Banheiro químico acessível. O banheiro é um dos locais mais importantes para a pessoa com deficiência, mais especialmente para pessoas com deficiência física, e com um valor ainda maior para usuários de cadeira de rodas. Todos os estabelecimentos devem possuir banheiros acessíveis, mas muitas vezes, os eventos acabam criando uma situação atípica, por conta de sua estrutura ou público, mas que da mesma forma, devem possuir acessibilidade.

Por exemplo, os blocos de rua no carnaval de São Paulo, como o próprio nome diz, são feitos na rua, atraindo um grande número de pessoas. A rua não foi criada para receber festas, então ela precisa ser adequada para receber o evento. Muitos lugares não possuem banheiros públicos, e mesmo se fosse contar com os banheiros dos estabelecimentos do entorno, também não conseguiriam atender ao volume grande de foliões. A saída para isso, é colocar banheiros modulares portáteis, conhecidos como banheiros químicos.

Foi na Califórnia, em 1940, que o primeiro banheiro químico surgiu. A ideia veio em uma área de construção de barcos, quando um dos chefes dos operários notou que eles perdiam muito tempo indo até os banheiros fixos. Para beneficiar ambos os lados e aumentar a produtividade, então, ele encomendou uma cabana de madeira, com um pequeno tanque, para colocar na área.

As cabines, que contam apenas com um assento, possuem um tanque que armazena até 264 litros de excrementos. Ele é responsável pela reação química: um produto à base de amônia é misturado com água e desodorizante e colocado ali antes do uso. Essa mistura faz com que as bactérias dos resíduos adormeçam e parem de produzir o gás metano, que causa o mau cheiro.

Em média, os banheiros químicos suportam até 200 usadas antes de precisarem ser esvaziados. Para calcular aproximadamente a quantidade de cabines necessárias em um evento, os organizadores partem do princípio: são necessárias duas cabines para cada 500 pessoas e uma hora de evento. Se tiver bebida alcoólica ou se houver mais mulheres do que homem no local, o ideal é pedir cerca de 13% a mais.

Assim como em estabelecimentos é obrigatório possuir banheiros acessíveis, em eventos, a organização também deve oferecer banheiro químico acessível. A Lei Nº 13.825, de 13 de Maio de 2019 diz que eventos organizados em espaços públicos e privado, deverão oferecer pelo menos 10% de banheiros químicos acessíveis.

Mas é preciso prestar atenção em vários pontos. Eu já fui em um carnaval de rua, onde os supostos banheiros químicos acessíveis, eram banheiros químicos comuns, que possuíam uma sinalização de acessibilidade na porta, praticamente uma fraude. Para oferecer acessibilidade em um banheiro químico, é importante que haja espaço interno para a cadeira de rodas e um acompanhante, pois existem pessoas com deficiência que necessitam de ajuda para realizar suas necessidades.

Toda a estrutura de acessibilidade de um banheiro de uma edificação, também predicam estar presentes no banheiro químico. Então portas largas, sem desníveis no piso para a entrada, espaço para o giro da cadeira de rodas, espaço de aproximação ao vaso sanitário e barras de apoio. Nesse tipo de banheiro não há descargas, e a maioria não possui pias, espelhos, sabonetes e papel.

Mesmo com toda essa estrutura presente, ainda é preciso prestar atenção em detalhes para que possamos realmente nomear como um banheiro químico acessível. As portas geralmente têm molas, para um fechamento automático. Mas isso atrapalha a entrada, pois é preciso fazer um malabarismo, para conseguir abrir a porta e depois empurrar a cadeira de rodas para entrar. As molas são fortes, e fecham rápido, com isso não dá tempo de empurrar a cadeira de rodas, e a porta acaba batendo em cima da pessoa, machucando a pessoa ou danificando a cadeira de rodas. Então o melhor é uma porta de abrir sem molas, mas com um puxador para auxiliar no fechamento.

Outro ponto muito importante, é o local onde este banheiro químico acessível será instalado. Em várias vezes, encontrei esses equipamentos em calçadas, que não havia rampas de acesso para chegar ao local. Ou senão, como o equipamento é grande, dependendo da forma como é colocado, não sobra espaço para fazer manobras com a cadeira de rodas, para acessar a porta. Também já encontrei desses banheiros em locais inclinados, o que dificultada o acesso, ou que a calçada era cheia de buracos, ou até em pisos de brita, aquelas pedrinhas bastante incômodas para um cadeirante.

Tudo isso parece bastante óbvio, depois que eu pontuei as falhas, porém esses cuidados geralmente passam batido. Aqui ainda é só uma amostra, pois há muito mais coisa necessária para organizar um evento com acessibilidade, Eu ensino isso com detalhes, nas aulas que dou no MBA – Gestão de Eventos & Cerimoniais de Luxo da Faculdade Roberto Miranda, e também no meu Curso Online Acessibilidade e Inclusão. Já prestei consultoria de acessibilidade em vários eventos, como por exemplo na Oktoberfest São Paulo, desde 2019. Se quiser chamar a atenção de empresários, alunos ou valorizar o conteúdo de seu congresso, minhas palestras são sempre bastante elogiadas. E para ter uma ideia da transformação que eu consigo criar com o meu conhecimento, dê uma olhada e me siga no perfil do Instagram e no canal do Youtube.