Abril é considerado o mês de prevenção e combate ás diversas causas de cegueira, por isso é conhecido como “Abril Marrom”. Pensando nisso resolvi falar sobre uma doença silenciosa e que pode levar a cegueira: o glaucoma.
Quando a pessoa perde a visão por causa do glaucoma, essa cegueira não é reversível. E o que é o glaucoma?
É uma doença ocular que tem como característica o aumento da pressão intraocular, essa pressão é diferente da pressão arterial e não existe ligação entre elas.
Existem tipos de glaucoma e o mais comum é o de ângulo aberto que não causa dor ou sintomas quando a pressão ocular aumenta. E temos o glaucoma de ângulo fechado, que é menos comum, e vem acompanhado com dores nos olhos e uma vermelhidão.
Posso citar aqui alguns sintomas que aparecem em quem desenvolve o glaucoma de ângulo fechado, que são:
- Diminuição do campo de visão, um afunilamento;
- Dores no interior do olho;
- Aumento da pupila ou do tamanho dos olhos;
- Visão turva e embaçada;
- Vermelhidão do olho;
- Dificuldade para enxergar no escuro;
- Visão de arcos em volta das luzes;
- Lacrimejamento e sensibilidade à luz;
- Dor de cabeça, náuseas e vômitos.
O glaucoma, mesmo que não tão frequente, pode se desenvolver em bebês, sendo assim considerado: glaucoma congênito. Ou seja, aquele que a criança já nasce.
Os sintomas de glaucoma congênito são:
- Olhos esbranquiçados;
- Sensibilidade à luz;
- Aumento dos olhos;
Quanto ao tratamento, é importante que as pessoas observem seus históricos familiares, pois em alguns casos, a pré-disposição de filhos e netos desenvolverem a doença é alta.
Por ser uma doença crônica e que não tem cura, é muito importante seguir as recomendações médicas e o tratamento sugerido, que pode ser cirurgia ou o uso de colírios contínuos e diariamente. Tudo isso vai depender de como vai ser o desenvolvimento da doença, sendo de extrema importância que se tenha o diagnóstico o quanto antes. O glaucoma é uma das doenças oculares que mais causam cegueira.
Em suma, coloco minha experiência pessoal: tenho glaucoma congênito e também nasci com catarata congênita a qual me submeti à cirurgia aos 2 meses de vida. Mesmo meu glaucoma sendo congênito, demorou a ser diagnosticado, pois só apresentei dores aos 13 anos de idade. Desde então faço uso de colírios diariamente, de 12 em 12 horas.
É necessário que eu faça um acompanhamento médico a cada 4 meses. Meu glaucoma é de ângulo fechado e por isso sinto dores nos olhos. A minha visão do olho direito perdi total e a do olho esquerdo, em porcentagem, aproximadamente, tenho menos de 10% com correção (óculos) e é uma visão central (afunilada). Além disso, a aparência do meu olho direito é esbranquiçada. Em ambos os olhos tenho vermelhidão frequente.
Consequentemente o glaucoma me trouxe a baixa visão desde o meu nascimento, precisando assim de adaptações e de uma atenção maior dos meus pais com relação ao meu desenvolvimento, seja no inicio da minha infância ao começar a andar, até o acompanhamento na escola, durante meu aprendizado.
Ter baixa visão ou cegueira é ter uma deficiência visual que precisa de cuidados, porém não é um impedimento para que se tornem crianças e adultos independentes e com autonomia. No processo de descoberta da doença meus pais tiveram orientações medicas, recebendo informações para que me estimulassem a começar a dar meus primeiros passos sem medos, pois isso faria com que eu aprendesse a ter noção do espaço que eu estava mesmo com a pouca visão que eu tinha. Meus primeiros passos aconteceram entre 9 e 10 meses de vida.
Esse processo teve continuidade durante toda a minha infância, e se intensificou com a minha ida a escola, já que precisei de apoio e adaptações dos professores para continuar o meu desenvolvimento e assim conseguisse acompanhar as turmas e ter um aprendizado adequado.
Por muitas vezes meus pais estiveram na escola e precisaram identificar a melhor maneira que eu aprenderia, como letras ampliadas, recursos de tecnologia assistiva como lupas, óculos especiais para perto e um ponto fundamental foram as aulas extraclasse, oferecida de forma gratuita pela escola que eu frequentava ou até mesmo professores particulares que meus pais pagaram.
Nada de privações: eu tive uma infância cheia de brincadeiras e com muitos primos e amigos da minha idade, fazendo parte de todas as brincadeiras possíveis, mesmo que eu tivesse minhas dificuldades, porém com o cuidado de todos que sabiam da minha deficiência e explicando para as crianças que estavam convivendo comigo e também para mim, para que eu conhecesse da melhor forma as minhas limitações e percebesse o que poderia ou não fazer, um exercício fundamental que me trouxe à vida adulta com muita clareza do que posso fazer e onde posso chegar.
Na vida adulta, é mais fácil que a pessoa com baixa visão ou cegueira, ache suas melhores possibilidades, fazendo testes e adaptando aquilo que for preciso, não deixando de fazer o que tem vontade, apenas sabendo que precisa modificar para conseguir.
Com toda a minha experiência, e levando em conta o glaucoma, ainda sim as dores crônicas fazem parte da minha vida diária, precisando de cuidados com meus olhos e com minha saúde, já que ainda posso preservar o pouco de visão que ainda tenho. Poderia escrever sobre outras experiências com relação à baixa visão, mas quero apenas finalizar esse texto enfatizando que é de extrema importância que não deixe de ir ao oftalmologista, e que cuide bem dos seus olhos!
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