Corredores apertados são inacessíveis. Os corredores são passagens para pedestres, que no dicionário é denominado como caminho ou via que funciona como local de passagem ou de acesso a algo. Podemos dizer que o corredor para a pessoa, é como se fosse a rua para os carros. E para que os corredores sejam acessíveis, é preciso prestar atenção em alguns itens.
Corredor é um lugar de passagem, e por isso não pode ter obstáculos, ou pelo menos, ter uma faixa livre como é exigida na acessibilidade para as calçadas. Dependendo do corredor, pode haver móveis decorativos como uma estante, e objetos funcionais como um extintor de incêndio ou um bebedouro. Não há problemas que existam esse mobiliário e objetos, desde que, além deles, também haja a passagem livre para as pessoas. Tomando como referência a acessibilidade nas calçadas, o corredor deve ter uma faixa livre central, e os objetos devem ser colocados nas laterais, para que não atrapalhe um caminhar fluido e contínuo.
A faixa livre, é a aplicação do conceito de rota acessível, que na norma ABNT 9050, é descrita como trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que conecte os ambientes externos ou internos de espaços e edificações, e que possa ser utilizado de forma autônoma e segura por todas as pessoas, inclusive aquelas com deficiência e mobilidade reduzida. A rota acessível pode incorporar estacionamentos, calçadas rebaixadas, faixas de travessia de pedestres, pisos, corredores, escadas e rampas, entre outros
A largura do corredor também é um ponto importante, pois dependendo do local, pode trazer desagradáveis limitações. O fluxo de pessoas no local deve ser analisado, pois isso vai ditar a necessidade da largura. O corredor de uma casa, que passa somente o morador, é diferente de um corredor de um shopping center, que passa milhares de pessoas, que é diferente do corredor de um hospital, que além de pessoas, passa também macas e equipamentos. Mas no caso do hospital, supermercados, aeroportos, é preciso fazer um projeto mais específico e detalhado, e aqui vamos tratar de edificações e equipamentos urbanos comuns.
De acordo com a ABNT 9050, as larguras exigidas são de:
a) 0,90 m para corredores de uso comum com extensão até 4,00 m;
b) 1,20 m para corredores de uso comum com extensão até 10,00 m; e 1,50 m para corredores com extensão superior a 10,00 m;
c) 1,50 m para corredores de uso público;
d) maior que 1,50 m para grandes fluxos de pessoas, conforme aplicação da equação apresentada em 6.12.6.
Corredores estreitos podem ser um problema, pois caso tenha duas cadeiras de rodas, em direções diferentes, que se encontrarão no meio do corredor, mas o corredor não tem largura suficiente para passar as duas cadeiras de rodas, então alguém vai ter que ceder, e voltar o caminho. Eu já encontrei uma situação parecida em uma ponte em Juiz de Fora, e descrevi o caso no artigo Obstáculos tornam a acessibilidade impossível. Quando a adequação dos corredores para a largura ideal seja impraticável, devem ser implantados bolsões de manobra, para evitar conflito entre duas pessoas em direções diferentes. Isso vale para corredores longos muito estreitos, pois a pessoa em cadeira de rodas, pode querer voltar no meio do caminho, então é preciso que seja possível a manobra completa de 180°.
Dependendo do local e situação, a largura do corredor pode trazer outros problemas. É comum que em hotéis e cruzeiros, haja o serviço de limpeza de quarto, onde as camareiras utilizam um carrinho de serviço, com materiais de limpeza, lençóis, toalhas e outros itens de reposição. Esses carrinhos ficam estacionados do lado de fora, justamente no corredor, e caso o corredor seja estreito, o carrinho de serviço acaba virando um obstáculo. No vídeo abaixo, eu mostro um exemplo disso, e como é impraticável a reforma do corredor de um cruzeiro, a alternativa é ter um carrinho de serviço mais estreito, para que não atrapalhe ou impeça a passagem de uma cadeira de rodas, pessoas com andadores, e outras situações que seja necessário espaço.
Neste artigo, eu citei itens da norma de acessibilidade, para mostrar que não sou contra leis e normas, elas têm bastante orientações válidas, porém eu as considero incompletas, e às vezes até falhas, pois não são consideradas algumas situações. Poucas pessoas com deficiência participam na elaboração das normas, eu sei pois já participei de uma delas, então fica faltando a opinião do próprio usuário, e isso dá margem para erros. Por isso o lema da Convenção da ONU dos Direitos das Pessoas com Deficiência, diz “Nada Sobre Nós, Sem Nós”.
Eu sempre coleto opiniões e faço pesquisas com diversas pessoas com deficiência, para ter uma base prática e funcional, da melhor acessibilidade a ser aplicada. Todo esse conhecimento coletado, além das minhas diversas experiências próprias, eu transformo em ensinamento em meu Curso Online Acessibilidade e Inclusão, e aplico em minha consultoria em acessibilidade. Não ficam de fora também as palestras que ministro ao redor do mundo, e os treinamentos para objetivos específicos que já ofereci a diversos profissionais, além das aulas em renomadas instituições de ensino. Amostras valiosas desse conhecimento, eu compartilho no meu perfil do Instagram e no meu canal do YouTube.
0 comentários