Alimentos naturais que são vendidos em feiras e supermercados, muitas vezes são difíceis de consumir diretamente, muitos deles é necessário um preparo prévio, como por exemplo, descascar um abacaxi, ou tirar as espinhas de um peixe. Para atrair clientes que gostam de uma comodidade, os comerciantes oferecem opções de produtos limpos e descascados.
Isso facilita muito pessoas com deficiência física, que podem não ter força e coordenação nas mãos para fazer o preparo. Alguns produtos naturais já têm o que eu chamo de embalagem natural, mais facilitadas para o consumo, como é o caso da banana que é fácil descascar, ou senão da maçã que é possível comer com a casca.
Esse tipo de acessibilidade favorece pessoas com deficiência visual também, pois a manipulação de alimentos é mais difícil quando não se enxerga, e pode ser perigosa, no manuseio de facas e instrumentos cortantes. Então ter o produto semipronto, economiza tempo e dá mais segurança.
A acessibilidade na gastronomia também está na forma de servir os alimentos em bares e restaurantes. Imagine aquele bife de carne grande e grosso, onde é preciso cortá-lo em pedaços. É claro que fritá-lo inteiro ou em pedaços faz diferença no sabor, mas como forma de hospitalidade, o estabelecimento pode, depois de fritar a peça inteira, cortá-lo quando tiver um cliente com deficiência. Alguns partos já são elaborados de forma acessível, como por exemplo o Strogonoff, onde todos os ingredientes já vêm em pedaços.
Muitos pratos da gastronomia japonesa, tradicionalmente possuem acessibilidade. O temaki, por exemplo, é um conjunto de arroz, peixe enrolados em uma folha de alga no formato de cone, ficando tudo num só produto e que pode ser comido com as mãos de forma muito prática. Além disso, ele é comido frio, então não é preciso ter o trabalho de esquentar. Muito popular no Japão, o bentô é o que no Brasil chamamos de marmita, ele é preparados para comer frio, e tudo vem em pequenas porções ou pedaços, podendo assim ser comidos usando somente o hashi (palitinhos), dispensando garfos e facas.
O delivery, que é o serviço de entrega, se popularizou muito na entrega de refeições pedidos através de aplicativos. Podemos dizer que é um restaurante que vai até a sua casa, e o garçom é o entregador. Geralmente no aplicativo, é possível fazer um pedido personalizado para o alimento escolhido, excluindo ou acrescentando algum ingrediente, e também é possível, pedir para que seu alimento venha cortado. Isso não é um serviço usual, então é bom que o cliente explique o motivo desse pedido para que seja prontamente atendido.
Podemos não perceber, mas já convivemos com alguns antigos exemplos da acessibilidade na gastronomia. Os sorvetes, picolé ou de casquinha, são feitos para que as pessoas possam consumir sem precisar de talheres, direto na boca. E o sorvete de casquinha, consumimos totalmente, ao invés do picolé que ainda sobra o palitinho.
Os hambúrgueres e sanduíches também tem e mesma proposta, reunindo diversos ingredientes, num só produto para que as pessoas possam consumir sem precisar cortar previamente. Essa característica também eliminou a necessidade de pratos e mesas. Os chamados fast-foods, que traduzindo para o português seria comida-rápida, tem em comum a característica predominante de serem consumidos sem a necessidade de talheres, e servidos em pedaços, como por exemplo batatas fritas e donuts.
Podemos ir ainda mais longe, e lembrar dos salgadinhos servidos em festas e padarias, como as coxinhas, empadas, pães de queijo entre diversos outros. E por falar em festas, principalmente nas festas infantis, não pode faltar os brigadeiros, sonhos e beijinhos, que facilitam as crianças para comer, por serem em porções pequenas e comidos com a mão. Os salgadinhos de pacotes vendidos em mercados, também tem como público principal as crianças, mas adultos também não resistem à tentação das batatas chips, doritos, cheetos, ovinhos de amendoim, que são muito procurados pelo seu sabor, mas também pela sua praticidade para comer.
Desde que o mundo existe, a natureza nos dá vários exemplos de sabedoria. Reparando em alguns exemplos, vemos a acessibilidade na gastronomia em produtos naturais como frutas. Cachos de uvas, são um conjunto de pequenos bagos que podemos comer inteiro com a casca, ou em algumas variações, apertamos a casca para expulsar o interior com facilidade. Frutas maiores mas ainda assim, fáceis de se manusear e ingerir, como as maçãs, ou então com cascas de fácil retirada, como as bananas, são mais exemplos da acessibilidade na gastronomia, oferecida pela natureza.Concluindo, eu sempre digo que a acessibilidade são recursos para facilitar algum tipo de ação, não necessariamente para pessoas com deficiência, pois podem beneficiar a muito mais pessoas. Esse pensamento, e todos os exemplos citados acima, são parte do conceito de Acessibilidade Funcional que eu criei, e que passo em meus serviços de consultoria, palestras e também ensino no meu Curso Online Acessibilidade e Inclusão.
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