Código QR acessível. O código QR, sigla do inglês Quick Response, que quer dizer resposta rápida em português, foi inventado pela empresa japonesa Denso-Wave em 1994, com o objetivo de atender a indústria de automóvel do Japão permitindo, por meio desse código, catalogar de maneira mais rápida as peças na linha de produção. O código QR começou a se popularizar quando os aparelhos celulares passaram a ter câmeras, e com elas era possível acessá-lo.
O Código QR tem um formato quadrado e bidimensional, e mesmo danificado pode ser lido, devido ao armazenamento de dados para correção de erros. Aplicativos foram criados para que qualquer pessoa consiga criar um código QR, e nele geralmente colocam um endereço de um site. Agora ele já é encontrado em muitos lugares, como em quadros e peças em museus, para passar mais informações sobre a obra, programas de televisão que exibem o código QR na tela, para que o telespectador acesse o site de um patrocinador, ou qualquer local ou situação que queira passar informações adicionais, pois a internet é um local amplo, de fácil construção e barato.
Nesse objetivo de passar mais informações, alguns lugares como museus que tenham exposições com recursos de acessibilidade, como audiodescrição e Libras, oferecem esse material acessado por código QR, cada um com o seu. A pandemia ajudou a popularizar ainda mais o código QR nos restaurantes, pois os cardápios impressos não eram uma boa opção, pois poderia transmitir o vírus pelo toque de muitas pessoas no cardápio. Então a melhor opção foi adotar cardápios digitais, que eram acessados pelo celular da própria pessoa, informado pelo código QR em plaquinhas em cada mesa.
Essa opção de cardápio digital é uma solução que eu já vinha tentando oferecer há muito tempo, pensando na proposta da acessibilidade, pois num ambiente digital, bem estruturado com parâmetros de acessibilidade digital, uma pessoa cega conseguiria acessar o cardápio com facilidade através do leitor de tela que já vem instalado nos celulares. Facilitaria bastante, pois muitos cegos não sabem ou não tem prática com o Braille. Além disso, um cardápio em Braille tem um custo elevado, precisa cuidados para conservação e não permite alterações. Num cardápio digital, também é possível colocar fotos dos pratos, o que facilita o entendimento e escolha, ajuda quem não é alfabetizado na língua portuguesa, como surdos que ainda só entendem a Libras ou estrangeiros.
Então o código QR é uma ótima opção, porém para a função de acessibilidade, é preciso tomar alguns cuidados. A sua localização é ponto fundamental para quem não enxerga, pois se uma pessoa cega não sabe que existe um código QR, ela não irá acessá-lo porque não sabe da opção. Eu vi em uma exposição, placas de código QR para audiodescrição e Libras, mas não havia uma padronização de local. Elas eram posicionadas em alturas diferentes, quase que aleatoriamente, o que fica impossível para um cego localizar, uma vez que seria necessário rastrear o local com as mãos, e nisso derrubar objetos expostos. Ao invés de ter um código em cada peça, para levar a um link específico, acho que seria melhor o visitante receber o acesso para uma página principal, de onde ele tem acesso a todos os outros links com audiodescrições e Libras, assim elimina a necessidade de ter que encontrar o código QR toda vez.
Em restaurante, encontrei plaquinhas de mesa com o código QR. Primeiro é preciso que o cego saiba que no local, o cardápio é acessado por este meio, então cabe ao atendimento informá-lo. A plaquinha tinha dois lados, e o código QR estava impresso somente em um lado, criando uma confusão para uma pessoa cega. Então a solução é imprimir o código QR nos dois lados ou deixar uma marca tátil no lado onde ele está impresso. Uma marca tátil seria bom, com uma pequena bolinha no centro do código QR, pois assim facilitaria o posicionamento da câmera.
Mais uma vez, mostro nesses casos a necessidade de uma Acessibilidade Funcional, pois o código QR é uma ótima opção, mas dependendo da forma como ele for aplicado, irá gerar dificuldades. A acessibilidade deve ser pensada, e dependendo do caso ela precisa ser estruturada de forma particular. É como na saúde, onde os recursos de acessibilidade são os remédios e tratamentos, mas dependendo do problema de saúde do paciente, que é descoberto através de exames, será necessária uma combinação de remédios específica para curar o problema. Se quiser aprender mais de forma amadora, acompanhe meu Instagram e YouTube. Se quer aprender de forma profissional, faça meus cursos online. E se não quer aprender, mas precisa de um profissional, então contrate meus serviços de consultoria.
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