Dificuldades na adaptação da geladeira. A geladeira é um eletrodoméstico de primeira necessidade, para resfriar e conservar alimentos por um período maior de tempo. Mas será que a indústria oferece modelos e condições para que pessoas com deficiência tenham geladeiras acessíveis?
No vídeo abaixo, o modelo que eu vou pegar como exemplo, tem regulagens de temperatura e outros comandos de forma digital, que são mostrados em um visor. Isso é um problema para pessoas cegas, pois não há recurso de voz, e não há como colocar o Braille. A única forma, para regular a geladeira de forma independente, seria mapear todos os caminhos, onde cada botão vai dar, e quantos toques são necessários para ir para cada ítem. Mas isso é um trabalho particular, pois as fabricantes não fornecem isso.
Esse modelo de geladeira tem o refrigerador na porta de baixo, e o freezer na porta de cima. Para um cadeirante ou uma pessoa com nanismo, a porta superior fica difícil. Eu ainda consigo pegar algumas coisas que ficam na parte da frente ou na porta. Somente esclarecendo, que como eu não costumo cozinhar, então a necessidade de alcançar alimentos no freezer não era grande. Mas a parte do refrigerador sim, eu utilizo todos os dias para pegar alimentos básicos, como o leite no café da manhã e lanche da tarde, além de outras coisas para lanches rápidos.
A porta fecha bem forte, e isso é bom por um lado, pois não deixa o ar refrigerado escapar e nem o calor de fora entrar, economizando energia e mantendo os alimentos, mas por outro lado, a porta fica mais difícil de abrir. É preciso puxar forte com um tranco para conseguir abrir, e para quem não tem muita força e equilíbrio, isso pode ser uma grande barreira. Eu lembro que antigamente, haviam geladeiras que o puxador também era um tipo de alavanca que facilitava a abertura da porta, então quem sabe fosse bom resgatar essa opção.
Mas o maior problema é o lado da abertura da porta, na configuração da cozinha de minha casa. Esse modelo de geladeira, não tem opção de trocar o lado da abertura da porta, então ela abre somente com um puxador no lado esquerdo, fazendo um movimento anti-horário. Mas o lado esquerdo dela, fica junto à uma das paredes da cozinha, isso me força a abrir a porta ao mesmo tempo que tenho que andar para trás. Isso porquê não há espaço de aproximação do lado esquerdo, e na configuração da cozinha, para mudar a posição da geladeira, teria que mudar também a posição da pia, armários e até do encanamento.
Não me parece tão complicado que sejam fabricadas geladeiras com duas opções de abertura, uma sentido horário e outra anti-horário, e algumas delas tem essa opção. No caso, até procurei alguma dessa quando fui comprar, mas também não achei que a qualidade delas eram boas, e daí fiquei num impasse, entre comprar uma geladeira que fosse mais fácil de abrir, ou que conservasse melhor os alimentos, e dai acabei me rendendo à falta de acessibilidade. Pedir para uma oficina mudar a posição da porta, ia sair caro, o produto perderia a garantia, e não havia segurança, pois assistências técnicas autorizadas não fazem esse tipo de serviço.
No vídeo abaixo dá para perceber como a porta e a parede acabam criando um corredor, onde eu fico meio espremido e com movimentos limitados. As fábricas, de um modo geral, deveriam prestar mais atenção na hora de fabricar seus produtos, e chamar profissionais de acessibilidade. Eu já desisti de comprar um carro, que queria muito, mas que não oferecia facilidade para inclinar o banco para trás, coisas que eu preciso fazer, quando coloco minha cadeira de rodas dentro do carro.
Eu aplico na acessibilidade, o conceito chamado Acessibilidade Funcional, que é algo parecido com o que profissionais de design de softwares chamam de UX Design, que é o design orientado pela experiência do usuário. Dê uma olhada no meu instagram e no meu canal do YouTube, me siga em ambos pois há muitos exemplos sobre o assunto. Sempre abordo essa temática em minhas palestras, e o assunto também está presente nos meus cursos, e aplico sempre em minhas consultorias.
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