Encontro Nacional de Hotelaria. O ENAHO é um evento organizado pelos alunos do curso Técnico em Hospedagem, do Senac de Alagoas. O evento teve como tema “Hospedagem 4.0 – entender para atender”, e dentro dessa temática, pensaram na importância de entender o turista com deficiência para bem atendê-lo. E para falar sobre isso, eu (Ricardo Shimosakai) fui convidado para ministrar a palestra “Acessibilidade no Turismo e Hotelaria”. Foi u evento online, por ainda estarmos em fase da pandemia do Corona vírus e também pela praticidade que este formato oferece.
Eu sempre enfatizo o que a proposta deste evento coloca, que é entender para atender, pois a grande parte das pessoas não entende como é a pessoa com deficiência, seus comportamentos, dificuldades, preferências, necessidades, e por isso acabam fazendo iniciativas com pouca eficácia ou até mesmo erradas. Por exemplo, e inclusive um exemplo real, certa vez visitei um hotel, que coincidentemente estava em reforma, e que uma arquiteta especializada em acessibilidade já tinha adaptado o quarto acessível.
Porém o que eu encontrei, foi um quarto com uma cama de solteiro, e o gerente dizendo que depois dessa adaptação, nenhum hóspede com deficiência tinha se hospedado nele novamente. O problema é que a arquiteta se julga “especialista” por ter estudado bastante a norma de acessibilidade, mas na verdade ela não conhece o comportamento das pessoas com deficiência. Geralmente o turista com deficiência viaja acompanhado, seja porque tem dificuldades de viajar sozinho, ou também porque tem sua esposa, namorada, amigo ou familiar e querem dormir no mesmo quarto. Por isso o quarto de solteiro, mesmo sendo acessível, não atende à maiorias dos hóspedes com deficiência, e isso mostra como é importante entender para atender.
Eu sempre reforço isso em minhas palestras, aulas e treinamentos, e que isso é um aprendizado contínuo, pois apesar de termos tendências ou preferências de grupos, as pessoas tem inúmeros comportamentos diferentes. Além disso, comportamentos podem mudar dependendo de situações ou influências. Um exemplo para entender isso com facilidade, é o uso de máscaras e álcool em gel, que foi uma mudança de comportamento forçado por uma situação, no caso a pandemia do Corona vírus.
Na minha palestra, eu procurei passar por todas as principais áreas que envolvem o turismo, pensando desde o momento em que o turista com deficiência pesquisa buscas informações de cruzeiros e destinos com acessibilidade, em seguida os meios de transporte, os tipos de hospedagem, locais de alimentação, os guias de turismo, os diferentes tipos de atrativos turísticos e até pensando em uma parte mais organizacional do turismo como agências, operadoras e entidades do turismo. É preciso que todo esse conjunto esteja preparado para que não ocorram problemas ou não causem grandes dificuldades.
Enfatizei a acessibilidade e a inclusão para públicos que são esquecidos mesmo quando se fala de pessoas com deficiência, que são pessoas com deficiência visual, deficiência auditiva, deficiência intelectual e até mesmo tipos diferentes de deficiência física que são diferentes do estereótipo adotado de uma pessoa em cadeira de rodas. Isso sem contar as pessoas com mobilidade reduzida, como idosos, grávidas e obesos, que também sofrem com a falta de acessibilidade específica para as suas necessidades. Mesmo doenças, como uma pessoa celíaca, que tem intolerância ao glúten, também precisa de um atendimento diferenciado. Mas será que os hotéis estão adaptados para oferecer pão sem glúten no café da manhã, ou é o hóspede que tem que se virar, e comer outro tipo de comida disponível?
Em outras ocasiões eu já falei, mas pela importância da questão, eu repito novamente. As escolas, faculdades, universidades ou qualquer outro centro de formação de profissionais para o turismo, precisam ensinar a lidar com o turista com deficiência e a acessibilidade. Quem não aprende sobre esse assunto, não pode ser considerado um profissional, pois com certeza, em algum momento ele irá se deparar com algum cliente com deficiência, e caso não esteja preparado, podem surgir confusões e até processos judiciais. A discriminação e o preconceito são crimes, por isso você não pode deixar de atender uma pessoa por causa da deficiência dela. Esse é o lado ruim da moeda, mas o outro lado é bastante positivo, pois conseguindo atender adequadamente o público com deficiência, além de evitar problemas, você ou seu negócio podem ganhar destaque, e com isso gerar resultados muito grandes, como foi alguns exemplos que citei na palestra, e que você pode assisti-la no vídeo abaixo:
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