existentes, todas as entradas devem ser acessíveis e, caso não seja possível, desde que comprovado tecnicamente, deve ser adaptado o maior número de acessos. Nestes casos a distância entre cada entrada acessível e as demais não pode ser superior a 50 m. A entrada predial principal, ou a entrada de acesso do maior número de pessoas, tem a obrigatoriedade de atender a todas as condições de acessibilidade. O acesso por entradas secundárias somente é aceito se esgotadas todas as possibilidades de adequação da entrada principal e se justificado tecnicamente.
Entrada acessível para todos é o caminho para a inclusão
Há locais onde essas entradas alternativas estão longe, como já fui em museus onde a entrada ficava do outro lado do quarteirão, uma entrada por trás da edificação. Só que, é claro, eu fui primeiro na entrada principal, mas depois para me dirigir à entrada alternativa, o caminho era muito difícil, com uma ladeira muito inclinada e calçadas cheia de irregularidades. Então essa, não era uma entrada acessível para todos.
Algumas entradas alternativas, até aquelas que estão a menos de 50 metros da entrada convencional, ficam muito escondidas, quase imperceptível aos olhos de um visitante com deficiência. Em alguns casos, me parece que o local tem mesmo a intenção de ocultar essa entrada acessível, por achar que não fica esteticamente bonita. Só que o valor da acessibilidade é maior do que da beleza, então isso não poderia acontecer. É recomendável que caso haja uma entrada alternativa, na entrada convencional tenha uma sinalização indicando o local dela.
No vídeo eu mostro uma entrada com rampa, alternativa única para todos os visitantes. Já vi lugares, em que havia um desnível, de dois degraus, onde havia uma escada e uma plataforma elevatória, um ao lado do outros, colados. Aqui entra o meu conceito de Acessibilidade Funcional, pois essa plataforma não oferecia autonomia, e precisava de um funcionário para acioná-la, só que eu não tinha como chamar o funcionário, pois ele ficava lá dentro e não havia nenhum dispositivo de chamada, como uma campainha.
Mesmo que houvesse campainha, mesmo que eu pudesse controlar a plataforma sozinho, eu não indico essa solução. Ali havia espaço suficiente para colocar uma rampa, e isso serviria a todas as pessoas, então se tornaria uma entrada acessível para todos. E não digo em colocar a rampa no lugar da plataforma, mas em retirar a escada e a plataforma, e deixar toda a entrada com rampa. Isso é mais fácil e barato para instalação, requer muitíssimo menos manutenção, que leva tempo e dinheiro, além de ser bem mais funcional e inclusivo.
Pode parecer pouca coisa, mas ficar procurando a localização das entradas, e em alguns casos, buscar alternativas para a falta da acessibilidade adequada, desgasta muito a parte mental e física. Sempre “perco” tempo procurando as alternativas de acessibilidade, e procurar a entrada acessível é um dos casos mais críticos. Eu ainda enfrento e busco a solução, mas sei que muitos colegas desistem diante dessa dificuldade.
Já quase perdi o controle pela ignorância da falta de acessibilidade que já encontrei em alguns casos. Lugares que tem condições financeiras e possuem espaço e estrutura suficiente para oferecer acessibilidade adequada e funcional, eu não tenho nenhum perdão, e cobro muito forte! Indico sempre que todas as pessoas com deficiência cobrem pela acessibilidade, pois essa pressão já deu bastante resultados positivos, se ficar quieto, geralmente os locais não tem iniciativa.
Se você percebeu, várias coisas que eu citei, não fazem parte das normas, e mesmo algumas leis que exigem esse tipo de atitude, não deixam essas situações bem claras, pois geralmente falam da acessibilidade de uma forma genérica. Quando se quer uma coisa boa, é preciso prestar atenção nos detalhes, e como a coisa funciona na prática. É nessa linha que eu aplico minha consultoria em acessibilidade, baseada no meu conceito de Acessibilidade Funcional.
Se você tem interesse em aprender mais sobre o assunto, com orientações mais detalhadas, a melhor opção é fazer meus cursos. Mesmo você que já é um profissional de alguma área, precisa entender sobre isso, e ouso ainda a dizer, que mesmo profissionais que trabalham com acessibilidade, irão ver muita coisa nova, que não encontrarão em lugar nenhum.
Para orientações mais direcionadas para sua empresa, o melhor é o treinamento. Se quer colocar esse assunto no seu evento ou faculdade, a opção são as palestras. Ou coloque esse assunto de forma permanente aos seus alunos através das aulas. As pílulas de conhecimento, eu ofereço no meu perfil do Instagram, no canal do YouTube e no meu Blog, mas um bom resultado deve ser feito com planejamento profissional, e aplicando dicas.
0 comentários