Influenciadores Digitais com deficiência. A inclusão através da internet.

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

22 de julho de 2022

Influenciadores Digitais com deficiência. No meu caso, eu passei a estar presente nas mídias digitais desde 2002, sem nenhuma intenção comercial, mas como eu tinha uma câmera digital, uma Sony Mavica que usava cartões floppy de 1,44 MB, então eu colocava as fotos que eu tirava nos encontros com amigos, num blog para facilitar o compartilhamento. Em 2003 passei a escrever sobre meus passeios, como forma de incentivo a colegas com deficiência, e no ano seguinte quando passei a ter um objetivo profissional, criei o blog www.turismoadaptado.zip.net (que não existe mais). Foi o primeiro blog brasileiro de turismo acessível e também um dos primeiros a falar sobre acessibilidade e pessoa com deficiência.

A coisa foi dando certo e trazendo resultados, então resolvi mudar para a plataforma WordPress, versão gratuita, para melhorar a qualidade do conteúdo e do controle. Mas o progresso era crescente, então passei a investir, indo para a versão paga, e depois contratando um programador para deixar o site com o visual e estrutura que eu quisesse, cuidar de atualizações e problemas inesperados e realizar otimizações constantes. Durante essas etapas, também fui aderindo às redes sociais, começando pelo Orkut, e depois seguindo para o facebook, twitter, LinkedIn, Instagram, YouTube, Pinterest e recentemente tiktok e Kwai.

Em 2019, mudei minha estratégia profissional, e passei a me apresentar como um profissional autônomo, então meu site e blog passaram a ter o domínio www.ricardoshimosakai.com.br assim como minhas redes sociais também com o meu nome. Não descartei o Turismo Adaptado, pois ele ainda é bastante conhecido e tem muita relevância, muitas pessoas me conhecem por esse projeto e ainda sou muito procurado para fazer trabalhos e dar palestras nessa área. Então o Turismo Adaptado passou a ser um serviço de Ricardo Shimosakai, e não o nome da empresa.

Eu considero a internet o melhor custo-benefício de investimento, pois consigo ter indicadores das pessoas e empresas que procuram meu trabalho. Grande parte, no primeiro contato, já referenciam de onde pegaram meu contato, e geralmente é no meu blog e site. As redes sociais também dão um bom retorno, direta ou indiretamente, servem mais como uma vitrine ou cartão de visita, pois quando querem saber mais do que viram nas redes sociais, procuram meu site. Várias empresas que procuravam serviços de acessibilidade e eventos onde palestrei, me encontraram através de buscas no Google.

Mas não basta ter site e perfis na internet, tem que ser atrativo ao público, pois atualmente já há centenas de pessoas postando sobre o assunto, mesmo que seja um nicho específico. Então passei a estudar sobre estratégias digitais, e adotei algumas ações importantes, como bons materiais com imagens e textos atrativos, quantidade e regularidade das publicações, presença multicanal e utilização de material próprio.

No primeiro blog, eu publicava diariamente, mas pegava notícias de acessibilidade e inclusão no Google e repostava. As regras da internet foram mudando, e depois de um tempo, copiar material de terceiros já não era tão fácil, e as regras passaram a punir quem faz isso sem autorização. Então passei a publicar somente material próprio, entre textos escritos, fotos tirada e vídeos gravados. Felizmente, eu sempre gostei da parte audiovisual, e já trabalhei nessa área, então eu mesmo produzo esse material, fazendo as fotos e vídeos e editando.

Meu público alvo são as empresas, pois são elas que me contratam para os serviços de acessibilidade. Mas também trabalho com as pessoas físicas, através dos meus cursos online e do acervo digital, por exemplo. As pessoas com deficiência são muito importantes, pois geralmente são elas que comentam, curtem e compartilham minhas postagens, o que gera uma autoridade muito grande, pois praticamente todos os comentários são positivos, dizendo que eu estou certo ou ajudando com informações complementares.

Essa exposição na internet, me fez ser conhecido, e daí frequentemente surgem mídias espontâneas, convidando para entrevistas e matérias. Então já me chamaram para todas as emissoras de televisão aberta, mais outras televisões por assinatura, no Brasil e exterior. Dei entrevistas em rádios, fui matéria em jornais e revistas, e até servi de personagem para decoração em estandes de eventos. Participei de grandes programas como o Shark Tank da Sony, Como Será da Globo e a BBC de Londres.

Minha Influência no mundo digital, chamou a atenção de empresas que me procuraram para divulgar seus produtos e serviços. A Coloplast, Green Innovation, Vale, Accor, Senac, Cervejaria Colorado, SEBRAE, Reatech, Beto Carrero World foram algumas da dezenas de empresas anunciantes, de diferentes segmentos para variados objetivos.

A sociedade aos poucos está tirando a pessoa com deficiência de uma bolha de segregação, e cada vez mais colocando-a como parte ativa junto aos outros. Eu cada vez mais vejo diversos comerciais onde há pessoas com deficiência participando, e algumas com maior destaque, influenciando também pessoas que não tem deficiência. Eu mesmo, em minhas postagens sobre passeios e viagens, percebo que tenho uma ampla influência, até de pessoas que não tem nenhuma relação com a acessibilidade, mas que estão curtindo, compartilhando e comentando puramente pelo interesse na temática do turismo. Tudo isso é muito bom, pois gradativamente as pessoas vão percebendo o valor da pessoa com deficiência, e mesmo sem perceber vão achando normal e até bastante agradável conviver com essas pessoas.

Karina Mendes Servigne, estudante do Curso de jornalismo da Faculdade Paulus de Comunicação – FAPCOM, elaborou seu Trabalho de Conclusão
de Curso, modalidade documentário, como requisito parcial para a finalização da disciplina Pesquisa e Elaboração de Projetos, do 7º semestre do curso. O projeto de pesquisa ‘‘O papel social do influenciador digital com deficiência no Brasil’’ tem como objetivo principal identificar a representação e a importância para a sociedade do trabalho e o papel social do influenciador digital com deficiência.

O estudo se mostra relevante, acadêmica e socialmente, por possibilitar a reflexão de como o lugar de fala, ou seja, a ocupação de espaços de luta, é crucial para retirar um grupo do silenciamento e da invisibilidade midiática, mensurando em que medida o trabalho desses influenciadores pode impactar positivamente as pessoas com deficiência. O referencial teórico contempla três campos do conhecimento, a inclusão das pessoas com deficiência; jornalismo e as teorias do documentário; e os influenciadores digitais.

Para alcançar o objetivo proposto, esta pesquisa recorre a dois procedimentos metodológicos qualitativos, o levantamento e a revisão sistemática da literatura nos campos do referencial teórico, e a pesquisa documental em leis, portarias e políticas públicas de inclusão da pessoa com deficiência. O produto final do Trabalho de Conclusão de Curso, objeto deste pré-projeto, será um documentário que pretende compartilhar as histórias e as experiências dos influenciadores com deficiência, evidenciando a importância de seu trabalho para as pessoas com deficiência que buscam lugar de fala e reconhecimento.

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