Calçada inclinada na vaga reservada. Não adianta somente reservar, é preciso bem adequar.
O lema criado pela Organização das Nações Unidas, “Nada Sobre Nós Sem Nós”, faz muito sentido. Quer dizer que, toda idéia ou iniciativa voltada para a pessoa com deficiência, deve ter a participação das pessoas com deficiência. Isso ajuda bastante, mas não é a solução total, pois dependendo da pessoa com deficiência, ela pode ter uma compreensão somente para as dificuldades particulares à ela.
Para ter uma orientação mais acertiva, o melhor é recorrer à consultorias especializadas, que fazem um amplo planejamento para atender à todos através das melhores soluções. Esta é a proposta que Ricardo Shimosakai aplica em seus projetos, baseados em anos de experiência prática.
A calçada inclinada na vaga reservada é mais uma das inúmeras situações percebida por Ricardo, onde alguns itens colocados sem uma percepção experiente, acabaram dificultando o estacionamento para uma pessoa com deficiência.
No vídeo é apresentado uma vaga reservada em uma via pública. A primeira observação é a sinalização vertical, o poste com a sinalização do estacionamento. Neste caso não está interferindo, mas serve como referência, pois em alguns lugares, já vi o poste atrapalhando a abertura da porta.
A melhor posição para esta sinalização é no início da vaga, bem na ponta da parte dianteira onde começa a área da sinalização horizontal, aquela pintada no chão. Assim não há perigo de atrapalhar a abertura da porta, independente do modelo do carro.
Agora o problema que leva o título do vídeo, é a inclinação transversal da calçada, que é a inclinação do sentido dos imóveis para a rua. Se essa inclinação for exagerada, irá impedir ou limitar a abertura da porta. Pessoas usuárias de cadeira de rodas, precisam de uma abertura grande da porta, para que a cadeira de rodas se aproxime do carro e facilite a transferência. Eu mesmo já deixei de comprar carros, porque tinha uma abertura pequena das portas.
O problema também pode estar na rua, pois várias delas também possuem uma inclinação, onde a parte do meio da rua mais alta e nas laterais, justamente onde se encontram com a calçada, mais baixos, ficando a rua num formato abaulado, convexo. Então quando se estaciona o carro junto à guia, ele também já estará inclinado. Por isso é importante observar o conjunto da calçada com a via pública, mesmo que a inclinação individual de cada uma não seja forte, na junção das duas o problema pode aparecer.
Ainda há outro fator que é o modelo do carro. Carros grandes e altos, geralmente não passam por esse tipo de problema. Mas esse tipo de modelo também não é a preferência de pessoas com deficiência, pois para entrar no carro, principalmente para cadeirantes fazerem a transferência, fica muito mais difícil. É preciso ver a média da altura dos carros de passeio. Observar essa altura com no mínimo o motorista dentro do carro, pois acaba deixando o carro um pouco mais baixo por causa do peso do motorista.
Finalmente, mais uma observação. Às vezes a inclinação pode ter sido adquirida, ou seja, na instalação estava tudo correto, porém depois alguns fatores, como raízes de árvores ou a movimentação do solo, podem ter provocado essa inclinação na calçada.
Na maioria das vezes, quando estaciono o carro na rua, dou preferência para estacionar com a calçada do lado direito do carro. Assim o lado esquerdo, que é o do motorista, fica voltado para a rua, sem sofrer qualquer interferência da calçada na hora de eu fazer a transferência para a cadeira de rodas, seja da inclinação, postes ou outros dificultadores.
Além disso, no lado da rua, a cadeira de rodas fica no mesmo nível do piso do carro, enquanto no lado da calçada, ela acaba elevando o nível do piso, fazendo com que a cadeira fique mais alta e dificultando a transferência. Mas é claro que isso acontece quando tenho oportunidade de escolha, o que não acontece sempre. E já passei por situações onde tive que desistir de estacionar em uma vaga reservada por causa da inclinação da calçada. Não adianta somente reservar, é preciso bem adequar.
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