Morar sozinho com deficiência intelectual. Um desafio para a independência.

por | 31 ago, 2019 | Turismo Adaptado | 0 Comentários

Morar sozinho é um desafio para qualquer pessoa. Ainda mais para as 2.611.536 pessoas com deficiência mental/intelectual que vivem no Brasil (e equivalem a 1,5% da população), segundo o Censo de 2010. Levando em conta os que declararam aos recenseadores do IBGE ter um grau severo de deficiência física e sensorial, à época, são 15.791.945 pessoas (ou seja, 8% da população) que de alguma forma não têm autonomia para tomar as rédeas de suas vidas.

Foi pensando no futuro de três jovens com deficiência intelectual que suas mães criaram, em 2013, o Instituto JNG. João, Nicolas e Gabriella, hoje com idades entre 25 e 27 anos, haviam terminado a fase escolar, e elas começaram a se preocupar com o que seria deles depois que não estivessem mais aqui para dar-lhes suporte.

Criada com o objetivo de identificar, promover, coordenar e executar projetos de inclusão social para pessoas com deficiência intelectual, com foco na moradia independente com suporte individualizado, o JNG é uma Organização Social de Interesse Público (Oscip) que se baseia no modelo da Ability Housing Association, uma instituição britânica que existe há mais de 20 anos e administra 721 propriedades. A economista Flávia Poppe, presidente do instituto e mãe de Nicolas, o Nico, estuda e acompanha este trabalho desde 2011.

“Nosso primeiro grande objetivo é criar um debate sobre o assunto no Brasil. Se eu posso fazer com meu filho e você pode fazer com o seu, por que não fazermos algo para a sociedade? Por meio de experiências de países mais avançados, sabemos que qualquer pessoa pode morar sozinha, mas o que varia é o apoio que o indivíduo precisa para isso. Este é um projeto para a vida, um projeto de vida”, diz ela, à frente da campanha “Juntos podemos morar sozinhos” que, no início do ano, numa vaquinha virtual pela plataforma Kickante, arrecadou R$ 39 mil.

Flávia Poppe, Diretora do Instituto JNG, recebendo o projeto da arquiteta Cristiana Villela

O dinheiro já está sendo investido na preparação de um arcabouço jurídico que permita tanto a criação de instrumentos legais para captação e financiamento para o projeto-piloto que testará a ideia quanto de instrumentos operacionais (contratos de aluguel, estatuto de condomínio, modelo imobiliário…) que o tornarão viável.

O objetivo, no entanto, é alcançar R$ 170 mil para implementar este projeto, o que inclui desde o mapeamento da viabilidade econômica até a implantação de uma planta imobiliária coerente com sua finalidade de desenvolvimento continuado de pessoas com deficiência intelectual. O trabalho inclui consultoria não apenas de advogados e arquitetos, mas também de professores, pedagogos e psicólogos.

“A ideia é construirmos ou encontrarmos uma edificação que reúna oito ou nove desses jovens, cada um com seus aposentos, o que não exclui edifícios que tenham outras unidades destinadas a moradores sem qualquer deficiência. Como no modelo inglês, haverá uma unidade à parte para apoio. Uma espécie de escritório para plantão 24 horas de funcionários que vão ajudar na rotina das casas, desde que este seja o desejo dos moradores, comprando comida, cozinhando… Serão facilitadores, e não cuidadores”, explica Flávia.

Acrescentando que a escolha do prédio e do bairro em que ele ficará depende de uma série de fatores: “É preciso que seja um lugar com comércio, acessibilidade mínima e facilidade de transportes. Até o preço do metro quadrado influi”.

Na Inglaterra, há um modelo de financiamento para as moradias da Ability Housing do qual participam empreendedores que investem no negócio, famílias que pagam uma mensalidade e o governo: “Aqui, a gente imagina que tenha que sobreviver com a mensalidade das famílias. Uma vez pronto este alicerce, ele pode ser replicado”, planeja Flávia. Quem quiser ajudar pode fazer doações de R$ 10 a R$ 1.000, por três, seis ou 12 meses, através do site do instituto

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