Arquitetura Inclusiva. Arquitetura é a técnica de projetar uma edificação, e a inclusão é permitir e dar condições que todos possam frequentar um local, e para que isso aconteça é necessário que haja acessibilidade. Porém muitas pessoas enxergam a acessibilidade como algo voltado exclusivamente para as pessoas com deficiência, mas não deve ser assim. Eu sempre falo em minhas palestras que a acessibilidade são facilidades para todos, que não só as pessoas com deficiência precisam das facilidades que a acessibilidade proporciona, mas os idosos, gestantes, obesos, queles que quebraram a perna e deverão andar com o auxílio de muletas por alguns meses, entre diversos outros tipos de pessoas.
A sociedade procura inserir as pessoas com deficiência e a própria acessibilidade através de cotas e percentuais, como por exemplo existe a Lei de cotas para o trabalho, os 2% de vagas de estacionamento acessíveis e os 10% de quartos acessíveis em um hotel. Mas se for pensar mais a fundo, isso não é bem uma inclusão, mas uma maneira forçada de se criar oportunidades. Dependendo de como a acessibilidade for planejada, ela não será exatamente uma Arquitetura Inclusiva.
Eu sempre aponto uma falha nos hotéis em que eu dou consultoria de acessibilidade. Muitos hotéis tem categorias de apartamentos diferentes, que são classificados pelos seus níveis de conforto, e com valores diferentes para cada categoria; Então não é difícil encontrar em um mesmo hotel, apartamentos standard (mais simples e baratos), apartamentos executivos (conforto e preço intermediário) e suítes presidenciais (alto luxo com preço elevado). Porém a grande maioria dos hotéis passou a oferecer o apartamento acessível praticamente como se fosse uma outra categoria, e não oferecem um apartamento standard ou a suíte presidencial com acessibilidade, por exemplo. Só há a opção do apartamento acessível, sem opção de escolha de conforto ou valores. Isso não é uma Arquitetura Inclusiva.
Arquitetura Inclusiva
Um exemplo de Arquitetura Inclusiva é o Centro de Treinamento Paralímpico em São Paulo, projetado e construído como um local de treino e competições de atletas com deficiência. Alí há toda uma infraestrutura com dormitórios, restaurantes além dos espaços específicos para cada tipo de esporte, como piscinas, quadras e pistas de corrida. Existem caminhos sem degraus ou barreiras para todos os lugares, com larguras amplas.
Mesmo nos locais onde há vários andares, além dos elevadores também há rampas para todos os andares, o que ajuda na segurança, caso precise realizar um procedimento de segurança, se houver falhas nos elevadores ou mesmo em épocas de competição onde o fluxo de pessoas é grande, e daí alguns conseguem utilizar as rampas ao invés dos elevadores. Isso sim pode ser considerado um local com Arquitetura Inclusiva, onde todos podem ter acesso a todos os espaços, com autonomia. Inclusive já realizei um treinamento para uma empresa utilizando o espaço do Centro de Treinamento Paralímpico para mostrar ao vivo um case de sucesso.
Um outro exemplo, que inclusive faz parte do conteúdo do meu Curso Online Acessibilidade e Inclusão, não é especificamente sobre edificações, mas tem a ver com o designs, e isso tem relação com a Arquitetura Inclusiva. É o caso dos ônibus rodoviários da Alemanha, aqueles modelos de ônibus bastante usados em viagens com poltronas. Em muitos lugares, inclusive aqui no Brasil, o ônibus rodoviário acessível tem um único espaço permanente para cadeira de rodas, ou seja, não é possível levar mais do que um cadeirante e se não houver um passageiro cadeirante, este espaço fica vazio.
Mas o ônibus que eu conheci pessoalmente, em um dos eventos que fui convidado a participar sobre turismo acessível, tinha capacidade para levar até doze cadeirantes. Inclusive escrevi um artigo mais detalhado com o nome “Ônibus rodoviário acessível na Alemanha”. Mas resumidamente, este ônibus tinha poltronas removíveis, então de acordo com o número de passageiros cadeirantes, você podia retirar as poltronas para dar espaço a eles. Caso não houvesse nenhum passageiro cadeirante, você poderia deixar todas as poltronas, e com isso não ficaria espaços vazios, como acontece quando o espaço é permanente.
O acesso era feito através de uma plataforma elevatória, que quando recolhida fica protegida na parte inferior, onde também ficam as bagagens. As cadeiras são presas no piso do ônibus com cintas de segurança desenvolvidas para essa finalidade, e também cinto de segurança para a pessoa sentada na cadeira de rodas. Então é um modelo acessível para todos os tipos de pessoa.
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