Obstáculos tornam a acessibilidade impossível. Algumas falhas são graves ao extremo!

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

29 de dezembro de 2021

Obstáculos tornam a acessibilidade impossível. Eu costumo dizer que é praticamente impossível dar uma volta no quarteirão sem encontrar no mínimo uma falha de acessibilidade. Normalmente encontramos várias, e até apelidei este teste como 100 metros com barreiras. Alguns obstáculos, infelizmente já estamos até acostumados, e por isso alguns já desenvolveram habilidades para enfrentá-los, como por exemplo, calçadas com pisos irregulares.

Outros obstáculos já são mais difíceis, mas mesmo assim existe alternativas para contorná-los, ainda que seja bastante desagradável. A falta de rebaixamento nas guias de calçada é um bom exemplo, pois mesmo que tenhamos que procurar um outro ponto para descer o subir da calçada, o que pode nos forçar a andar pela rua por um trecho, ainda existe uma alternativa, apesar de não ser fácil ou estar correta.

Mas há situações, onde o obstáculo cria uma situação exageradamente difícil. Não digo impossível, pois tudo é possível de alguma forma. Porém, a solução de uma situação que coloco como grave, deve demandar um esforço muito grande, gastar muito tempo, ou pode até mesmo apresentar algum tipo de perigo, de forma que fazendo uma avaliação, chegamos à conclusão que não vale a pena querer buscar alternativa, e acabamos desistindo.

O caso apresentado no vídeo é um caso grave que presenciei numa viagem que fiz à Juiz de Fora em Minas Gerais, onde dei uma palestra na 11° Semana do Turismo da Universidade Federal de Juiz de Fora. Numa manhã depois do evento, fui querer explorar a cidade no entrono do hotel, foi quando eu percebi que estava meio preso, devido a falta de acessibilidade do local. O hotel se chama Trade Hotel e tem acesso somente pela Av. Presidente Itamar Franco. Você só pode ir pra a direita ou para a esquerda, uma vez que no canteiro central da avenida, há muretas e grades que impedem o pedestre de atravessar.

Obstáculos tornam a acessibilidade impossível. Foto mostra o final de uma ponte, com uma calçada estreita, e a visualização da rua extensa e inclinada, sem pontos de travessia de pedestres, enquanto a calçada não tem rebaixamentos de guia, e possui vários postes no meio da passagem.

Na direção esquerda, há uma forte inclinação, sem grandes problemas para descer, mas que na volta iria exigir um bom esforço da pessoa. O ponto de travessia da rua era distante, que a vista nem conseguia alcançar. Na direção direita, há uma ponte sobre uma outra avenida, e a calçada nela é muito estreita e com muretas de separação da rua. Se dois cadeirantes de encontrassem no meio da ponte, um deles teria que voltar, pois seria impossível passar duas cadeiras de rodas naquela largura.

Como se isso não bastasse, no meio do caminho também há um poste. Somente agora, escrevendo este artigo, onde fui procurar saber a função do poste através de imagens no Google Maps, é que descobri que se trata de um poste de iluminação e que não está exatamente na ponte. O poste está um pouco depois da ponte, mas de qualquer forma isso não anula o problema.

A calçada continua estreita, e do outro lado a situação piora pois há vegetação atrapalhando o caminho, e uma sequência de vários outros postes. Já não há mais muros ou cercas, na calçada ou no canteiro central, porém isso não ajuda em nada também, pelo menos para um usuário de cadeira de rodas, uma vez que não há rebaixamentos na calçada e nem passagem pelo canteiro central. O ponto de travessia mais próximo fica muito distante, impossível de enxergar, além de uma inclinação, mas que de qualquer forma, não seria muito difícil continuar o trajeto pelas condições sem acessibilidade.

Não é difícil criar melhoras para essa situação. Criar uma travessia de pedestres em frente ao hotel seria uma ótima opção, até porque há um ponto de ônibus bem em frente ao hotel, só que do outro lado. Nem é preciso retirar toda a mureta e grade, é só abrir um espaço no meio dela e sinalizar o local. Ajudaria muito também, o fluxo para um Shopping center vizinho ao hotel. Quem sabe muitos pedestres nem reclamam tanto, pois conseguem atravessar irregularmente, pois em um pequeno trecho após o shopping center, só ficaram as muretas sem as cercas, então quem consegue andar, também consegue pular o muro que é baixinho, mas para quem usa uma cadeira de rodas, isso é impossível. Esse planejamento urbano não foi pensado com acessibilidade para o cidadão que mora na cidade, nem para o turista.

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