Parque Beto Carrero World
Inaugurado em 1991, na cidade de Penha, Santa Catarina, o parque foi desenvolvido em uma área de 14 milhões de metros quadrados. O Beto Carrero World gerou milhões em investimentos e incentivou o desenvolvimento econômico de toda a região.
Desafios
- rAdequar a informação, de modo que todos saibam das oportunidades e restrições que o parque oferece
- rAdaptar os brinquedos de forma que seja acessível e ao mesmo tempo sigam as normas de segurança
- rCapacitar os funcionários para um atendimento inclusivo e funcional para diferentes tipos de público
- rTrabalhar a acessibilidade e inclusão em estabelecimentos e serviços não são pertencentes ao parque, mas que influenciam na experiência do visitante
Soluções
- RVisita técnica ao parque como cliente oculto, na alta temporada, passando em todos os locais para avaliar a realidade das instalações e atendimento
- RAnálise segmentada da acessibilidade e inclusão dos diferentes setores do parque, entre brinquedos, espetáculos, exposições, alimentação e serviços
- RAvaliação da acessibilidade no entorno, como aeroporto, transporte, hotéis e restaurantes, que tem influência indireta para fazer uma adequação completa
- RElaboração de um guia, com todas as informações relacionadas à acessibilidade
- RCapacitação dos funcionários de todas as áreas, para lidar com o visitante com necessidades específicas
- ROrientações para a adequação dos brinquedos atuais, e para aquisição de novos brinquedos já com acessibilidade
- ROrientações de marketing e campanhas promocionais para atrair o público com necessidades específicas e valorizar as ações para a sociedade em geral
- RReposicionamentos dos blocos de mesas e cadeiras da área de alimentação, para dar condições de aproximação de visitantes em cadeira de rodas e pais com carrinhos de bebê
- RImplantação de banheiros acessíveis exclusivos, unissex e com trocadores de bebês
- RPlanejamento para entrada e posicionamento de espectadores com necessidades específicas nos teatros, cinemas e auditórios
Como o parque possui brinquedos e características muito particulares, coloquei a importância de fazer uma visita técnica para conhecer de perto o que o local oferecia. Além disso, também a importância de um bom atendimento, então seria importante a capacitação de todos os funcionários, pois direta ou indiretamente, eles teriam algum contato com o público com deficiência, mobilidade reduzida e as questões de acessibilidade.
Porém, a capacitação dos funcionários não seria possível na mesma data da visita técnica, pois na alta temporada os funcionários não teriam disponibilidade para passar por um treinamento. Então a capacitação foi agendada para uma outra data, na baixa temporada, onde inclusive o parque não abre todos os dias ao público, mas funciona para fazer manutenções e receber outras atividades internas.
Antes de entrar, fiz questão de olhar a área de estacionamento, para verificar as vagas de estacionamento reservadas, e o trajeto até a entrada. Como há um funcionário permanente para organizar a logística do estacionamento, este também pode controlar as vagas reservadas, e ajudar ao passageiro caso tenha necessidade. Importante um treinamento para auxiliar a montar a cadeira de rodas, na transferência do carro para a cadeira de rodas, e para guiar visitantes cegos.
Para a entrada no parque, bilheterias acessíveis com atendimento preferencial, e uma entrada diferenciada, para evitar as filas, e com um tamanho maior, para dar passagens a cadeira de rodas e carrinhos de bebês. Logo depois da entrada, existe uma base onde você pode pegar emprestado cadeiras de rodas manuais, ou alugar carrinhos motorizados (scooters) para ter maior facilidade em circular por todo o parque que é enorme. Apontei as necessidades de verificar a acessibilidade para as scooters, pois tem características diferentes de uma cadeira manual.
Dependendo do brinquedo e da habilidade do visitante, é possível que ele consiga entrar sozinho. Em alguns brinquedos eu consegui fazer a transferência sozinho, mas em outros eu precisei de ajuda. Tanto aqui, como em parques internacionais, não está indicado que os funcionários auxiliem em procedimentos complexos, ficando isso como tarefa do acompanhante. Pois as necessidades são diversas, muitas vezes precisando conhecer bem a pessoa, pois algo diferente pode dar errado. Uma questão de segurança. Mas também há brinquedos totalmente acessíveis, onde é possível entrar com a cadeira de rodas, e sem ajuda.
A praça de alimentação é enorme, com diversos tipos de restaurante, dentro de uma estrutura com aparência de um circo. A principal orientação que passei, foi em relação às mesas. Na verdade, são blocos de mesa e 3 cadeiras fixas, 2 de cada lado em uma única estrutura. Havia uma maneira para dar espaço às cadeiras de rodas, que seria dando espaço nas pontas, onde não há cadeiras. Porém, a forma como esses blocos estavam organizados, não deixava espaço suficiente para a aproximação.
Outro ponto bastante importante são os banheiros acessíveis. Para uma visitação no parque, é preciso ficar no mínimo um dia inteiro, apesar que o ideal seja 3 dias. Então inevitavelmente o visitante irá precisar de um banheiro. Orientei para que os banheiros acessíveis estejam espalhados em diversos pontos do parque e sinalizados para que sejam fáceis de encontrar.
Em locais de show e apresentações, além do acesso ao local, mostrei que é preciso ter lugares reservados e espaços para cadeira de rodas e seus acompanhantes. Estes lugares, também precisam ter uma boa visualização do palco ou da tela, sem que o espectador precise fazer grandes esforços para assistir, pois alguns não tem movimentos para buscar um melhor ângulo de visão.
Uma coisa em que o parque leva vantagem, é funcionar praticamente de forma independente. Possui um bastidor enorme, com oficinas para manutenção e criação de materiais, com funcionários próprios. Isso facilita bastante na execução das tarefas.
É importante que o parque também seja acessível para pessoas com deficiência visual e auditiva. Nos brinquedos, isso é relativamente fácil, pois as barreiras físicas não são um impedimento. É na comunicação onde a acessibilidade para surdos e cegos deve estar presente. Então implantar recursos de audiodescrição e Libras nos shows e apresentações, e materiais táteis nos restaurantes e exposições.
A implantação das orientações passadas, estão sendo feitas em etapas, para poder encaixar na logística do parque. Vários procedimentos já foram adotados, alguns requerem um prazo maior. Foi importante mostrar para a diretoria do parque, a maneira de se pensar de modo acessível e inclusivo, para que as escolhas futuras sejam feitas de modo adequado, sem a necessidade de fazer adaptações posteriores.