Cercado atrapalha luneta acessível. Na cidade de Salto, interior do estado de São Paulo, uma das atrações turísticas é o Mirante da Ponte Estaiada. O acesso até a parte superior é através de um elevador, e já na parte superior, o espaço é amplo, limpo e chão plano e liso. Existem lunetas para poder ver a paisagem mais de perto, além do que já é possível ver através dos vidros.

Cada posto de observação, existem duas lunetas, uma mais alta para pessoas de pé, e outra mais baixa para pessoas em cadeira de rodas, baixa estatura ou crianças. Estas mais baixas, também possuem espaço para aproximação, então é possível chegar bem perto com sua cadeira de rodas, e posicionar o olho no local certo.

O problema está num detalhe, e os detalhes só são percebidos quando se tem uma experiência prática. É isso que eu chamo de Acessibilidade Funcional, a acessibilidade baseada na prática por pessoas com deficiência. Às vezes, quem sabe eu não consiga dar uma solução imediata e certeira, será preciso pesquisar e testar, mas que com o problema já entendido, isso é bem mais fácil e assertivo. Ou então trabalhar em conjunto com outro profissional, que tem expertise em um detalhe específico, e que juntos, conseguem encontrar a melhor solução.

Em toda a volta da parte superior do mirante, onde há paredes de vidro, para facilitar a visualização da paisagem, também há uma cerca com tubos metálicos, e é fácil entender que isso foi colocado pensando na segurança. Para quem fica de pé, não atrapalha tanto, pois é possível enxergar por cima da cerca, mas quem é cadeirante, tem baixa estatura ou é criança, a cerca ficará bem no alcance visual da pessoa, e a única visão livre que ela terá, será o céu, ou um horizonte distante.

A luneta tem uma altura menor no que minha cabeça, e não tem regulagem de altura, então o campo de visão fica mais prejudicado. A cerca acaba ficando bem em frente da paisagem onde você quer enxergar. É possível oferecer alternativas seguras e acessível para a função da cerca, desde um vidro mais seguro, um limite de aproximação dos vidros, para que as pessoas não se debrucem neles, mas sem essa estrutura alta, ou outras opções criativas.

O alcance visual é um dos itens que se coloca em normas de acessibilidade, e neste atrativo, o principal propósito é conseguir ver os arredores do alto, então se certas pessoas tiverem dificuldade enxergar a paisagem, pode se dizer que o propósito não foi cumprido, pelo menos para todos. O mirante é relativamente novo, foi inaugurado em 16 de junho de 2016, então as regras de acessibilidade já estavam disponíveis para serem praticadas. Faltou um profissional experiente na equipe, para dar as orientações corretas, e evitar de criar algo que pode dar problemas futuros.