Passagem bloqueada. Cones e correntes tiram a acessibilidade de pedestres com deficiência.

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

25 de maio de 2022

Passagem bloqueada. O pedestre é uma prioridade, mais do que qualquer tipo de veículo, pois mesmo os motoristas, também são pedestres em algum momento, mas nem todo pedestre utiliza veículo. Se o pedestre é a prioridade, então devemos sempre dar atenção à travessia dos pedestres e calçadas, porém infelizmente a realidade não é bem assim. Em muitos lugares, não existe calçadas, mas há passagem para carro. Algumas calçadas são tão estreitas, e se tem postes, fica impossível uma cadeira de rodas transitar. Sem contar os desníveis, pisos irregulares e buracos, que dificultam muito o caminhar.

Alguns lugares existem bloqueios de passagem, mas um bloqueio temporário e intencional. Isso acontece bastante, quando existem obras na calçada. O certo é que seja criado um caminho alternativo, e alguns lugares fazem isso, colocando um caminho cercado pela rua, porém na maioria das vezes, se esquecem de colocar uma rampa para descer da calçada e depois voltar.

Uma outra situação, eu encontrei no Instituto Tomie Ohtake, um centro cultural em São Paulo. Inclusive, ele fez parte do meu Trabalho de Conclusão de Curso, que tinha como tema “Acessibilidade para cadeirantes em centros culturais da zona oeste de São Paulo”, e me lembro de ter uma boa avaliação da acessibilidade do local na época. Mas dessa vez, quem sabe devido à data e horário em particular ou por modificações na estrutura, não pude caminhar pela calçada por causa de um bloqueio feito por correntes. Há uma entrada para carros, de embarque e desembarque de pedestres. Ele é utilizado quando há shows e apresentações no seu teatro, caso contrário, a passagem do carro, fica bloqueada por correntes.

O problema é que essas correntes, também bloqueiam a passagem do pedestre. Da forma que está estruturada essa entrada, para o pedestre que anda, não é um impedimento, mas para o pedestre que se locomove em cadeira de rodas, se torna impossível pela falta de planejamento de passagens e rampas de acesso. Se você olhar a foto da capa deste artigo, vai conseguir entender melhor.

Se você perceber, essa entrada foi pensada somente para beneficiar o local, e não considerou os pedestres. Alí, só existe uma rampa, que foi feita para o as pessoas do embarque e desembarque dos carros. Na passagem, por onde seria a calçada, não há rampas. Entre a entrada e a saída de carros, há um pequeno trecho de calçada, mas muito estreito e com postes de energia nas duas pontas. Dessa forma, rampas não adiantariam nada, pois é impossível uma cadeira de rodas passar pelo local.

Ali, pode haver um sério problema de mobilidade urbana, pois deveria haver uma calçada de pelo menos 1,20 metros de largura, então será que o Instituto Tomie Ohtake não está utilizando um espaço público? Mesmo que isso esteja legalizado de alguma forma, não seria civilizado da parte do Instituto, fazer um projeto que permitisse a acessibilidade para passagem de pedestres com deficiência?

Como falei no vídeo abaixo, o mais adequado é aumentar a largura do trecho, aquela ilha entre a entrada e saída dos veículos, e colocar uma rampa em cada ponta. Ou então, criar rampas de acesso no começo e no final, para que o pedestre possa descer da calçada, caminhar por esse trecho de carros e depois subir de volta para a calçada.

Essa segunda opção não é bem a certa, afinal lugar de carro é para carro, e quando essa entrada estiver sendo usada, cheia de carros, a passagem para o pedestre será interrompida, além de ser perigoso. Nem estou dando indicação para fazer coisa errada, mas algumas pessoas podem pensar que essa poderia ser uma alternativa. Então o certo é fazer passagens para pedestres, acessíveis com larguras adequadas e rampas de acesso, que estejam livres permanentemente.

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