Acessibilidade Atitudinal. Este termo começou a ficar popular, quando as pessoas com deficiência começaram a entender que mais do que a acessibilidade e inclusão, primeiro é preciso ter iniciativa para praticá-las. Alguns ficam patinando na intenção de querer ter seu estabelecimento ou serviço acessível, mas na prática enrolam e postergam, e no final das contas não fazem nada.
Eu vejo um pensamento parecido no mundo do empreendedorismo, onde se fala muito no ditado “feito é melhor do que perfeito”, e tem tudo a ver com a acessibilidade atitudinal. Esse pensamento quer dizer que é melhor tomar iniciativa e fazer ações no seu negócio, pois se ficarmos esperando a melhor maneira ou a perfeição para depois aplicá-la, esse tempo nunca chegará. Isso também é bastante conhecido como procrastinação, onde sempre deixamos para depois, atitudes que queremos realizar.
Então é melhor que você tome a iniciativa agora, e comece a melhorar a acessibilidade do seu empreendimento. É claro que não é para sair correndo e fazer as coisas de qualquer jeito. É preciso fazer um planejamento e buscar profissionais para fazer as ações de acessibilidade, ou procurar aprimorar seu conhecimento próprio através de cursos ou fontes de informação, caso contrário sua ação ou projeto podem apresentar falhas básicas, como já mostrei em alguns casos, como a calçada inclinada na vaga reservada.
A falta de acessibilidade atitudinal pode aparecer na falta de valor que se dá para ela, algumas vezes parecendo um absurdo. Certa vez, fui avaliar a acessibilidade de um hotel, e encontrei diversas falhas. Relatei isso ao gerente, mas para a minha surpresa, ele disse que o hotel já tinha reservado a verba disponível para aquele ano para pintar as paredes do empreendimento. Ou seja, para o hotel, ter paredes pintadas é mais importante do que a acessibilidade, sendo que a pintura é uma questão estética opcional e a acessibilidade é uma obrigação.
Por outro ponto de vista, a acessibilidade atitudinal também tem a ver como a maneira como você se relaciona com as pessoas, seja individualmente ou em grupo. Pela ótica de um negócio, isso tem muito a ver com o atendimento ao cliente, a forma como ele é tratado. É comum ver, por exemplo, um garçom em um restaurante perguntar “o que ela quer comer?” para uma acompanhante ao lado de uma pessoa com Síndrome de Down, sendo que ela mesmo tem condições de responder a pergunta, isso é uma atitude preconceituosa e exclusiva.
Um exemplo verídico que serve como um bom exemplo de acessibilidade atitudinal, é o caso da passageira surda que estava em um voo de uma companhia aérea. A comissária percebeu a dificuldade da passageira e a companhia aérea e nem a tripulação estavam preparados para aquela situação. Foi então que a comissária resolveu fazer, alí mesmo e na hora, um guia ilustrado de voo feito à mão com todas as orientações que precisava durante a viagem. Não tinha os melhores recursos para isso, então escreveu e desenhou nos guardanapos com caneta. O ideal seria a empresa ter todo o esquema adequado para atender um passageiro surdo, mas na falta disso, o gesto de acessibilidade atitudinal resolveu o problema.
Por esses motivos, as pessoas com deficiência passaram a dizer que a coisa mais importante para conseguir mudanças é a acessibilidade atitudinal. Esse tipo de comportamento agiliza a proliferação da acessibilidade, que por sua vez ajuda na inclusão das pessoas com deficiência, que cada vez mais terão condições de participar da sociedade. E isso serve como um círculo vicioso do bem, pois quanto mais as pessoas enxergarem atitudes acessíveis e inclusivas, mais elas também estarão informadas e motivadas a fazer o mesmo. Dessa forma, a acessibilidade atitudinal passa a ser algo mais comum, mais natural e presente nos pensamentos das pessoas, sem a necessidade de cobranças forçadas, que na verdade, prejudicam a todos.
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