Passando a sonda na rua. Diversas pessoas possuem incontinência urinária, que é a incapacidade de segurar a urina na bexiga. Isso é bastante comum em alguns tipos de deficiência, como aqueles que possuem lesão medular. Para lidar com o escape da urina, existem alguns modos de contenção como remédios e fraldas, mas aliviar a bexiga periodicamente é muito importante, para evitar o desconforto e doenças como infecção urinária.
Existem duas alternativas principais para lidar com a retirada da urina da bexiga sem controle próprio, que são o coletor e a sonda uretral. O coletor é usado para aqueles que tem a válvula de controle de saída da urina (chamado de esfíncter) muito frouxo, e por isso a urina sai com facilidade. Então o coletor é uma bolsa, que se conecta na região do órgão genital.
Aqueles que utilizam a sonda uretral, também chamada de cateter, sonda vesical ou sonda de alívio, precisam ir ao banheiro quando sentem a bexiga inchada, ou alguns tem horários pré-definidos para realizar o procedimento, muitas vezes indicado a cada 4 horas. A sonda uretral é como uma mangueira flexível, de aproximadamente 40 cm para homens, e 20 cm para mulheres, que é introduzido pela uretra, canal por onde sai a urina, com o auxílio de um lubrificante. A urina é desprezada em uma garrafinha ou outro recipiente externo, para depois ser jogado no vaso sanitário.
Para cadeirantes, é possível fazer esse procedimento na própria cadeira de rodas. Então, apesar do banheiro ser o lugar mais adequado, por questões de privacidade e higiene, ele não é totalmente necessário. Em várias situações, onde o banheiro tinha difícil acesso, eu optei por escolher um local privativo, como uma sala ou quarto, pois como disse anteriormente, consigo fazer o procedimento sozinho na minha própria cadeira.
No Carnaval, os banheiros químicos além de muito sujos, muitas vezes não são acessíveis, e por esses motivos, passar a sonda na rua pode ser a melhor opção
Em outra situação, quando estou andando pela rua, quando percebo que está na hora de ira ao banheiro, fico de olho em estabelecimentos públicos onde eu possa utilizar o banheiro, como shopping centers, supermercados ou lojas de departamento. Caso não encontre locais de livre acesso ao público, ainda tento pedir a hotéis, restaurantes, escolas, explicando a minha necessidade, e pedindo a permissão para utilizar o banheiro.
Na maioria das vezes, resolvo dessa maneira, mas já tive experiências onde não encontrava nenhum local para me ajudar, como uma vez que estava em viagem, numa cidade pequena com poucas opções, e num dia de feriado, onde os locais estavam fechados. Me encontrei sem opções, mas tinha que resolver isso de alguma forma, para não me sujar e não contrair uma infecção, fora o desconforto da pressão da bexiga estufando o abdômen.
Foi então que pensei, que se a única coisa que preciso é privacidade, então poderia ser discreto encostando em um canto onde as pessoas não me enxergariam de frente, e ainda cobriria o local de procedimento com um agasalho que sempre carrego em minha mochila. Passei totalmente despercebido das pessoas e ainda resolvi meu problema.
É claro que na primeira vez, havia um constrangimento, pois não é algo comum de se fazer. Mas era necessário diante da situação, e agora caso seja necessário, já faço sem nenhum sentimento de culpa. Inclusive, já aproveitei esse mesmo procedimento para esvaziar a bexiga em eventos, aviões, ônibus turísticos e no meu próprio carro. Isso não é algo que seja orientado em centros de reabilitação, e nem passado como uma dica por seus colegas, por isso aprendi a fazer sozinho. E como já me ajudou em diversas situações, quero compartilhar minha experiência, para aqueles que também possuem incontinência urinária, mas também para que fisioterapeutas, amigos e familiares de pessoas com deficiência indiquem essa prática, pois garanto que isso vai ajudar a proporcionar uma vida mais livre e ao mesmo tempo saudável.
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