Turistas com deficiência. Existe um número muito grande de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida que viajam, porém isso não é tão perceptível, principalmente por falta de pesquisas no Brasil. Mas outros países mostram através de pesquisas bem elaboradas, que ao quantidade desse público é muito significativa, e consequentemente o retorno financeiro também. É claro que o volume de viajantes no exterior é maior, mas isso acontece por causa de uma infraestrutura de acessibilidade melhor, pois o Brasil teria turistas com deficiência suficiente para movimentar significativamente o turismo local.
Mas eu sempre chamo a atenção em minhas palestras que o turismo envolve o mundo, então os turistas com deficiência estrangeiros também querem conhecer o Brasil, porém a baixa condição de acessibilidade não favorece. Alguns empreendimentos e destinos em particular, que levam a sério o turismo acessível, conseguem um retorno excelente, pois acabam abocanhando uma fatia de público imensa e com poucas opções de escolha, como é o caso de Bonito no Mato Grosso do Sul e do Beto Carrero World, onde eu já prestei consultoria para ambos.
Turistas com deficiência
Como disse anteriormente, o Brasil tem poucos dados de pesquisa para avaliar quantitativamente e qualitativamente o turismo acessível. Este ano, o Ministério do Turismo em parceria com a UNESCO, fez um mapeamento do perfil dos turistas com deficiência, trazendo dados quantitativos. Nele, foi apontado que mais da metade (53,5%) dos turistas com deficiência deixaram de viajar para algum destino no país por falta de acessibilidade. A seguir, mostro pesquisas internacionais, que servem para ter uma base da movimentação e do potencial do turismo acessível como um negócio.
Portugal possui 10 milhões de habitantes como população total, onde 6% possuem algum tipo de deficiência e 27% estão acima dos 60 anos. Consideram então, um público potencial para o segmento de mercado do turismo acessível de 3,4 milhões de pessoas, um número bastante significativo. Pessoas idosas e com doenças limitantes, também são uma enorme parcela das pessoas que necessitam de recursos de acessibilidade, e isso eu ensino no meu Curso Online Acessibilidade e Inclusão.
De acordo com um estudo de mercado realizado pela Harris Interactive/Open Doors Organization nos Estados Unidos, a expansão das oportunidades de viagens acessíveis levou agora os turistas com deficiência a gastar mais de 13 mil milhões de dólares por ano em serviços relacionados com viagens. Isso inclui mais de 17 milhões de visitas a hotéis e 9,4 milhões de voos de companhias aéreas. Estes números estão atraindo a atenção da indústria de viagens como nunca antes. Com um número tão grande turistas com deficiência, é preciso estar bem preparado para atendê-los, por isso a necessidade das empresas em realizar treinamentos específicos à seus funcionários, para evitar confusões e aumentar a hospitalidade.
As indústrias das viagens e do turismo devem encarar os turistas com deficiência com requisitos de acesso específicos como uma oportunidade de negócio e uma possível vantagem competitiva. De acordo com estimativas recentes da OMT, o mercado potencial de pessoas com deficiência na União Europeia (UE) compreende mais de 80 milhões de pessoas, e até 130 milhões quando se incluem os idosos e os seus companheiros de viagem. É provável que o número global de pessoas com deficiência aumente, especialmente à medida que os baby boomers envelhecem. A maioria (70%) das pessoas com deficiência na UE tem capacidade financeira e física para viajar.
Em 2012, as regiões preferidas para pessoas com necessidades específicas de acessibilidade eram as Américas, a África e o Médio Oriente (Figura 3). A nível nacional, a China (61 milhões), os Estados Unidos (32 milhões) e o Brasil (32 milhões) foram os destinos mais importantes. Note-se que o Egipto foi o único país fora da Europa/UE27 com uma percentagem de 5% ou superior. Os países com participações menores não estão listados.
Quando os europeus com deficiência consideram tirar férias, os cinco aspectos mais importantes são os seguintes: transporte de e para o destino (53%), acessibilidade dos serviços de reserva (53%), natureza (48%), segurança (48%) e o disponibilidade de informação uma vez no destino (47%). Os cinco aspectos mais importantes da acessibilidade nos edifícios (por exemplo, hotéis e museus) são a acessibilidade das instalações sanitárias; a acessibilidade dos parques de estacionamento; a facilidade de utilização dos elevadores; a facilidade de uso de móveis, acessórios e luminárias; e mobilidade dentro do edifício.
Em entrevista para Décio Piccinini no programa De Papo Pro Ar, falei sobre acessibilidade e inclusão de uma forma geral, mas bastante sobre o turismo acessível e os turistas com deficiência. Outras entrevistas você pode assistir no meu canal do YouTube ou em artigos no meu blog, e também ver curtas no meu perfil do instagram. Décio começou a fazer televisão em 1968, e já em fevereiro de 1970, Silvio Santos convidou-o para integrar o júri do Show de Calouros do Programa Silvio Santos, onde ficou por quase 27 anos. Trabalhou 13 anos na Editora Abril, 11 anos na Editora Símbolo, exercendo as funções de repórter, editor e diretor. Em 1998, criou a revista Ti Ti Ti e em 2017 estreou junto com Mara Maravilha, Leão Lobo e Mamma Bruschetta no Fofocalizando.
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