Rampas com obstáculos. Preste atenção para não estragar sua acessibilidade.

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

22 de setembro de 2021

Rampas com obstáculos. As rampas são as melhores opções de acesso, quando você precisa passar de um plano para outro em diferente altura. Além do menos valor para instalação, também está sempre disponível para o uso, ao contrário dos elevadores e plataformas. Elas também são uma ótima opção quando pensamos em segurança e medidas de emergência, onde é preciso evacuar o estabelecimento.

Mas somente um plano inclinado para fazer a ligação entre os dois pavimentos, não dá pra considerar uma proposta de acessibilidade ideal. Existem orientações para a inclinação, equipamentos auxiliares como corrimão e pisos táteis, área de descanso entre outros itens, mas o objetivo deste artigo é falar especificamente de obstáculos que atrapalham na passagem pela rampa.

Um exemplo claro desta situação, está no vídeo abaixo, em uma visita técnica na exposição de Leonardo da Vinci no MIS Experience (Museu da Imagem e do Som). Uma ótima exposição, onde devido ao grande público visitante, foi necessário organizar as filas de compra de ingresso e também de entrada à exposição. Justamente nesse acesso para a entrada, há uma rampa, com uma inclinação bastante suave.

Foram colocados totens com fitas para marcar a posição da formação da fila, e um ponto de verificação dos ingressos, com duas funcionárias debaixo de um guarda-sol. A primeira falha é que o cainho do piso tátil foi inutilizado, pois estes equipamentos citados desconfiguravam totalmente a rota tátil, que é fixa no chão, além do guarda-sol que ficou praticamente em cima do piso tátil. Era possível criar a fila respeitando o piso tátil.

A segunda falha, é que o ponto de verificação dos ingressos, que ficava no local onde o guarda-sol foi colocado, estava no meio da inclinação da rampa. Isso cria uma interferência maior para pessoas com deficiência, especialmente cadeirantes, pois é preciso parar a cadeira de rodas e travá-la para que ela não desça pela inclinação, dar o ingresso e depois destravá-la e seguir o caminho. Não é uma situação grave, mas se é possível evitar, então vamos seguir boas práticas. Este ponto de verificação deveria estar antes do começo da rampa, pois assim não é preciso brecar a cadeira de rodas, e depois pegar impulso para subir a rampa sem interferências.

Parar no meio da inclinação não é algo agradável, pois pode causar um desiquilíbrio, e por isso, até as normas indicam para rampas muito compridas, que tenha no meio uma área de descanso, como um patamar sem inclinação. Eu mesmo, circulando pelas ruas, quando encontro uma rampa de rebaixamento de guias de calçadas, caso precise esperar o semáforo de pedestres abrir, eu faço isso antes da rampa, onde é mais plano, e não em cima da rampa, onde a inclinação é incômoda para ficar parado.

Não é difícil encontrar obstáculos que atrapalhem a passagem, como vasos de planta, lixeiras, totens informativos e outros objetos, que na sua maioria não tem necessidade de ficar nesse lugar. Lembre-se do conceito de rota acessível, onde existe uma faixa de circulação livre, e eventuais equipamentos ficam nas laterais opcionalmente para serem utilizados. É claro que no caso apresentado, a necessidade de uma barreira de controle era necessária, mas novamente reforçando, não precisava estar no local onde foi colocado.

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