Expositor inacessível. O comércio sempre se reinventa para conquistar a preferência do público, e para isso elabora estratégias para chamar a atenção e fidelizar clientes. Uma estratégia bastante comum, utilizada por grandes empresas de varejo, é o acúmulo de pontos, ganhos de acordo com os valores gastos na compra, que servirão na troca de produtos. Várias redes de supermercados adotaram essa estratégia, onde oferecem uma lista de produtos temáticos, com diferentes pontuações para resgate.
Por exemplo, a rede de supermercados Pão de Açúcar, lançou uma campanha onde diferentes tipos de facas, das mais simples, com menor pontuação, até as mais sofisticadas com maior pontuação, estavam à disposição para a troca, até uma data limite. As facas variavam de tamanho, e também em sua utilidade, algumas usadas para corte de carnes, outras serrilhadas para cortar legumes, ou mais pesadas para desossar frangos. Havia até assessórios como afiador de facas e tábuas de carne. Para chamar a atenção dos clientes, foi colocado um expositor, onde todas as facas estavam expostas, com os cabos à mostra, mas com as partes das lâminas cobertas por uma proteção de acrílico transparente.
Para quem enxerga, está tudo ótimo, pois é possível ver o formato e tamanho das lâminas da faca. A proteção é necessária, pois deixar as lâminas expostas, era perigoso e poderia causar algum acidente, principalmente com a curiosidade das pessoas em tocá-las. Porém, para quem não enxerga, ficou difícil saber o que estava sendo ofertado, pois os tamanhos dos cabos das facas, que podiam ser tocados, eram bastante parecidos, e pelo cabo não dava para ter ideia das características da lâmina. Em resumo, faltou pensar na acessibilidade para o cliente com deficiência visual. Aliás, será que eles consideram que as pessoas com deficiência também fazem compras em supermercados?
Para viabilizar a acessibilidade para cegos, existem técnicas utilizadas em diferentes situações. Uma delas é a descrição, que pode ser feita em texto Braille, dando detalhes do formato de cada faca. A mesma descrição, pode ser colocada em áudio, essa técnica é conhecida como audiodescrição. Na prática, a audiodescrição é mais fácil, pois requer menos recursos, pois gravar um áudio, é muito mais fácil e barato, do que produzir o texto em Braille, que requer bastante espaço. Para você ter uma idéia, uma Bíblia impressa normal, pode ter o tamanho de um maço de cigarros, enquanto a Bíblia em Braille, tem 38 volumes de encadernações grandes, isso porque o espaçamento entre os pontos do Braille é padrão, e não pode ser reduzido.
Outro recurso, é criar maquetes dos produtos, o que seria bastante interessante, pois as pessoas poderiam tocar as peças sem perigo. Inclusive, poderia elaborar a maquete com o peso real do produto, pois assim é possível ter uma ideia mais fiel das facas. Inclusive, já mostrei em um artigo de nome “Acessibilidade de esculturas abstratas”, as vantagens de se oferecer uma maquete tátil, para passar a informação com bastante qualidade, a pessoas que não enxergam.
Mas se falando em supermercados, a acessibilidade para pessoas com deficiência visual não se resume a uma simples campanha pontual. Ela precisa vir da essência desse comércio, que é a venda de produtos de alimentação, limpeza, saúde e cotidiano. Como o cego poderia transitar pelos corredores e fazer as escolhas de seus produtos às cegas? E depois como verificar o preço, e saber quanto está pagando na maquininha de cartão? É claro que a culpa não é só dos supermercados, mas as fabricantes dos produtos, deveriam produzi-los também com acessibilidade, como por exemplo a Cerveja Colorado que tem rótulo em Braille. Saiba mais sobre o Braille nas embalagens, e quais informações você deve colocar.
Eu fico indignado em ver como o mundo não está preparado para as pessoas cegas, e por isso, o quanto elas ficam dependentes em várias situações. Muitas iniciativas são simples, baratas e fáceis, mas falta conhecimento e atitude da sociedade. Meu trabalho é voltado para mudar esse cenário, por isso meu Curso Online Acessibilidade e Inclusão, ensina os caminhos corretos e funcionais para alcançar um mundo para todos. Para quem prefere uma mudança mais rápida, contrata a minha consultoria em acessibilidade, onde aplico minha experiência de mais de 18 anos trabalhando na área. Minhas palestras mostram as vantagens da acessibilidade, para estudantes e empresários, com o objetivo de criar uma mudança de pensamento, e considerar a acessibilidade em todas as suas iniciativas. Compartilho pílulas de conhecimento quase diariamente em meu perfil do Instagram e no meu canal do YouTube, então me siga, curta, compartilhe e comente!
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