Espaço de aproximação da mesa. A aproximação é um dos fundamentos básicos da acessibilidade, e está presente em várias situações. Por isso, mesmo neste artigo, onde o foco é o espaço de aproximação da mesa, você poderá perceber que o princípio é bastante parecido quando você precisa se aproximar se uma pia, armário, totem de autoatendimento ou outros locais e situações. É um dos conceitos que eu demonstro em meu Curso Online Acessibilidade e Inclusão.
A necessidade de se aproximar, geralmente é para tomar uma segunda ação, que no caso da mesa, é para comer se for uma mesa de restaurante, ou para escrever ou digitar se for uma mesa de escritório. O tampo superior da mesa, precisa chegar o mais perto do tronco, se possível até encostar, caso contrário, se eu for tomar uma sopa, por exemplo, terei que inclinar meu tronco para que minha boca fique em cima do prato e eu possa trazer a sopa com segurança. Este item geralmente consta dos meus relatórios de consultoria em acessibilidade, das diversas empresas em que eu já prestei esse serviço.
Mas muitas pessoas com deficiência não conseguem fazer esse movimento, pela falta de força no abdômen e pela falta de equilíbrio. Até mesmo eu, que tenho certa força e equilíbrio, e caso necessário fico com o tronco inclinado com os braços apoiados na mesa para dar apoio, mas isso é bastante desconfortável e cansativo. O usuário de cadeira de rodas tem que conseguir comer sentado em repouso, com o tronco reto.
O grande problema das mesas não é o tampo ou superfície, mas ao pés de apoio, que geralmente limitam o espaço de aproximação, ou dependendo do caso, até impedem que o cadeirante consiga se aproximar. Quantas vezes eu já não tive que comer de lado, ou pelo menos em uma posição inclinada em relação à mesa, porque não havia espaço de aproximação frontal.
Espaço de aproximação da mesa
Há diferentes tipos de pés de mesa, como são popularmente conhecidos. Um dos mais conhecidos, são aqueles pilares que ficam em cada um dos cantos de uma mesa quadrada. O problema desse modelo, é o espaço entre esses pilares, que precisam ter largura suficiente para que uma cadeira de rodas passe entre eles. É melhor ver mesas que tenham pelo menos 80 cm de largura, como se fosse uma passagem de porta.
O outro tipo de mesa bastante utilizado, são aquelas que tem um apoio central, como uma pilastra central, mas que também precisam de uma base no chão para dar equilíbrio. Nesse caso, o problema geralmente está nessa base no chão, que possuem como se fosse pés na posição horizontal, algo parecido com as raízes de uma árvore, que se espalham para os lados para dar sustentação. Dependendo do modelo, esses pés horizontais, ou pés da base, estão justamente no espaço de aproximação onde a cadeira de rodas precisa entrar.
As pessoas e fabricantes nunca se importaram com isso, porque as pessoas que andam, posicionam os pés, um de cada lado desse pé de mesa horizontal, mas os modelos de cadeira de rodas, principalmente os modelos monoblocos, tem um apoio de pé inteiriço, que vai pater de frente nessa parte. Se colocar esses pés horizontais na direção dos cantos da mesa, dependendo do tamanho do tampo, pode resolver o problema, mas em alguns casos, somente melhora um pouco, mas não resolve.
Uma boa alternativa, é ter mesas redondas, pois elas geralmente têm um tampo maior, e esse arredondamento das bordas da mesa, acabam se aproximando mais do tronco da pessoa. Mesas redondas também geralmente tem as pilastras verticais mais afastadas, e ainda fica mais confortável quando há uma pessoa com deficiência que dependa de outra pessoa para dar a comida na boca, pois as duas pessoas conseguem ficar bem lado a lado.
É claro que para se alcançar uma boa inclusão, não basta somente uma acessibilidade arquitetônica e mobiliários adequados. Há pessoas que irão necessitar de uma ajuda para pegar a comida no buffet do restaurante, sejam pessoas com deficiências físicas, visuais ou intelectuais, e para saber servir bem é preciso que estejam capacitadas para o atendimento inclusivo, que é um dos meus treinamentos mais procurados. Na verdade, o treinamento serve também para a convivência corporativa, pois é preciso entender a pessoa com deficiência, saber seus dificuldades, habilidades, preferências para que possam ser auxiliadas adequadamente. Às vezes uma palestra serve para abrir os olhos, ótimo para eventos, mas para ensinar de verdade, o melhor mesmo é o treinamento.
Seria ótimo que todas as mesas do seu restaurante ou escritório, possuam espaço de aproximação da mesa, mas se isso não for viável, pelo menos algumas você deve ter. Pense que essas mesas podem servir a todos, não somente às pessoas com deficiência, então você não ficará com mesas “especiais”, e se tiver todas as pesas acessíveis, não passará por desconfortos de ter que tirar clientes que já está sentados nela para dar espaço, ou fazer o cliente com deficiência ficar esperando enquanto ele vê outras mesas sem acessibilidade vagando e as pessoas passando na frente dele.
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