Calçada interditada. A calçada é o local para que o pedestre possa caminhar com conforto e segurança. Isso na prática nem sempre acontece, pois dependendo da calçada, os desníveis, buracos e inclinações formam obstáculos muito perigosos, mas esse assunto vale um artigo específico. O que quero tratar aqui, é quando interditam a calçada, para proteger alguma obra recém feita, como por exemplo, com o piso com cimento fresco que não pode ser pisado. Muitas vezes, sem caçada, vou pela rua pela falta de acessibilidade.
O problema é que essas interdições atrapalham a circulação do pedestre, principalmente quando ela é total, e pega toda a área da calçada. Quando é uma obra simples, do próprio proprietário, geralmente ele não se preocupa em fornecer um caminho alternativo, ou seja, você é forçado a desviar seu caminho pela rua, o que é perigoso. Quando se trata de empresas maiores, ou obras públicas, geralmente esse caminho alternativo é criado, demarcando uma passagem cercada por cones e fitas.
Mas nos deparamos com outro problema, pois na grande maioria das vezes, não é pensado na acessibilidade para esse caminho alternativo, então o desvio é feito saindo da calçada, e voltando de novo à ela, mas sem uma rampa para que um cadeirante tenha condições de acesso. Uma rampa móvel e provisória deve ser colocada nesses casos, é um produto de baixo custo e fácil instalação, mas que as empresas não tem costume de utilizá-la, e esse comportamento é conhecido como acessibilidade atitudinal, onde a solução existe, mas não é aplicada pela falta de atitude em relação à acessibilidade.
Eu considero que existem outros tipos de interdição de calçada, como por exemplo, cavaletes de restaurantes exibindo suas ofertas de refeição, colocadas na calçada. Mesmo que o cavalete não tome todo o espaço da calçada, isso atrapalha a passagem, sem contar que isso não é permitido legalmente, pois a calçada não é lugar para propaganda. Há outros materiais que colocam na calçada, quase sempre com uma intenção de propaganda, como aqueles bonecos de posto de gasolina e oficinas, totens e cartazes.
Também não é difícil encontrar bares e restaurantes que colocam mesas externas aos seus clientes. Essa prática é permitida, mas é necessário que o estabelecimento consiga uma permissão com a prefeitura, e além disso, é necessário deixar uma faixa livre de passagem de pedestres, com no mínimo 1,20m de largura, e pintar uma faixa no chão, mostrando até onde as mesas e cadeiras podem avançar, sem que invadam o espaço do pedestre.
Mesmo quando tudo isso é feito, muitas vezes os próprios clientes se espalham e acabam tomando conta da calçada, e o bar ou restaurante dificilmente controlam essa invasão. Nunca ninguém se recuso a me dar espaço de passagem nesse tipo de caso, mas às vezes é necessário fazer uma grande operação, levantando várias pessoas, e até tirando as comidas da mesa para poder afastá-la. Algumas pessoas não tem noção de espaço, e daí dão uma pequena afastada na cadeira, que não é suficiente para eu passar, daí eu tenho que pedir de novo, e quem sabe uma nova afastada ainda não sirva, e daí ficar nessa insistência é bastante desagradável.
Outra interdição temporária, acontecia em São Paulo, na moda dos patinetes e bicicletas de aluguel. Eles estavam espalhados pela cidade, eram alugados via aplicativo, e não tinham pontos específicos para pegar ou largar, e com isso as pessoas largavam em qualquer lugar, até no meio da calçada! Isso era uma atitude sem noção, mas felizmente essa modalidade de transporte acabou, não existem mais patinetes de aluguel, e as bicicletas de aluguel, tem estações próprias onde devem ser pegas e devolvidas, deixando tudo mais civilizado.
Muito do que coloquei aqui, é uma falta da adequação do comportamento, para lidar com a diversidade das pessoas com deficiência. Por isso, muitas empresas me procuram para justamente, dar um treinamento de comportamento, que serve para atender clientes com deficiência, ou na convivência do trabalho, onde existem outros trabalhadores com deficiência, ou para conscientizar que o mundo atual é diverso, e que não há como ignorar esse público. Também oriento isso em minhas consultorias, ensino isso em meus cursos online e palestras, mas você pode ver diversos exemplos de comportamento inclusivo também no meu Instagram e no meu canal do YouTube.
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