Acessibilidade e inclusão na barbearia. Adaptações para um atendimento inclusivo.

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

28 de julho de 2021

Acessibilidade e inclusão na barbearia. Cortar o cabelo é praticamente uma necessidade, seja da parte estética e também pelo lado da saúde. Apesar do título deste artigo se referir às barbearias, os conceitos que vou descrever a seguir servem também para cabeleireiros e salões de beleza. Esta reportagem teve como apoio, a unidade Itaim da Garagem Barbearia.

Para se ter um estabelecimento acessível, é preciso ter condições de acesso ou livre circulação ao ambiente, como portas largas e rampas ou elevadores, se for necessário. Mas isso é o básico, e aqui eu vou tratar mais da parte interior da barbearia e também da parte operacional.

Um equipamento muito tradicional para esse tipo de local, é a cadeira aonde o cliente fica sentado, que tem um bom nível de conforto, algumas possuem um sistema de elevação para que o cliente fique mais na altura do barbeiro, evitando que ele trabalhe curvado e não cause lesões de trabalho. Geralmente são bem grandes, com apoio de braços e pés, bastante acolchoadas, e são tão tradicionais que são fabricadas unicamente para usar em barbearias.

Toda essa singularidade também carrega um problema, pois elas geralmente são inacessíveis para pessoas com deficiência física, pois dificultam muito a transferência da cadeira de rodas à cadeira de barbeiro. O braço de apoio, geralmente é fixo, e isso acaba criando um obstáculo, e o apoio de pés também atrapalha na aproximação.

Felizmente, estas cadeiras de barbeiro não são fixas no chão, e podem ser arrastadas com certa facilidade. Então com essa possibilidade, retira a cadeira de barbeiro do local, para dar espaço à cadeira de rodas, sem a necessidade de uma transferência. O barbeiro irá fazer toda a operação de corte de cabelo com o cliente sentado em sua própria cadeira de rodas.

Assim como o barbeiro, em várias situações eu prefiro permanecer em minha própria cadeira de rodas, mesmo que seja possível realizar uma transferência. Isso porque minha cadeira foi preparada para me dar o máximo de conforto, evitando até criar machucados, enquanto a cadeira de barbeiro é um modelo genérico que pode não ser confortável à mim.

Situações semelhantes acontecem no cinema, teatro, táxis adaptados, ônibus adaptados, academias ou até mesmo em uma sala onde tenha uma poltrona para sentar. A opção de me transferir ou não, depende da situação e do local a ser transferido. Assentos muito duros ou rígidos, no meu caso, poderiam criar uma ferida, e por isso prefiro ficar em minha própria cadeira de rodas, e assim faço, por exemplo, na academia de ginástica e nos ônibus.

Quando vou ao cinema ou teatro, se estou sozinho, costumo permanecer em minha cadeira de rodas, num espaço reservado. Se estou acompanhado, geralmente eu me transfiro, pois as poltronas são suficientemente confortáveis para suportar algumas horas de sessão, e porque a altura e distância da acompanhante sentada na poltrona em relação à mim sentado na cadeira de rodas, fica meio grande e desconfortável.

Então como costumo dizer, na acessibilidade não existem regras intocáveis, e sim situações que podem ser adaptadas à situação. No caso, para se ter uma acessibilidade e inclusão na barbearia, eu não vejo necessidade de se criar uma cadeira de barbeiro adaptada, mas seria bom ter uma cadeira mais simples e confortável, pois há pessoas que não usam cadeira de rodas, mas possuem dificuldade de acessar a cadeira de barbeiro. Alguns lugares não estão preparados para atender crianças, mas há que se pensar que existem pessoas adultas com baixa estatura, então também ter equipamentos para acomodar esse tipo de cliente.

Para pessoas com deficiência física, a adaptação se dá na estrutura do local e dos equipamentos, mas para pessoas com deficiência visual, o que mais importa é a maneira de atender e se comunicar. Toda a operação deve ser descrita para o cliente, então para demonstrar a altura que vai cortar o cabelo, toque neles ou puxe a mão do cliente para ter uma idéia real. Se a pessoa enxergava antes, ela tem uma memória visual, e daí pode se usar referências de pessoas famosas, como por exemplo os cabelos curtos no estilo de Xuxa.

Pessoas com deficiência auditiva, a dificuldade também se dá na comunicação. Se a barbearia não tiver ninguém que saiba se comunicar em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, então se comunicar através de gestos e mímicas, também podem ser melhor compreendidas. Também é possível se utilizar de imagens como referência, o que fica fácil com um aparelho celular à mão.

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