Rodinha dianteira quebrada. Este artigo tem a intenção de alertar aos usuários de cadeira de rodas para imprevistos graves do equipamento. Foi baseado em uma experiência que tive enquanto estava hospedado em um Resort no interior de São Paulo, realizando pesquisas de campo sobre a acessibilidade em meios de hospedagem, parte do meu trabalho de Mestrado em Turismo pela Universidade de São Paulo, mas que também irá se tornar uma consultoria em acessibilidade e inclusão, pois o local achou interessante e importante as orientações prévias que eu passei sobre as melhorias do local.
Rodinha dianteira quebrada
Eu tinha acabado de almoçar e estava voltando para o quarto, quando percebi que a cadeira estava muito pesada para empurrar. Fui dar uma checada, pois às vezes isso é causada por causa do pneu vazio ou até furado, situação que eu também já passei e até produzi um artigo em Pronto socorro de pneu furado. Prevenindo e solucionando imprevistos. Foi então que eu percebi que minha roda dianteira esquerda estava torta e raspando no garfo.
Apesar do título deste artigo ser Rodinha dianteira quebrada, na verdade a roda não quebrou, mas soltou um parafuso de um dos lados do eixo central, que é uma espécie de tubo que passa pelo meio da rodinha e sustenta ela. Por causa disso, esse eixo estava saindo, e daí perdeu a sustentação. Mas o procedimento que eu faria seria o mesmo se a rodinha tivesse quebrado, na verdade para quase qualquer imprevisto que tivesse com minha cadeira de rodas.
Eu pedi para o funcionário do Resort, para chamar alguém para me buscar de carro, o que eles já faziam normalmente, pois o local é grande e há um serviço de transporte interno. Eu não podia andar com a rodinha dianteira quebrada, pois isso sim, poderia quebrar o equipamento. Eu fui até à recepção e pedi de eles podiam me ajudar, se a equipe de manutenção do resort teria algum parafuso semelhante para repor. Quando o rapaz da manutenção veio, eu disse para ele tirar a roda e o eixo com o parafuso restante, para facilitar na procura de um parafuso substituto.
Fiquei parado no lugar, pois conseguia me equilibrar em 3 rodas, duas traseiras e uma dianteira. Na verdade até conseguia andar, mas bem devagar no piso liso e plano da área da recepção. O rapaz da manutenção estava demorando bastante, e acabei indo para o quarto, que era no térreo e perto da recepção. Depois de um bom tempo, ele bateu na porta do quarto e pedindo desculpas, disse que não achou aquele tipo de parafuso. Na verdade ele não entendeu o que era pra fazer, que era fazer um reparo provisório, só para eu conseguir andar, como se fosse um curativo. Eu ensino como lidar com crises e emergências de acessibilidade em meus treinamentos.
Como eu já estava voltando pra casa, depois do almoço eu ia só fazer o check-out, conversar com o gerente sobre algumas propostas e depois pegar meu carro e ir embora, então não fui buscar outra alternativa no local para arrumar a rodinha dianteira quebrada. Eu tenho uma cadeira de rodas reserva em casa, que já me ajudou em outros apuros, e daí peguei o parafuso da dessa cadeira de rodas reserva e coloquei na cadeira de rodas titular.
Se eu fosse ficar mais dias por lá, como não conseguiram me ajudar no Resort, eu pegaria meu carro e iria para o centro da cidade, numa loca de ferragens, parafusos, e com certeza encontraria alguma coisa, e quem sabe até o parafuso perfeito. Em minhas palestras dou outros exemplos das dificuldades que já passei em viagens.
Uma amiga disse que eu deveria andar com parafuso reserva, mas acho que não é a melhor opção. Qualquer parte da cadeira de rodas poderia soltar ou quebrar, não só a rodinha dianteira quebrada, então para eu ter uma ótima prevenção, teria que andar com um arsenal de peças, o que seria muito difícil. Acho que melhor do que isso, é estar preparado para lidar com os mais diferentes tipos de problemas, primeiro manter a calma e depois achar uma solução, mesmo que provisória.
Como prevenção, o melhor a fazer é realizar revisões periódicas na cadeira de rodas, assim como se faz com um carro, com revisões a cada 12 meses ou 10.000 quilômetros. Além de manutenções mais breves, como calibrar os pneus, fazer a retirada de pelos e fios nas rodinhas dianteiras, passar lubrificantes nas áreas articuladas, limpar a poeira, terra e sujeira para não desgastar as peças. Uma vez eu fiz um curso de Manutenção de Cadeira de Rodas, e todo cadeirante deveria ter no mínimo um conhecimento básico de manutenção, prevenção e reparos. Para quem tiver interesse, há outros cursos disponíveis.
Abaixo tem um vídeo que reuni, contando sobre o episódio e havia postado nos stories do meu instagram. Mas agora também estará disponível em meu canal do YouTube. No meu blog há outras matérias muito interessantes sobre viagens além da acessibilidade e inclusão em geral.
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