Exposição Sentir Pra Ver. Acessibilidade total para museus.

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

27 de março de 2024

Exposição Sentir Pra Ver. Esta exposição já passou por lugares importantes, como a Pinacoteca de São Paulo, O Museu da Inclusão que fica na Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que por sua vez, fica no Memorial da América Latina, e da última vez na Pinacoteca de São Caetano do Sul, que é para onde eu fui para fazer as gravações desta matéria.

A pessoa que está a frente da Exposição Sentir Pra Ver e dessas outras iniciativas é Amanda Tojal da Arteinclusão, que por muitos anos trabalhou na Pinacoteca de São Paulo, onde desenvolveu outros projetos de acessibilidade muito interessantes. Já fui chamado por ela para dar consultorias em acessibilidade para exposições na Japan House, Sesc Bertioga, e já participamos como palestrantes de um evento para falar sobre Empreendedorismo e Inclusão, organizado pela MICBR.

Exposição Sentir Pra Ver

Exposição Sentir Pra Ver tem uma proposta bastante completa para a acessibilidade e inclusão em locais de exposição e museus. Quem mais tem dificuldade nesses locais são as pessoas com deficiência visual, pois quase tudo, geralmente é pensado para ser apreciado através da visão. Mas é claro que a exposição deve ser pensada para as outras pessoas com deficiência, mas de qualquer modo, isso também é atendido nesse projeto. Já dei treinamentos para atendimento a pessoas com deficiência visual, além das outras deficiências, e tudo é baseado nas opiniões das próprias pessoas com deficiência, que é a melhor fonte.

Muitas pessoas tem uma idéia muito forte da associação do cego com o Braille, e sim isso é muito bom, porém na deficiência visual não existem só cegos, há pessoas com baixa visão também, e na acessibilidade para esse público, existem outros recursos além do Braille. Em meus cursos, eu mostro a amplitude do que é acessibilidade e inclusão, e como lidar com ela, para que o aluno não fique preso em regras e conceitos limitantes.

O primeiro ponto de atenção, deve ser voltado para a descrição, pois em museus, a maioria dos textos são somente para contar história, pensando que a pessoa está vendo a obra. Mas para o cego, é preciso justamente, fazer uma descrição da obra para que ele possa entender a história. O texto descritivo, pode ser fornecido através do Braille ou de audiodescrição. O texto escrito, estão em letras ampliadas e contrastantes para as pessoas com baixa visão.

Há vários colegas cegos defensores do Braille, mas eu vejo que cada vez mais ele é menos utilizado, pela complexidade de seu aprendizado, pelo custo, pois fazer uma impressão em Braille não é barato, pelo trabalho, pois não é qualquer gráfica que faz esse tipo de impressão, pelo volume, pois um livro em Braille pode ser até 10 vezes maior do que um livro impresso, e pelo cuidado, pois impressões em Braille, se não tiver cuidado, perdem o relevo.

A audiodescrição é a solução mais fácil aos usuários, mais barata para confecção, mais fácil de produzir, que ocupa um espaço menor e é mais fácil de conservar. Um outro exemplo de uma solução melhor, são os cardápios digitais ao invés dos cardápios em Braille.

A exposição Sentir Pra Ver também oferece um material reproduzido de forma tátil em relevo, que são tipos de reprodução 2D, ou seja, em um plano procura se reproduzir a imagem, utilizando saliências para que a pessoa consiga identificar as formas. Algumas reproduções 2D também aplicam diferentes texturas, para facilitar ainda mais, porém nessa exposição, essa reprodução é feita em um único material, uma espécie de resina.

Um dos materiais mais interessantes da exposição Sentir Pra Ver é a maquete tátil em 3D, pois ela é quase uma obra de arte em miniatura, com formas inteiras, que pode ser tocada ou vista de diferentes ângulos. Dá uma ideia bem mais real da cena ou objetos, que originalmente estão em uma tela plana. Mais do que um recurso de acessibilidade, acho esse material extremamente interessante para qualquer tipo de pessoa, até aquelas que enxergam. Em uma outra matéria, eu falei sobre a importância da acessibilidade em esculturas abstratas, vale a pena saber mais sobre, pois fala bastante sobre este assunto.

Para complementar, também há um QR Code em cada obra, para informações em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, e todos os balcões expositores são acessíveis, permitindo uma boa aproximação das maquetes, e espaço amplo para circulação no local. Se você curtiu, vale a pena também visitar as outras matérias no Blog, e também seguir o perfil no instagram, pois alí tem algumas postagens que só são publicadas lá, assim como o canal do YouTube, se inscreva lá!

 

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