Proteger e conservar a acessibilidade. As tecnologias assistivas, que são os equipamentos voltados para a acessibilidade, muitas vezes precisam de cuidado e manutenção para sempre estarem funcionando sem nenhum tipo de problema. Infelizmente, muitos locais dão pouca importância à proteção e conservação. Equipamentos eletrônicos como elevadores e plataformas, requerem uma atenção maior, pois caso alguma coisa esteja errada, pode representar uma situação de perigo, ou na sua inutilização temporária ou até permanente.
Certa vez, um representante técnico de uma fabricante de plataformas para ônibus, me contou que a orientação da fábrica, era que o equipamento fosse acionado pelo menos duas vezes por dia, mesmo que não houvesse passageiros. Afinal, assim como um carro que não pega se ficar vários dias sem ligar, isto também pode acontecer com a plataforma, sem contar com a sujeira que pode ir acumulando nas engrenagens, e seu excesso pode acabar travando o funcionamento.
Há casos, onde o projeto de acessibilidade, coloca esses equipamentos em lugares desprotegidos, algumas vezes a céu aberto, sofrendo a ação da natureza, como vento, poeira e chuva, como é o exemplo no vídeo, do Eataly São Paulo. Tudo isso vai enfraquecendo o equipamento, por mais que ele seja à prova d’àgua, esses fatores da natureza acabam sendo uma agressão diária. Isso sem contar com a sujeira que acaba se acumulando, então o local precisa fazer uma limpeza diária, o que dificilmente é feita.
Quando esse equipamento fica exposto em uma área de livre circulação, a coisa piora, pois fica sujeito também a ações de vandalismo, ou mesmo serem usadas por moradores de rua como abrigo. Já passei por lugares, onde encontrei lixo e um forte odor de urina.
Os fabricantes de plataformas também oferecem as plataformas com proteção, como se fosse uma cabine, com transparentes com paredes de vidro ou fechadas com paredes de ferro. As plataformas descobertas são mais indicadas para ambientes internos, onde a proteção não se faz tão necessária, uma vez que já estão protegidas pelas paredes e teto do estabelecimento.
Eu considero um erro fazer projetos com plataformas externas sem proteção. Não um erro na questão da acessibilidade, pois pode estar tudo adequado, mas um erro na questão da manutenção dessa acessibilidade, e dos problemas que inevitavelmente irão surgir. E vou mais além, e sempre digo para evitar esses equipamentos eletrônicos. Pegando como exemplo o mesmo local apresentado no vídeo, a diferença de nível não é tão grande assim, a escada possui 5 degraus, o terreno é bem espaçoso, então a melhor solução era colocar uma rampa, pois o custo seria bem menor, tanto na instalação como na manutenção, e não teria problemas de enguiçar. Não é o caso dessa plataforma, mas muitas não oferecem autonomia, e ficamos na dependência de um funcionário para acionar o equipamento, e com a rampa, temos a liberdade de ir e vir, se não inventarem de colocar um portão, é claro.
Novamente, deixo aqui uma lição do meu conceito de Acessibilidade Funcional, onde aponto as soluções de acessibilidade, baseada em exemplos práticos. A acessibilidade estava correta, e funciona, mas seu tempo de vida acaba sendo abreviado e os custos aumentados. Não é exatamente correto dizer que não funciona, mas não é vantajosa, seja para o usuário como também para o estabelecimento. Então até imaginei em criar um outro conceito, chamado “Acessibilidade Vantajosa”. Essa é a visão, que eu passo através de minha experiência, em meus cursos, aulas, palestras e treinamentos.
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