Vida acessível e inclusiva. Não dependa da acessibilidade.

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

7 de agosto de 2024

Vida acessível e inclusiva. Pessoas com deficiência precisam da acessibilidade para conseguir viver de forma inclusiva. Porém o mundo não é pensado com acessibilidade, e com isso as pessoas com deficiência tem dificuldades ou até impedimentos para realizar várias coisas na vida, desde o mais básico e essencial, como estudar, trabalhar, fazer exercícios, ir ao médico e até se divertir. A sociedade já mudou bastante, inclusive as próprias pessoas com deficiência, mas ainda existe preconceitos e discriminações, conhecidos como capacitismo. Eu falo bastante disso em meu Curso Online Acessibilidade e Inclusão.

Várias vezes eu dei um recado para meus colegas com deficiência, em minhas redes sociais como no meu perfil do Instagram, no meu canal do YouTube e em outros artigos do meu blog, dizendo que também precisamos nos adaptar, pois se ficarmos esperando pela acessibilidade ideal, ficaremos muito limitados, pois esse processo de adaptação para a acessibilidade, acontece aos poucos.

Vida acessível e inclusiva

Para ajudar a ter uma vida acessível e inclusiva, eu aprendi a andar de escadas rolantes sentado em minha cadeira de rodas, pois em várias experiências já me deparei com elevadores quebrados e falta de rampas. Às vezes a escada rolante é a melhor alternativa, ou até mesmo a única. É claro que todos os lugares deveriam ter elevadores ou rampa, mas se não tiver, precisamos ter um recuso nosso, para que a situação não acabe em decepção.

As fabricantes dizem que não é permitido que cadeira de rodas utilizem a escada rolante, mas na minha opinião, e até hoje ninguém conseguiu contestar com argumentos relevantes, isso é um preconceito, de considerar as pessoas com deficiência frágeis e incapazes. Dizem que é pela segurança, mas os mesmos motivos de perigo que podem acontecer conosco, servem também para as pessoas que andam.

Também aprendi a empinar a cadeira de rodas, no caso isso só é possível com cadeira de rodas manuais, pois as cadeiras motorizadas são muito pesadas. Empinar a cadeira de rodas ajuda a ter equilíbrio para conseguir descer ou subir degraus, como as calçadas sem guia rebaixada, e esse problema é abundante, por isso saber empinar é uma habilidade muito útil para ter uma vida acessível e inclusiva. Para andar em pisos irregulares ou muito macios como areia, pedregulhos ou pisos esburacados, tirar o contado da rodinha dianteira facilita bastante, pois é ela que trava. Por isso em minha consultoria de acessibilidade, oriento com ênfase a importância de um piso regular, caso contrário, isso pode até causar acidentes.

Eu prefiro fazer as coisas sozinho, de forma independente, mas existem locais e situações em que é muito difícil ou impossível vencer um obstáculo sem a ajuda de terceiros. Só que há jeito certo de ajudar pessoas com deficiência, e os locais de atendimento ao público, é essencial ter pessoas preparadas para isso. Eu já capacitei centenas de pessoas e empresas em meu treinamento para um atendimento inclusivo, e com isso se eliminam reclamações, acidentes além de estar dentro das regras, pois isso também é exigido pela legislação brasileira.

Então quando eu não consigo fazer algo, com certeza eu peço ajuda, e dificilmente as pessoas recusam. Uma vida acessível e inclusiva também pode ser feita com ajuda, mas é preciso saber pedir ajuda, pois as pessoas podem não ter noção de como ajudar, e daí você vai precisar passar orientações. Por exemplo, se tiver que me carregar para subir uma escada longa, eu só pego pessoas fisicamente fortes, pois pode não parecer, mas isso exige bastante força, e se a pessoa não aguentar no meio da subida, pode dar problema.

Ultimamente, em minhas palestras e entrevistas, tenho enfatizado muito a importância da informação. Há muitos lugares que tem acessibilidade, mas não informam isso em seus sites ou canais de comunicação oficiais. E sem essa informação essencial, a atração das pessoas com deficiência será baixa. Mas como disse anteriormente, temos que nos adaptar para não ter uma vida muito limitada. Então é importante entrar em contato com os estabelecimentos e serviços, e questionar sobre a acessibilidade com detalhes. Os locais geralmente dão uma informação muito genérica, dizendo que o local é acessível, mas não é aconselhável confiar nisso.

Por isso, por exemplo, quando vou me hospedar em um hotel, pergunto se eles tem cadeira de banho, pois eu preciso desse equipamento, e peço uma foto dela, pois há diferentes tipos de cadeira de banho, e os hotéis que possuem na sua grande maioria tem o modelo mais simples, que apresenta bastante limitações para um cadeirante. Eu costumo dizer que um dos locais mais importante para uma pessoa com deficiência física é o banheiro, e serve até para avaliar a acessibilidade do local, se o banheiro for ruim, provavelmente o resto também será. Por isso em breve vou lançar um curso express sobre banheiros e vestiários acessíveis. Se tiver interesse, deixe um comentário ou envie um email.

Eu considero que tenho uma vida bastante vida acessível e inclusiva, independente das barreiras que encontro pelo caminho, e com essas atitudes que citei, além de conseguirmos vencê-las, ao mesmo tempo chamamos a atenção da necessidade de uma acessibilidade melhor, então também não deixa de ser um importante processo educativo.

 

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