Analisando acessibilidade na rede. Criando métodos através da prática.

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

24 de novembro de 2021

Analisando acessibilidade na rede. As lei e normas nos ajudam a adequar vários produtos e serviços para a acessibilidade e inclusão, embora eu sempre diga que eles não são perfeitos e possuem falhas. Mas há casos em que não há nenhuma orientação legal, então é preciso recorrer a outras fontes, pois não podemos deixar de oferecer opções acessíveis, afinal, isso é um direito permanente.

Neste caso, uma rede de balanço é algo que não possui uma referência específica, apesar que reúne alguns conceitos já conhecidos na acessibilidade como área de aproximação e transferência. Também não me recordo de nenhuma publicação na internet, feito por pessoas que compartilham suas experiências, o que acaba ajudando bastante também.

O local onde fiz o vídeo, é o Hotel Fazenda Terra dos Sonhos, localizado em Socorro, no interior do Estado de São Paulo. Tem uma proposta de sustentabilidade, onde a acessibilidade é um dos itens, inclusive com chalés feitos de containers. Inclusive minha visita foi justamente para prestar uma consultoria, para afinar ainda mais as questões de acessibilidade existentes, ou corrigir itens que eventualmente estivessem faltando.

Já havia tempos que eu tinha vontade de me balançar em uma rede, coisa que eu fazia bastante em casa, mas que com as obras de acessibilidade que ampliaram um quarto no térreo, tomou o espaço que tinha para a rede. Primeiramente ou fui fazer uma análise particular, e percebi que a rede feita de tecido, laceia bastante com o peso da pessoa. Então a altura dela, inicialmente na mesma altura do assento da minha cadeira de rodas, que seria teoricamente o correto, quando eu fosse jogar o meu peso para me apoiar e me transferir, a rede baixaria muito a sua altura. Com isso, a volta também ficaria muito difícil.

Então o jeito era suspender a altura inicial da rede, e vendo como a rede estava instalada, percebi que ela tinha extensões de correntes e mosquetões para fixar as pontas em vigas de ferro no teto, que seria a cobertura da varanda. Então desse jeito, seria possível facilmente fazer regulagens. Eu só não conseguiria fazer isso sozinho por causa da altura, então no dia seguinte, chamei um funcionário do local para me ajudar.

Fiz diferentes testes, e encontrei mais alguns pontos que precisariam ser adequados. A rede tem movimentos pendulares, então dependendo do ponto onde eu fosse me apoiar para fazer a transferência, ela podia se mover. Como a rede não tem um formato certo, não tem uma área exata onde se sentar, o tecido fica agrupado. Com minha habilidade, força e equilíbrio eu consegui me transferir, era só uma questão de achar o jeito certo pra mim, e como não tinha referências, tive que pensar mais.

Quem sabe para outras pessoas, seja necessário adaptar para facilitar os pontos de dificuldade que citei anteriormente. Mesmo para mim, se houvesse essas melhorias, o processo seria mais simples. Divulgar a maneira como eu fiz, também já ajuda bastante pessoas, pois serve como uma referência. Foi assim que eu aprendi a andar de escada rolante. Não havia nenhuma norma para isso, e praticamente ninguém sabia como fazer. Mas certa vez eu vi um vídeo de um cadeirante do exterior, e depois de assistir várias vezes para pegar a técnica dele, fui até uma escada rolante do metrô com amigos para me darem suporte, e experimentei fazendo minhas próprias adaptações, e deu muito certo, na primeira tentativa, para subir e descer.

Portanto, divulgo bastante de minhas experiências, pois sei que podem ajudar muito a colegas com deficiência, ou mesmo aqueles que não possuam deficiência, mas querem entender melhor sobre a acessibilidade. Este é mais um exemplo do conceito de Acessibilidade Funcional, e neste caso nem é mais funcional do que a norma, pois não existe norma para isso. A prática, nosso cotidiano e as várias experiências que eu encontro principalmente em viagens, mostram uma gama enorme de produtos e serviços que ainda podem ser adaptados, e que podem facilitar a vida de todos, não somente das pessoas com deficiência.

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