Desafios da acessibilidade no turismo. Live com Ricardo Shimosakai e Heider Danilo de Oliveira.

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

29 de outubro de 2021

Desafios da acessibilidade no turismo. Esta live foi iniciativa da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), para abordar o turismo acessível, pensando na formação de seus alunos, principalmente aqueles que estão cursando a graduação em turismo da universidade. Foram convidados para compartilhar suas experiências, Heider Danilo de Oliveira e Ricardo Shimosakai.

A live contou com a mediação da professora Silvaci Gonçalves Santiano Rodrigues, professora de Geografia na UNEMAT, graduada em Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual de Goiás. Possui também especialização em Recuperação de Áreas degradadas pela Fundação Educacional Anicuns – Faculdade de Anicuns-GO e Mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Goiás.

A acessibilidade no turismo passa por vários desafios, principalmente pela falta de informação sobre o tema. Há poucos lugares de formação, inclusive nas faculdades e cursos específicos. Então sem profissionais capacitados, o desenvolvimento do turismo acessível acaba sendo bastante difícil.

Ricardo Shimosakai é um profissional especialista em acessibilidade, inclusão e turismo. Bacharel em Turismo pela Universidade Anhembi Morumbi/ Laureate International Universities, trabalha desde 2004 na área. Membro do Instituto Iberoamericano de Turismo Accesible, SATH (Society for Accessible Travel and Hospitality), ENAT (European Network for Accessible Tourism), organizações internacionais de turismo acessível. Consultor, palestrante internacional e docente em cursos de Pós Graduação e MBA na Faculdade Roberto Miranda. Criou a Turismo Adaptado e organizou didaticamente o conceito de Acessibilidade Funcional, onde ensina em seus cursos online.

Ricardo iniciou a live falando sobre como o turismo acessível pode trazer grandes retornos financeiros para quem aplica a acessibilidade e a inclusão de forma correta. Por exemplo, em uma pesquisa da Universidade de Surrey encomendado pela Comissão Europeia, os viajantes na UE que necessitaram de acesso especial, seja por meio de deficiência ou idade, realizaram 783 milhões de viagens na região em 2012, contribuindo com 394 bilhões de euros e 8,7 milhões de postos de trabalho para a economia europeia.

No Brasil também é possível encontrar casos de sucesso para o turismo acessível, como é o exemplo do Parque dos Sonhos, um hotel fazenda na cidade de Socorro, interior do estado de São Paulo. É um complexo turístico onde foi estudado e implantado recursos de acessibilidade para todos os tipos de deficiência, base do sucesso do empreendimento.

Este sucesso se deve também, pela responsabilidade em procurar profissionais qualificados para orientar nas adaptações corretas, e capacitas os funcionários do local para um atendimento inclusivo. Muitos lugares falham, e acabam perdendo tempo e dinheiro, por não dar a devida importância para a acessibilidade, e acabam tentando achar soluções fáceis pela internet sem checar sua real funcionalidade. Ricardo comenta, que até mesmo existem pessoas que se apresentam como profissionais especializados em acessibilidade, mas que às vezes só estudaram bastante a norma, mas que na verdade não conhece a acessibilidade na prática, ou muito menos os hábitos, preferências e dificuldades das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.

Ricardo ainda citou alguns episódios que podem ser acompanhados em mais detalhes, clicando no link dos assuntos. A demora para o desembarque de pessoas com deficiência das aeronaves, e a forma criada para resolver esse problema, criando rampas de acesso quando o embarque ou desembarque é feito na pista do aeroporto. A importância da acessibilidade com autonomia, onde a pessoa com deficiência pode se locomover ou realizar atividades, sem precisar da ajuda de terceiros. Comenta que a acessibilidade precisa ser desmistificada, pois ela é uma facilidade que pode atender a todos, e não somente pessoas com deficiência, como é o caso do elevador. Mostrou a importância dos guias de turismo, capacitados para atender o turista com deficiência de forma inclusiva, segura e confortável, e citou o trabalho de capacitação de guias de turismo em Bonito, no Mato Grosso do Sul. Nesse mesmo assunto, passou a vez para Heider.

Heider Danilo de Oliveira é Bacharel em Turismo pela Faculdade Fafire, Guia de Turismo especializado em Libras e Audiodescrição credenciado pelo Ministério do Turismo atuando desde 1990. Professor Tradutor-intérprete em Libras em cursos de graduação e pós-graduação, eventos de grande porte, congressos, comerciais de tv, teatro, palestras, entre outros. Audiodescritor pela Universidade Federal de Pernambuco. Atende também a turistas no idioma Alemão, Inglês, Espanhol e Esperanto, prestando serviços para turistas vindos de Cruzeiros, agências receptivas, solicitações privadas em diferentes setores do turismo. Coordenador Guest-service em Hotel Resort do litoral sul de Pernambuco.

Heider comentou que turistas surdos, muitas vezes são obrigados a viajar com acompanhantes, que possam fazer a interpretação da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), ou com colegas oralizados e que saibam leitura labial. Isso devido a falta de profissionais capacitados, como foi falado no começo. Explicou que a língua de sinais possui diferenças, entre países, onde geralmente cada país tem sua língua de sinais própria, e mesmo dentro do país, como é no Brasil, existem regionalismos da língua, que no caso são os sinais, assim como acontece na língua falada, onde um mesmo produto pode ser chamado de diferentes formas, dependendo da região.

Na sua apresentação, mostrou seu trabalho como guia de turismo, visitando diferentes destinos, acompanhado turistas com deficiência. Utiliza de recursos materiais e operacionais para atender as necessidades do turista, como Braille, Audiodescrição e Libras. Também fez um tour sensorial entre Recife, Olinda e Porto de Galinhas, aonde também ofereceu várias experiências táteis para turistas cegos.

Deu dicas de aplicativos voltados para a acessibilidade, que auxiliam bastante em viagens e também no cotidiano. Para pessoas cegas, o Audifoto, Whatscine e Be My Eyes ajudam principalmente através da audiodescrição. Para pessoas surdas, o Vlibras, Hand Talk e Spread The Sign, auxiliam na questão da língua de sinais. Alguns desses podem ser encontrados no artigo 10 aplicativos para acessibilidade. No final, reforçou ainda a importância de materiais táteis, como maquetes impressas em 3D, onde o cego pode reconhecer a grandiosidade de um templo ou outra edificação, e também os detalhes de esculturas ou outros tipos de objetos.

Confira abaixo a live completa:

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