Diversidade nos pares dispares. A exposição da fotógrafa Giovanna Nucci reúne 30 fotografias, apresentada em 15 pares compostos por uma imagem do Rio de Janeiro e outra de São Paulo. Por meio delas, a fotógrafa, com rara sensibilidade, problematiza os conceitos de identidade, diversidade e território, ao mesmo tempo que destaca ícones da paisagem urbana das duas metrópoles brasileiras.
Passeando em meus pensamentos sobre essa temática, eu imaginei como as coisas podem ser parecidas ao mesmo tempo que são diferentes. Pelo menos a palavra pares, remete a uma idéia de igualdade, enquanto a palavra díspares, dá uma idéia de desigualdade. E eu vejo bastante disso na questão da acessibilidade e inclusão. Dois locais ou serviço que tem a mesma identidade, mas que apresentam jeitos de ser diferentes.
A fotógrafa fez uma comparação entre os monumentos ícones de cada cidade, o Cristo Redentor no Rio de Janeiro e o Monumento às Bandeiras de São Paulo. Esse par de fotos gerou até uma troca de idéia no local com outros visitantes, onde em comum, achamos que o Cristo Redentor é incomparável, pelo simbolismo, beleza do monumento e o local onde está instalado, além de ser conhecido mundialmente, é considerado uma das 7 maravilhas do mundo.
Ao mesmo tempo, indo pela perspectiva da acessibilidade, o Monumento às Bandeiras é muito mais acessível, está no mesmo nível do piso e há caminhos para aproximação do pedestre. Enquanto isso, o Cristo Redentor tem uma acessibilidade parcial, que na primeira parte te leva de elevador, mas depois você se depara com escadas fixas ou escadas rolantes, opções que não é acessível para todos. É uma indignação que carrego faz muito tempo, pois acho inadmissível um local de tamanha importância sem acessibilidade, e que há maneiras de fazer isso, não falta dinheiro, mas falta muito respeito e iniciativa.
Quero colocar um exemplo, que apesar de não fazer parte da exposição, tem tudo a ver com a temática e a acessibilidade, que é comparar pessoas em cadeira de rodas, popularmente conhecidas como cadeirantes. Apesar de aparentemente ser muito parecido, duas pessoas em cadeira de rodas, na prática as coisas podem se bastante diferentes. A começar pela própria cadeira de rodas, que quando utilizadas, podem te diferentes desempenhos e níveis de conforto, algo parecido com computadores, que podem ser iguais por fora, mas bastante diferentes por dentro.
A segunda diferença está na pessoa, pois dependendo da sua deficiência e de suas necessidades e habilidades, o comportamento das duas pessoas em cadeira de rodas também pode ser diferente, apesar de também haver semelhanças. Isso eu vejo bastante, pois as pessoas me perguntam como se deve tratar um cadeirante, como se as pessoas em cadeiras de rodas fossem todas iguais.
Tomando um exemplo, que sai do eixo Rio-São Paulo, me lembrei da acessibilidade nas companhias aéreas. Quando fiz minha viagem para Alemanha com a Lufthansa, foi bastante claro a diferença de infraestrutura e atendimento em São Paulo, no Aeroporto de Guarulhos, com o que é oferecido na Alemanha, nos aeroportos internacionais de Munique e Frankfurt.
Apesar de ser a mesma companhia aérea, o jeito de atender é diferente nos dois países. É claro que temos que levar em conta também, os aeroportos, que não faz parte da companhia aérea, mas as operações de aeroportos são meio padronizadas, então a qualidade da acessibilidade também deveria ser pelo menos bem parecida.
As pessoas e locais são diferentes, o mundo é diverso, por isso podemos ser pares díspares, ou diferentes na igualdade. Eu utilizo bastante referências, mas acho difícil e não viável copiar o outro, pois cada local ou pessoa tem sua identidade própria, por isso meu trabalho de consultoria é importante. Apesar de haver regras e normas, elas precisam ser ajustadas para cada caso, como se fosse uma roupa vendida na loja, que não serve para todos, e pode ter que passar pela mão de um alfaiate.
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