Os habitantes de Pontevedra, na Espanha, garantem que essa realidade não é algo impossível, já que a cidade do noroeste tem essas características há cerca de 20 anos.
Apesar da belíssima paisagem litorânea (com a foz do Rio Lérez que encontra o Oceano Atlântico em um entardecer de tirar o fôlego) e da ótima reputação como anfitriã, a razão pela qual o local se tornou conhecido em todo o mundo foi outra.
Graças à sua estrutura de planejamento urbano, Pontevedra é um caso de absoluto sucesso em escolher as pessoas como prioridade na ruas em vez dos automóveis.
Acessibilidade
Ruas abertas para pedestres são um convite para que pessoas com mobilidade reduzida possam experienciar a cidade. Outro fator importante é a acessibilidade universal: ao trocar a centralidade do modelo de veículos para o de cidadãos, garante-se condições para que pessoas com redução de mobilidade consigam circular com mais facilidade. Este foi um dos aspectos centrais abordados no Summit Mobilidade 2020, que contou com diversos especialistas da área: poucas cidades brasileiras oferecem facilidades para que esses pedestres transitem e acessem as cidades da melhor maneira.
Além da configuração de cada rua ou praça, a iluminação pública é de grande relevância e é projetada especialmente para pessoas idosas ou com qualquer tipo de deficiência visual. A iluminação pública tem sido reforçada em toda a cidade, tanto em espaços estritamente pedonais como em espaços de uso misto. Em alguns pontos, a intensidade dos pontos de luz aumentou nas faixas de pedestres.
Ganhos
Hoje, 70% de todos os deslocamentos na cidade são feitos por meio da mobilidade ativa: a pé ou de bicicleta. Quem ganhou com isso? A saúde da população, os ouvidos (livres de buzinas e motores) e o meio ambiente, uma vez que a emissão de CO2 também caiu drasticamente. A esse respeito, o prefeito da cidade, Miguel Anxo Fernández Lores, declarou que quem compra um carro está comprando um pedaço de espaço público.
Outro impacto nesse desenho se refere à redução de acidentes e, consequentemente, à queda no número de mortes no trânsito. Além da redução na quantidade de veículos, a cultura de baixa velocidade em respeito a pedestres e ciclistas tornou raras as ocorrências fatais, espaçadas por anos: houve apenas três óbitos na última década. Isso também está bastante relacionado à deficiência, pois muitas deficiências adquiridas, são causadas por acidentes de trânsito.
De 2000 para cá, a nova realidade mudou a cara da cidade, com isso não há mais radares e as multas por velocidade excessiva são coisas do passado. O centro se transformou, ganhando mais de 10 mil habitantes nos últimos 20 anos. Nas ruas estão apenas carrinhos de brinquedo ou de bebês, e muitas famílias se mudaram para a cidade por considerarem um bom ambiente para crianças, dando equilíbrio à pirâmide etária (um sucesso para a Europa).
O modelo é tão bem-sucedido que a Espanha cogita, nos próximos cinco anos, adotar a mesma política para todas as cidades com mais de 50 mil habitantes, que representam mais de uma centena no pequeno país. Segundo o exemplo, Madri transformou seu centro em uma zona de emissões ultrabaixas, com restrições severas no tráfego de automóveis e congestionamentos.
Turismo
Outro benefício do modelo urbano de Pontevedra é a reestruturação do turismo, com o asfalto que foi retirado e deu lugar ao calçamento original do período medieval. Revitalizado, o centro ganhou uma agradável vida noturna, e as pessoas passeiam tranquilamente. Pontevedra desde 2012 busca se posicionar como um destino para o turismo acessível.
Além disso, a cidade, que faz parte do Caminho de Santiago de Compostela, tornou-se um local de parada mais do que obrigatório. Os pontos turísticos tradicionais em uma cidade moderna e inteligente fazem de Pontevedra um ótimo destino a viajantes de toda Europa e de outros continentes.
Fonte: Summit Mobilidade
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