Ricardo Shimosakai é Consultor Especializado em Acessibilidade e Inclusão e também criador da Turismo Adaptado, divulga seu conceito Acessibilidade Funcional através de cursos, palestras e matérias e também criou o Projeto Autonomia junto com Mylena Rodrigues, outra especialista no assunto que possui baixa visão. Veja neste capítulo, as dicas para uma viagem acessível em São Paulo
Turismo acessível em São Paulo
A capital paulista não é somente a maior do Brasil, mas também a cidade brasileira mais acessível. Iniciamos as nossas dicas citando dois parques que, por oferecerem vários locais de visitação, podem ser considerados complexos turísticos; o parque da Luz, conhecido também como Jardim da Luz, e o parque Ibirapuera.
O Jardim da Luz tem uma vantagem sobre o Ibirapuera, pois é possível ir para o local de metrô. A Estação da Luz, bela, é praticamente dentro do parque. “E ainda tem esse componente fantástico histórico, a estação foi inaugurada em 1867. Lembra muito as linhas arquitetônicas europeias, seu projeto original é inglês. O ponto alto é a Torre do Relógio, mas todo o complexo é muito bonito”, diz Shimosakai.
O Jardim da Luz por si só já é um atrativo. Originalmente criado como um horto botânico, foi aberto à visitação em 1825 como Jardim Público da Luz. O local possui área para apresentações, coreto, playground, espelhos d’água, uma gruta com cascata, aquário subterrâneo, equipamentos de ginástica, pista de corrida, paraciclos, mirante, ponto de bonde, lagos, chafariz, além de uma exposição permanente de esculturas, bosque da leitura e o museu Casa do Administrador. No jardim é possível encontrar várias espécies de árvores, além de 67 espécies de pássaros e animais.
São realizadas visitas acompanhadas por educadores especializados, com base na seleção de obras do acervo. Foi elaborado um exclusivo catálogo adaptado, impresso em tinta e braile. Intérpretes de Libras também estão à disposição. É necessário um agendamento para o PEP, pelo telefone (11) 3324-0945.
Vale ainda lembrar que o complexo apresenta o Museu da Língua Portuguesa, que foi destruído parcialmente por um grande incêndio, mas que está sendo reconstruído, com previsão de reabertura para junho de 2020. Por ter como tema um patrimônio imaterial, o Museu faz uso da tecnologia e de suportes interativos para construir e apresentar seu acervo. O público é convidado para uma viagem sensorial e subjetiva pela língua, que inclui filmes, audição de leituras e diversos módulos interativos. Assim, de forma dinâmica, lúdica e envolvente, o Museu da Língua Portuguesa apresenta o nosso idioma como uma manifestação cultural em constante construção.
Já o Parque do Ibirapuera, é um dos locais mais visitados por turistas que vão a São Paulo. “São muitas manifestações culturais, eventos pelo ano todo, além, claro, de proporcionar a prática esportiva para quem tem interesse. Apesar de não ter uma estação de metrô perto, o local reserva vagas determinadas para pessoas com deficiência no seu estacionamento e a fiscalização no local é rígida”, comenta Shimosakai.
Ele destaca dentro do complexo três visitações que considera imperdíveis: o Planetário, o Museu Afro Brasil e o Museu de Arte Moderna (MAM). O Planetário Professor Aristóteles Orsine foi o primeiro construído no Brasil, seu prédio é um importante patrimônio histórico, científico e cultural, abrigando regularmente sessões abertas ao público. Já o Museu Afro Brasil destaca a perspectiva africana na formação do patrimônio, identidade e cultura brasileira, celebrando a memória, história e a arte brasileira e a afro-brasileira.
Saindo dos parques, mas ainda destacando museus, Shimosakai recomenda uma visita ao Museu do Futebol. O local é prato cheio para os amantes do “esporte bretão”, com exposições, informações e curiosidades.
Em termos de acessibilidade, o Museu oferece: gratuidade de ingresso para a pessoa com deficiência e um acompanhante; acesso a todos os andares por meio de escadas rolantes e elevadores; banheiros acessíveis; telefones para surdos; audioguia para pessoas cegas ou com deficiência visual; piso tátil por toda a extensão da exposição; maquetes táteis e imagens em relevo; catálogo do Museu do Futebol em braile com audiolivro, disponível para consulta na Biblioteca do Centro de Referência do Futebol Brasileiro do Museu; jogos e materiais acessíveis disponibilizados em atividades educativas; vagas exclusivas para pessoas com deficiência no estacionamento da Praça Charles Miller.
Outro local muito visitado na capital paulista é o Aquário de São Paulo. Inaugurado em 2006, no bairro do Ipiranga, foi o primeiro aquário temático da América Latina. O local exibe espécies de peixes, répteis e mamíferos que habitam diversos ecossistemas, como a Floresta Amazônica, o Pantanal e a Bacia do Rio Tietê, além de animais de fora do país, tudo com muita acessibilidade. O piso é plano, os corredores amplos, também possui elevadores e restaurantes e banheiros adaptados. Pessoas com deficiência não pagam entrada.
A Avenida Paulista, talvez o mais famoso cartão postal paulistano, é um complexo urbano com muitas oportunidades. Há diversas atrações ao longo da avenida, como o Masp, Itaú Cultural, Livraria Cultura, Centro Cultural Fiesp, Casa das Rosas e o Instituto Moreira Salles. É de fácil locomoção pelo fato de ela ser toda reta, com piso tátil em sua extensão, contando com rebaixamento de guias e também servida pela linha verde do Metrô.
Uma ciclovia na sua parte central, permitida também para cadeirantes, facilita o deslocamento. A avenida também é bloqueada para o trânsito nos domingos, tornando-se um imenso local de lazer. “Chamo atenção apenas para que cadeirantes tenham cuidado nas transversais. Como a avenida está no topo de um morro, suas perpendiculares têm alguma inclinação, é necessário ter cuidado com esse detalhe”, fala Shimosakai.
Local também imperdível para visitação, especialmente para aqueles que gostam de arquitetura e história, é o Centro Histórico de São Paulo. Sua grande área entre as praças da Sé e da República, caminho esse dividido ao meio pelo Vale do Anhangabaú, proporciona visuais fantásticos e uma série de marcos históricos, como, o Mosteiro de São Bento, o Pátio do Colégio, local da fundação da metrópole, o edifício Martinelli e tantas outras edificações que te fazem voltar no tempo! “O local é de fácil acesso pelo metrô, e o piso, apesar de um pouco irregular, permite ao cadeirante explorar o local. Temos também o piso tátil por boa parte de seus caminhos.
E para quem gosta de cultura, recomendo uma visita ao Centro Cultural Banco do Brasil, totalmente acessível e com exposições por todo o ano”, diz Ricardo. Vale ainda lembrar que nenhuma cidade brasileira oferece a diversidade cultural de São Paulo. Nesse quesito, destaque para vários teatros acessíveis, como: Fiesp, Raul Cortez, Sérgio Cardoso, Vivo, Net, Credicard Hall e Citibank.
Além de apresentarem acessibilidade para a pessoa com deficiência física, muitas peças trazem os recursos de audiodescrição e intérpretes de Libras. Mas Shimosakai chama atenção para um aspecto importante. “Não são as salas que oferecem esses recursos, mas sim quem produz as peças. Nesse cenário, é importante ligar para o teatro antes para saber o que estão oferecendo”.
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Fonte: Revista D+
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