Inclusão com funcionalidade. As pessoas com deficiência e mobilidade reduzida não devem ser classificadas pelo seu diagnóstico médico, mas sim pela sua funcionalidade. Mesmo dois indivíduos que tenham o mesmo diagnóstico, podem ter funcionalidades diferentes. Se não fosse essa gama de diferenças da funcionalidade, seria simples tratar as pessoas com deficiência através de um manual, porém a coisa não funciona assim.
O esporte é um bom exemplo para ilustrar a inclusão com funcionalidade e a importância de uma classificação funcional. Todo atleta com deficiência, quando vai participar de uma competição, passa por uma avaliação funcional feita através de avaliadores certificados. Eles vão pedir que a pessoa avaliada faça diversos movimento, para testar as capacidade de força, equilíbrio e reflexo, e baseado nessas informações, o atleta recebe uma classificação, que varia de acordo com a modalidade esportiva.
Por exemplo, no basquete em cadeira de rodas, os atletas são avaliados conforme o comprometimento físico-motor em uma escala de 1 a 4,5. Quanto maior a deficiência, menor a classe. A soma desses números na equipe de cinco pessoas não pode ultrapassar 14. Isso serve para ter um equilíbrio entre as equipes e gerar maior competitividade. Eu sempre cito a inclusão com funcionalidade em minhas palestras, e cito o esporte como um exemplo de equidade.
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) é uma ferramenta desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que visa fornecer uma linguagem padronizada e uma estrutura para a descrição da saúde e dos estados relacionados à saúde. A CIF é amplamente reconhecida como um instrumento poderoso para promover a inclusão social, pois permite uma compreensão holística das condições de saúde e das barreiras enfrentadas por indivíduos com incapacidades.
Inclusão com funcionalidade
A CIF é uma classificação multidimensional que considera não apenas as condições de saúde, mas também os fatores ambientais e pessoais que influenciam a funcionalidade e a incapacidade. Ela é composta por duas partes principais: Funcionalidade e Incapacidade, que inclui Funções e Estruturas do Corpo e Atividades e Participação; e Fatores Contextuais, que abrangem Fatores Ambientais e Fatores Pessoais. Esta abordagem abrangente é crucial para a inclusão social, pois reconhece que a incapacidade não é apenas uma característica individual, mas uma interação complexa entre a pessoa e seu ambiente.
A CIF permite uma avaliação holística das condições de saúde, considerando não apenas a deficiência em si, mas também como o ambiente e os fatores pessoais influenciam a funcionalidade. Isso é essencial para a inclusão social, pois reconhece que a incapacidade não é apenas uma característica individual, mas uma interação complexa entre a pessoa e seu ambiente.
Com a CIF, profissionais de saúde, educadores e formuladores de políticas podem planejar intervenções mais eficazes e personalizadas. Por exemplo, ao identificar barreiras ambientais específicas, como a falta de acessibilidade em edifícios públicos, é possível implementar mudanças que promovam a inclusão. Mesmo sem muita formalidade, e mais pela percepção, eu aplico a CIF em minhas consultorias, visando que os locais e serviços sejam funcionais a todos. Inclusive, eu desenvolvi um conceito chamado Acessibilidade Funcional, que ensino em meu Curso Online Acessibilidade e Inclusão.
Você consegue entender melhor o meu conceito de Acessibilidade Funcional, nas peças de teatro que oferecem audiodescrição e intérprete de Libras. Porém não divulgam esse serviço, e a consequência é que quase nenhum cego ou surdo sabem disso pelos canais de divulgação oficial. A acessibilidade existe, mas não funciona, e não cria uma inclusão com funcionalidade. Faltou o planejamento orientado por um profissional, para que a divulgação fosse feita corretamente, e assim ter uma acessibilidade funcioanal.
Mas há peças de teatro funcionais, onde o teatro possui acessibilidade arquitetônica para pessoas com deficiência física, audiodescrição para pessoas com deficiência visual e Libras para pessoas com deficiência auditiva, como na peça da capa deste artigo, “A Lista” com Lilia Cabral e Giulia Bertolli, que estava em cartaz no Teatro Vivo, com audiodescrição da Tagarelas Produções e interpretes de Libras, uma peça para todos os tipos de público.
Além disso, a CIF é uma ferramenta valiosa para monitorar e avaliar o impacto das políticas e intervenções de inclusão social. Ao utilizar uma linguagem padronizada, facilita a comparação de dados e a identificação de áreas que necessitam de melhorias. A utilização da CIF pode ajudar a educar e sensibilizar a sociedade sobre as diversas formas de incapacidade e as barreiras enfrentadas por essas pessoas, colaborando para a inclusão com funcionalidade.
Isso pode promover uma mudança de atitude, incentivando a aceitação e a inclusão. Quando me contratam para dar treinamentos, faço questão que meus treinandos entendam a funcionalidade das pessoas com deficiência, pois com isso eles conseguirão entender melhor o que é acessibilidade e inclusão, ao invés de tentar decorar regras ou fórmulas.
Se você buscar outros artigos em meu blog irá encontrar vários conteúdos falando sobre inclusão com funcionalidade, por exemplo, eu tenho detalhado todos os esportes paralímpicos. No meu instagram, eu abro para materiais de terceiros, então você irá encontrar a funcionalidade sendo abordada por milhares de outras pessoas em centenas de outros lugares e situações. Meu canal do YouTube deixa isso ainda mais interessante, então se inscreva e ative o sininho para receber alertas de novas publicações.
0 comentários