Esta é a versão em português do artigo escrito por Ricardo Shimosakai e Mylena Rodrigres, originalmente para a edição #11 da Revista Iberoamericana de Turismo Inclusivo. . É mantida com a colaboração dos membros do Instituto Iberoamericano de Turismo Inclusivo da qual ambos são membros.
O carnaval é a maior festa popular brasileira. Essa festa surgiu com a colonização portuguesa, com uma brincadeira chamada entrudo onde as pessoas saiam às ruas sujando umas às outras de lama, uma festa de caráter violento, que foi proibida. Mas, com ela surgiu outras festas no século XX, como os cordões, as festas de salão e as escolas de samba.
O samba, ritmo musical brasileiro, e as marchinhas, também passaram a fazer parte dessa tradição cultural tão importante para o país. Sem dúvidas, o carnaval é uma das festas mais esperadas do ano, não só por brasileiros, mas por pessoas do mundo inteiro que querem conhecer a festa.
Nesse sentido, é uma festa que tem muito apoio governamental, já que movimenta a economia do país e aumenta a visibilidade em relação ao turismo e a grandes eventos. Alguns dos carnavais mais famosos são: do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Salvador, de Recife, entre outros.
Aqui vamos falar especificamente do carnaval na cidade de São Paulo, apresentando como é a questão da acessibilidade para que pessoas com deficiência também possam curtir a festa.
Os primeiros investimentos por parte do governo para que essa festa tradicional na cidade de São Paulo começasse a ganhar popularidade, se iniciou a partir de 1967, e de lá pra cá, só aumenta. Nos últimos anos, a estrutura vem melhorando, sendo que se passou a pensar também, nas pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, como idosos e pessoas obesas.
No transporte, é recomendado que as pessoas não vão ao sambódromo em seus veículos, sendo assim há transportes públicos saindo de vários pontos estratégicos até o local de realização dos desfiles das escolas de samba.
Para pessoas com deficiência, existe o “Atende+”, que é uma modalidade de transporte, com vans adaptadas com plataformas, que atendem às pessoas com autismo, surdocegueira ou deficiência física e mobilidade reduzida. Esse já é um serviço regulamentado por lei oferecido pela prefeitura de São Paulo, e que no carnaval faz a diferença para que todos tenham acesso ao local da festa.
Além disso, tem banheiros acessíveis, e para grandes eventos, como o carnaval, são colocados banheiros químicos extras, também com modelos acessíveis, para atender a todos.
Para pessoas com deficiência visual e pessoas com deficiência auditiva, a organização do evento, disponibiliza audiodescrição e intérprete de libras (Língua Brasileira de Sinais) em tempo real, tanto para o desfile das escolas de samba do grupo especial, quanto para o desfile das campeãs. Assim, o entendimento do samba enredo, por exemplo, por pessoas com deficiência auditiva se torna fácil, ou seja, um samba enredo com as mãos. Assim como, as pessoas com deficiência visual, conseguem ter a dimensão e os detalhes de cores e fantasias nos desfiles.
Para um maior entendimento, o samba enredo de todas as escolas de samba são disponibilizados com antecedência e com interpretação em Libras na plataforma youtube. Mas, também existe a opção de acompanhar a interpretação em Libras pelos telões. As pessoas com deficiência auditiva têm suporte com intérpretes durante todo o evento. Os blocos de rua do carnaval de São Paulo, também contam com esse recurso.
O Carnaval de São Paulo, também resgatou nos últimos anos, os blocos de Carnaval de Rua. Em 2020 atraiu mais de 15 milhões de pessoas e movimentou cerca de R$ 2,75 bilhões na economia da cidade. Somados aos R$ 227 milhões movimentados pelo Carnaval no Sambódromo o total chegou a R$ 2,97 bilhões. Foram 678 desfiles ocorridos nas ruas da capital paulista.
Em suma, a pessoa com deficiência também é protagonista no carnaval da cidade de São Paulo. Elas estão trabalhando na organização do evento e também desfilando nas escolas de samba. Inclusive, algumas escolas de samba tem alas formadas por pessoas com deficiência. Elas estão em destaque em carros alegóricos, na bateria, desfilando com seu cão guia e em todos os espaços. Exemplo disso, foi que no ano de 2012, o carnaval de São Paulo foi o primeiro a ter pessoas com deficiência visual como jurados do quesito bateria, sendo oferecido curso para capacitar esses jurados.
O carnaval é uma festa democrática e também inclusiva, e é o maior cartão postal do Brasil. Assim, é um evento que movimenta todo o país, principalmente a economia. As pessoas param para acompanhar a festa, seja de forma direta ou indireta. Ou seja, indo até os locais onde acontecem ou aproveitando os dias para viajar, o que aumenta o número de pessoas buscando o setor do turismo. Por essas questões, o carnaval acaba impactando muito o turismo acessível, e os organizadores dessas grandes festas no Brasil já entenderam o benefício financeiro (econômico) de ter a pessoa com deficiência como consumidora dessas grandes festas.
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