Jornalismo de inclusão. A importância de ter a pessoa com deficiência em pauta.

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

28 de janeiro de 2022

Jornalismo de inclusão. Já faz alguns anos que eu tenho insistido com bastante ênfase que um dos maiores problemas em relação à acessibilidade, inclusão e pessoas com deficiência, é a falta de informação. Num passado nem tão distante assim, era difícil encontrar material sobre o assunto. Quando eu fiz meu trabalho de conclusão de curso na faculdade, foi difícil encontrar referências. Percebendo isso, resolvi publicar muito material na internet, inclusive fui um dos primeiros blogs do Brasil no assunto.

Atualmente, o material disponível já é razoavelmente grande, porém o interesse em consumi-los ainda é pequeno. Aí que entra um importante trabalho das mídias na televisão, rádio, revista, internet e outros diversos canais. Os veículos de comunicação geralmente têm um grande alcance de pessoas, e uma força de influência muito grande, capaz de mudar conceitos e hábitos da sociedade.

Quanto mais o jornalismo passar informações sobre acessibilidade e inclusão, mais as pessoas passarão a conhecer e se acostumar com esses temas, e poderão se lembrar disso em suas vidas profissionais e familiares. Só aplicamos aquilo que lembramos, e por isso é muito benéfico que haja um bombardeio dessas informações. Mesmo que a gente não goste, mas a repetição faz a gente aprender. Por exemplo, o atentado às torres gêmeas do World Trade Center em Nova York, foi tão falado, que mesmo quem não tinha interesse no assunto, já sabia o que tinha acontecido, e quem sabe com detalhes. Há também aqueles que não sabiam, acham o assunto interessante, e vão procurar mais informações.

Isso é praticamente uma forma de educar a sociedade. Outro bom exemplo, foi a cobertura jornalística dos Jogos Paralímpicos. O evento já existe desde 1960, a primeira participação brasileira foi no Jogos Paralímpicos da Alemanha em 1972, mas até poucas edições atrás, praticamente nenhuma informação era veiculada na imprensa. Eu só conseguia saber dos resultados, pela imprensa estrangeira ou pelas redes sociais dos próprios atletas. Felizmente isso vem mudando, e com a exposição de nossos atletas, vários deles sensacionais, a idéia da pessoa com deficiência e suas habilidades e dificuldades, mudou bastante do que antes éramos tidos como incapazes.

Esse jeito de pensar ainda tem que melhorar bastante, e por isso é importante que haja essa tempestade de informação, contínua e adequada, para inundar as cabeças das pessoas. Acredito que nesse ritmo, essas questões passarão a vir naturalmente em tudo o que fizermos, e não será necessário tantas cobranças e reclamações, que forçam as pessoas com deficiência a viver uma vida subnormal.

Há bons exemplos no jornalismo que dão valor à inclusão, acessibilidade e a pessoa com deficiência. Denise Dud é apresentadora a mais de 20 anos, âncora em vários programas, VTs comerciais, vídeos institucionais, filmes publicitários, minisséries e locuções especializadas para comerciais. Mãe de um filho com deficiência intelectual, espectro autista e esquizofrenia. Criou o canal Especial com Denise no YouTube, onde publica entrevistas com profissionais e muita informação que gere conhecimento e conforto.

Denise procura ter informações relevantes de fontes confiáveis, que é o que todo jornalista deveria fazer, pois já passei por situações em que o jornalista queria mostrar um equipamento, uma cadeira escaladora de degraus, como se fosse a solução dos problemas para acessibilidade, ao invés de reforçar a importância de ter estruturas arquitetônicas com rampas e elevadores. Para mim, isso era um desserviço e daí me recusei a gravar a matéria desse ponto de vista. Abaixo o vídeo da live onde eu fui convidado por Denise para bater um papo sobre os desafios da acessibilidade e inclusão social.

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