Consumidor com deficiência no Dia Mundial do Consumidor

por | 15 mar, 2019 | Turismo Adaptado | 0 Comentários

Dia 15 de março é o Dia Mundial do Consumidor. No Brasil o comércio costuma estender e oferecer uma semana inteira de “homenagem”, mas que é na verdade uma estratégia do comércio para vender mais. Nada contra, eu e os consumidores agradecemos.

Porém, o comércio ainda não sabe atender bem o consumidor com deficiência. Na verdade, muitos nem sabem que ele existe, ou alguns sabem mas preferem desprezá-lo ao invés de investir e se adequar para conquistar esse público.

O único segmento que eu vejo trabalhando melhor nessa questão, é o mercado automobilístico. Praticamente todas montadoras de carros já criaram programas específicos para auxiliar a pessoa com deficiência na compra do carro 0km com isenção. Toda concessionária destaca um funcionário para atender esse comprador, entregando tabelas informativas específicas, praticamente um atendimento personalizado.

A maioria também já adequou seu estabelecimento com rampas, elevadores e banheiros acessíveis. São as maiores anunciadoras em revistas específicas do segmento, como a Revista Reação, e os maiores expositores em eventos voltados à acessibilidade como a Reatech. Tudo isso porque dá resultado, senão eles já teriam parado faz tempo, mas pelo contrário, investem cada vez mais.

A legislação brasileira garante vários itens para a pessoa com deficiência como consumidor, porém ainda há muito o que avançar. Na verdade a maior força para que isso avance, não são as leis, mas o próprio consumidor. O comércio não liga para leis, até que a multa chegue, e muitas vezes não chega. Eles estão interessados em vender, em ganhar dinheiro e ter seu comércio conhecido.

Então se perceberem que, por exemplo, vários cadeirantes quiseram entrar em sua loja, mas não conseguiram por causa de um degrau, eles vão dar um jeito para arrumar isso, pois não querem perder o consumidor. E isso só acontece quando o próprio consumidor com deficiência chama a atenção, pede para falar com o responsável da loja, e mostra que aquela dificuldade é o motivo porque ele não irá fazer a compra no local. Sem essa atitude, o comércio não fica sabendo do problema, e dai não toma providências para resolvê-lo.

Atualmente o comércio virtual é enorme, enorme também são os consumidores com deficiência, e teoricamente isso ajudaria muito esse público, pois eliminaria a necessidade de deslocamento, que para alguns é difícil, e seu produto seria entregue em casa. Mas o site do comércio é uma loja, e da mesma forma precisa ser acessível, e nesta modalidade de vendas, quem mais sofre são as pessoas com deficiência visual.

Muitos sites não contemplam o que se chama de acessibilidade web. São normas para que o site esteja adequado para que através de softwares de leitores de tela, consigam navegar com facilidade. Além de imagens e vídeos descritos, caso possuam. Uma amiga cega contou que tem muita dificuldade em comprar passagens aéreas pela internet, pois nenhuma companhia aérea possui um site acessível.

Eu como cadeirante, tenho dificuldade em comprar roupas, pois muitos lugares não tem um provador acessível. Alguns tem, mas é somente um espaço maior para entrar sua cadeira, e vários te um posicionamento do espelho muito ruim. Quando eu quero experimentar uma calça, o problema é muito maior, pois se não há um espaço para que eu possa me transferir, e tirar e colocar a calça com conforto e segurança, prefiro nem passar pela tortura de fazer isso sentado na minha própria cadeira de rodas.

Agora um exercício para você. Imagine que você vai fazer um passeio pelo shopping, para olhar as vitrines, mas um detalhe, você é cego. Como percorrer pelos corredores e apreciar os produtos expostos? Sem contar que todas as estratégias comerciais são totalmente visuais, como as faixas de liquidação, cartazes de campanhas de natal, onde fazem sorteios de carros, programações extras como exposições a apresentações musicais, tudo isso é promovido através de impressos.

Dizem que vender é uma arte, e que um bom vendedor tem um poder de convencimento muito grande. Mas acredito que todo esse poder de nada vale, quando ele se depara com um consumidor surdo, e que não consegue trabalhar sua persuasão da forma que ele entenda, através da língua de sinais. Alguns surdos são alfabetizados, e sabem ler, outros são oralizados e conseguem compreender e ler seus lábios, mas não é a mesma coisa. É como tentar vender para um estrangeiro, que não compreende o nosso idioma.

Então vale a reflexão, de todo o jogo entre consumidor e comércio, para que no final todos saiam ganhando. Agora para descontrair, uma pequena história engraçada. Certa vez eu fui comprar um tênis, lembrando que eu sou um cadeirante. O vendedor veio em minha direção e começou a soltar todo aquele texto decorado para tentar me convencer a comprar um tênis mais caro. Ele começou a insistir numa qualidade do produto, que era um tipo de amortecedor que fica no calcanhar e deixa a corrida ou caminhada muito mais confortável, e por isso valia super a pena compra-lo. Depois de insistir algumas vezes nessa “qualidade” resolvi chamar a atenção e dizer que isso de nada me servia, porque eu não caminho! Como dizem aquela expressão, ele não sabia onde enfiar a cara…

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