Síndrome de Down na gastronomia. Projeto Social Chef forma futuros cozinheiros.
Carinho, afeto, energia e alto astral são ingredientes que nunca faltam numa aula do Social Chef, projeto criado em 2012 pelo chef de cozinha Guilherme Barros para iniciar jovens com Síndrome de Down na deliciosa arte da gastronomia. O objetivo inicial era dar autonomia para que eles soubessem cozinhar em casa ou mesmo na eventualidade de irem morar sozinhos.
“O desafio inicial era desenvolver as habilidades deles e começou a virar uma família. Os alunos mudam, uns vão embora, outros chegam e o projeto não para e vai formando cada vez mais essa autonomia, essa independência pra eles”, afirmou Barros.
Chef de cozinha formado na Itália e com experiência em restaurantes europeus, Barros atualmente mora na Holanda e aproveitou suas férias no Brasil para rever os alunos. No cardápio da aula da última sexta-feira, 16, a foccacia, tradicional pão italiano, coberta com tomate cereja, alecrim, sal grosso e uma dose generosa de azeite de oliva.
A opção por pratos simples faz parte da ideia de incentivar o preparo em casa, sem a orientação do chef, mostrando que estão evoluindo. “Essa evolução você percebe de aula a aula, que eles estão com mais prática, fazem mais rapidamente, e também em casa. Eu converso com muitas mães, elas me passam fotos e vídeos que eles estão começando a ter autonomia, que é o grande objetivo do projeto.”
Pequeno Chef e repórter improvisada
Na aula desta sexta, oito alunos ajudaram no preparo da foccacia. Fernando Lima já é veterano do projeto e é chamado pelos outros de “chef”. Acostumado a reproduzir em casa as receitas que aprende na aula, é taxativo quando perguntado sobre o prato que mais gostou de fazer para a família: “Eu gosto de almôndega”, revelou.
A colega Maria Eduarda Lehmkuhl, muito falante e animada, também garantiu que faz em casa as receitas. “Gostei da pizza”, afirmou.
Satisfação pessoal
Guilherme Barros tem no Social Chef a chance não só de fazer o bem aos alunos da Associação Amigo Down, mas também de promover a inclusão e ajudar a combater a discriminação.
“Tem muito preconceito com relação a eles, em relação à autonomia deles. Pra mim foi uma satisfação pessoal muito grande por estar ajudando ao próximo, independente de qualquer situação, e proporcionando a eles autonomia, mostrando que ser inserido na sociedade, trabalhar num restaurante, num bar, numa cozinha é perfeitamente possível.”
Seminário estimula empoderamento
O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), gostou muito da ideia. “É louvável, é elogiável e tem todo o apoio da Comissão”, afirmou o parlamentar.
Caropreso lembrou do trabalho da comissão, que a partir da próxima segunda-feira (19) promove o 1º Seminário Regional sobre Síndrome de Down – Inclusão. “Ninguém fica para trás”.
“São vários seminários spelo Estado para promover o empoderamento de pessoas com dificuldades que às vezes têm muito talento e, com muita sensibilidade, fazer explodir um talento adormecido”, explicou Caropreso.
“Temos que acreditar no potencial da pessoa e encontrar, por meio de nossas atitudes, na discussão também de políticas públicas, o melhor jeito de fazer com que ela possa desempenhar seu papel na sociedade.”
Também membro da comissão, o deputado José Milton Scheffer (PP) classificou como “memorável” o tratamento que a Assembleia Legislativa vem dando aos assuntos relacionados à Síndrome de Down. “O conhecimento e as informações são as armas que temos para combater o preconceito e promover a inclusão social.”
O parlamentar elogiou o Social Chef. “É muito bem-vinda a presença deste chef que vem de outro país agregar novos conhecimentos, principalmente na área da gastronomia, para essas pessoas.”
Scheffer lembrou de outro projeto, a Cafeteria Especial, em Blumenau, onde o atendimento é feito por pessoas com Síndrome de Down.
“Além de ter um excelente café preparado por eles, também a companhia deles inspira a gente. É algo diferente e a cidade de Blumenau está de parabéns por esta iniciativa”, elogiou.
Fonte: Revista W3
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