Dia 8 de junho de 2010 (terça-feira), das 15h às 18h, foi lançado o Guia de Acessibilidade e Cidadania de Salvador, no auditório da Arquidiocese São Salvador (Av. Leovigildo Filgueiras, 270, Garcia). Iniciativa pioneira da ONG Associação Vida Brasil, o Guia é um material de consulta que contém informações sobre os locais que oferecem condições de visitação para todas as pessoas, em especial para aquelas com deficiência ou dificuldade de locomoção.

As dicas sugerem desde lugares de passeio como praças, museus, restaurantes a locais públicos que prestam serviços à população da cidade. O evento integra a programação de aniversário da Vida Brasil, que completou 14 anos no dia 6 de junho.

Fornecer, prioritariamente, às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida e entidades da área opções variadas de serviços e lazer que possuam alguma preocupação com a acessibilidade é o principal objetivo do Guia de Acessibilidade e Cidadania. Ele também tem o papel de sensibilizar a iniciativa pública, privada e a sociedade civil para a promoção da acessibilidade em Salvador.

A proposta desta publicação não é afirmar que Salvador é acessível. No entanto, existem algumas iniciativas na promoção da acessibilidade que devem ser destacadas, não só como forma de valorização destes espaços, mas, principalmente, para apresentá-las às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. São espaços que mesmo sem condições de acessibilidade total apresentam uma possibilidade de uso (em alguns casos é preciso contar com ajuda), sem colocar a dignidade e a segurança do usuário em cheque.

As informações do Guia contemplam desde como chegar, se há pontos de ônibus nas proximidades e vagas adaptadas nos estacionamentos ao horário de funcionamento e dicas de serviços. No trecho “Acessos e Circulação” são ressaltadas as dificuldades e facilidades que podem ter uma pessoa com diversos tipos de deficiência. São descritos com atenção os níveis, pavimentos, pisos, jardins, referências sonoras que existem no ambiente, distribuição de mobiliários, paisagem, aspectos da cultura e história do lugar.

Os dois últimos capítulos do Guia (Serviços de Utilidade Pública e Dicas Úteis) apresentam informações sobre locais que prestam serviços à população, como hospitais, associações, agências bancárias e também dicas sobre como deixar um estabelecimento acessível e informações sobre a legislação brasileira.

A publicação é uma iniciativa da Organização Não Governamental Vida Brasil, em parceria com o Governo do Estado da Bahia (por meio da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos – SJCDH), o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia (CREA-BA) e a organização francesa Handicap International. Durante o evento, também será apresentado do Blog do Guia (www.guiaacessibilidade.blogspot.com), espaço na internet voltado para a divulgação da publicação e para estimular a participação de todos e todas na atualização do conteúdo da publicação impressa.

Histórico e Metodologia

Tudo começou em 1997 com a aplicação de uma pesquisa inédita na cidade chamada “Salvador, uma cidade deficiente?” com o objetivo de medir o nível de acessibilidade da cidade de Salvador. Naquela época foram pesquisados 218 locais. A semente foi plantada e no ano de 2007 a pesquisa do Guia foi iniciada. Incentivados pela crescente demanda das pessoas com deficiência e entidades da área em saber quais lugares da cidade tinham condições de acessibilidade, a Vida Brasil decidiu transformar essas demandas em uma publicação, capaz de reunir diversas informações para atender um público cada vez maior.

Para compor o Guia, uma equipe formada por arquitetos, comunicadores, estudantes das duas áreas e pessoas com deficiência realizaram pesquisas de conteúdo e de campo e selecionaram os locais considerados acessíveis. Os principais critérios adotados na escolha dos lugares foram a indicação de pessoas com deficiência e organizações da área e a diversidade dos locais, não se concentrando apenas em espaços turísticos.

Os pesquisadores, divididos em duplas, – geralmente formadas por uma pessoa com deficiência e um estudante de urbanismo/arquitetura – observaram e identificaram os critérios de acessibilidade baseados na NBR9050/2004 (Acessibilidade à Edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Foi levada em consideração a experiência das pessoas com deficiência que participaram do projeto, além dos detalhes construtivos e a circulação nos espaços analisados. O percurso, o sistema de transporte e o mobiliário urbano também foram avaliados no estudo. Para que o material pudesse ser publicado, todos os locais analisados em 2007 foram revisitados em 2009.