Formação de Consultores em Audiodescrição. Este texto foi elaborado por Ricardo Shimosakai (@ricardoshimosakai) e Mylena Rodrigues (@mynspira) para o Blog de Ricardo Shimosakai. Ambos são especialistas em Acessibilidade e Inclusão e membros fundadores da ABRATURA (Associação Brasileira de Turismo Acessível)

A audiodescrição é uma tecnologia assistiva que transforma imagens em palavras, possibilitando o acesso a informações para pessoas com deficiência visual, pessoas com déficit de atenção, deficiência intelectual, idosos e todas as outras pessoas que possam vir a necessitar desse recurso para serem incluídas nos diversos espaços sociais, de cultura e de politica, sendo assim, a audiodescrição é um recurso de amplas possibilidades de uso.

Todas as pessoas podem ser consumidoras de cultura e podem receber informações acessíveis para que tenham autonomia e independência em suas vidas e suas escolhas, e o aumento do uso do recurso possibilita um crescente numero de pessoas indo a peças de teatro, musicais, espetáculos de dança, espetáculos de circo, shows, stand ups, óperas e outros, assistindo a programas de televisão, exposições em museus, produtos audiovisuais, livros, publicações online e eventos sociais.

Para que o recurso seja disponibilizado, é necessário que se tenha uma equipe qualificada e capacitada de roteirista, narrador e consultor. O consultor geralmente e de preferência, deve ser uma pessoa com deficiência visual, ele precisa ser um profissional que tenha contato com a audiodescrição como usuário e também como avaliador capacitado, para validar o trabalho que está sendo realizado por toda a equipe. Assim, é muito importante e necessário que os consultores em audiodescrição se especializem com cursos e buscas de informações para desenvolverem bons trabalhos.

O profissional que atua como consultor, precisa ter habilidade específica e um olhar que vai além do olhar de um espectador, ele é o profissional que avalia as escolhas do roteirista, ou seja, o roteirista elabora um roteiro usando elementos da tradução, descrevendo espaços, pessoas, objetos que tenham relevância para o entendimento do produto audiodescrito, e então, o consultor avalia a qualidade, a eficiência e a funcionalidade com relação ao publico espectador da audiodescrição.

A opinião de um usuário do recurso de audiodescrição, não substitui o papel fundamental do consultor em uma equipe que realiza esse trabalho.

Para finalizar esse texto, acredito que são etapas do trabalho de um consultor em audiodescrição:

1. Entrar em contato com o produto sem audiodescrição;
2. Ter acesso a uma primeira versão do roteiro;
3. Propor alterações e dialogar com o roteirista, e para isso, registrar as dúvidas e alterações.
4. Participar de reuniões com o grupo de trabalho.
5. Acompanhar e avaliar gravações, locução e mixagem.
6. Para imagens estáticas avaliar a imagem construída mentalmente e dialogar com o audiodescritor para confrontar a imagem descrita com a imagem percebida, além de, conhecer o contexto no qual está inserida, bem como a sua funcionalidade.
7. Para espetáculos acompanhar ensaios sempre que possível e colaborar durante a execução do serviço de audiodescrição.
8. Ter acesso a tecnologias como computador ou smartphone com programas sintetizadores de voz, máquina Braille (quando for necessário), programa de edição de áudio, editores de texto, correio eletrônico, telefone e Skype, entre outros possíveis.

Em suma, o consultor deve ser um profissional preparado, buscar se especializar com cursos e ter em mente que é um campo de possibilidades e infinitos aprendizados. Aqui, fiz algumas referencias, sabendo que tudo isso ainda é uma área que pode crescer bastante e se tornar cada vez mais acessível e inclusiva.