Poltronas móveis permitem variações de acessibilidade. Seja flexível para a inclusão.

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

23 de novembro de 2022

Poltronas móveis permitem variações de acessibilidade. Cinemas, teatros e auditórios, geralmente possuem em sua estrutura, poltronas para dar conforto ao espectador, que deve assistir a um filme, peça ou palestra de algumas horas.

O decreto 9.404/18 altera o decreto 5.296/2004, modifica a questão de reserva de espaços e assentos em teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de esporte. Para edificações com capacidade de lotação de até mil lugares, 2% de espaços para pessoas em cadeira de rodas e 2% de assentos para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Para edificações com capacidade de lotação acima de mil lugares, vinte espaços para pessoas em cadeira de rodas mais um por cento do que exceder mil lugares e vinte assentos para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida mais um por cento do que exceder mil lugares.

Antigamente, os locais deixavam um espaço amplo e livre para os usuários de cadeira de rodas, porém isso não é inclusivo, pois acaba separando os cadeirantes de seus acompanhantes, que iam se sentar nas poltronas, já que esse espaço livre não tinha nenhum lugar para o acompanhante. Mesmo que o cadeirante não fosse com acompanhante, ele possivelmente ficaria sozinho, ficando de certa forma segregado.

É importante que haja possibilidade do cadeirante ficar ao lado de um acompanhante, seja por necessidade, daqueles que precisam de um cuidado maior e ter alguém sempre ao lado, ou seja por conveniência, quando namorados, casados, amigos e familiares querem ficar sentados próximos. Alguns cadeirantes também preferem se transferir da cadeira de rodas para a poltrona, por conforto ou para ficar mais próximo ao acompanhante.

Quando as poltronas e os espaços para cadeira de rodas são fixas, a escolha de onde cada pessoa vai se sentar é mais limitada. Por exemplo, fui assistir um filme com uma acompanhante, e o cinema tinha poltronas e espaços intercalados na proporção de um para um, ou seja, não havia duas poltronas juntas, e eu queria ficar sentado na poltrona do lado da acompanhante. Isso não foi um grande problema, pois eu fiquei na minha cadeira de rodas e ela na poltrona, mas não é um cinema que eu voltaria, pois sei de outros que a configuração das poltronas é melhor.

A acessibilidade deve ser feita para que a pessoa com deficiência tenha oportunidade de escolha. No Teatro Viradalata, existe um espaço com poltronas móveis, onde elas são retiradas de acordo com a necessidade de espaço para um espectador em cadeira de rodas. E como elas são móveis, pode criar diversas configurações, tirando todas as poltronas, caso haja várias cadeiras de rodas, deixando só as poltronas se não houver nenhum espectador cadeirante, intercalando as poltronas com espaços e até atendendo à minha preferência colocada anteriormente, para eu me transferir para a poltrona, ficar ao lado da acompanhante e ainda ter espaço para deixar minha cadeira de rodas.

Esta mesma configuração, eu conheci num ônibus rodoviário acessível na Alemanha, onde as poltronas móveis, davam possibilidade de acomodar até 12 passageiros em sua cadeira de rodas. A entrada no ônibus era através de uma plataforma, e o mais incrível era que até o banheiro do ônibus tinha acessibilidade! Eu já participei da comissão de acessibilidade da ABNT para ônibus rodoviários, e tentei colocar essa proposta, mas infelizmente não acharam viável.

A oportunidade de escolha é um ítem que sempre insisto em meu trabalho, que tem a ver com meu conceito de Acessibilidade Funcional. Hotéis, geralmente tem diferentes categorias de quartos, mas quase nunca, todas essas categorias estão acessíveis, pois o hotel só disponibiliza de um quarto padrão acessível. Isso tia totalmente nossa oportunidade de escolha, em optar por um quarto mais simples e econômico, ou um mais luxuoso e confortável.

Eu também já fui assistir a um espetáculo do Circo du Soleil, e queria comprar o ingresso mais barato. Minha surpresa foi saber que o único lugar acessível ficava na área VIP, onde o custo do ingresso era altíssimo. Após discussões com a bilheteria, que não queria me vender o ingresso para o local mais econômico por não ter acessibilidade, entrei em contato com a organização do evento, e eles me deixaram ficar na área VIP pelo valor do ingresso mais barato. Mas o ideal não é ficar dando benefícios, e sim dar condições, ou seja, todos os lugares, arquibancada, plateia, camarote, área VIP, deveriam ter acessibilidade para me proporcionar a tal oportunidade de escolha.

Esses inúmeros casos reais, servem de base de conhecimentos para aplicar a acessibilidade e inclusão em minha consultoria em acessibilidade, onde miro em resultados práticos e que vão além de leis e normas. Servem também como conteúdo para meus cursos online e palestras, pois geralmente tenho registros em foto e vídeo de todos esses casos, além da experiência vivida, que também dá estrutura aos meus treinamentos. Amostras de tudo isso, você pode encontrar em meu Instagram e no meu canal do YouTube.

 

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