VerOuvindo coloca acessibilidade em prática em exibição de filmes

por | 24 abr, 2017 | Turismo Adaptado | 0 Comentários

Acessibilidade não inclui apenas rampas e espaço para cadeiras de roda na sala de cinema. Afinal, existem também os deficientes visuais e auditivos, que curtem um filminho diante da telona, como todo mundo. Em sua 4ª edição, o Festival VerOuvindo – que começa na sexta-feira (21) e segue até 30 de abril – resolveu inovar trazendo óculos que exibem audiodescrição em Libras.

“É um acessório que possibilita às pessoas com deficiência visualizar a janela de Libras e ouvir a audiodescrição através de fones, individualmente, sem alterar a luminosidade do local”, informa a coordenadora do festival, Liliana Tavares.

É fato que existem festivais no Brasil voltados para esse público, com tradução simultânea em Libras, LSE (legenda para surdos e ensurdecidos), e audiodescrição. Mas convenhamos que a inserção de uma pessoa ou de uma audiodescrição interfere na obra cinematográfica, e ainda causa luminosidade no “escurinho do cinema”. Isso devido à determinação da Ancine (Agência Nacional do Cinema, do Ministério da Cultura) de promover a acessibilidade a partir de tablets e celulares.

“No Rio de Janeiro já estão querendo colocar suportes fixos nas poltronas de todos os cinemas para tablets e celulares”, lamenta a produtora e audiodescritora Liliana Tavares.

Essa luminosidade à qual Liliana se refere são os tablets e celulares, que atualmente têm sido a única alternativa disponíveis aos deficientes para acessar Libras ou legenda. “Os óculos também possibilitam que qualquer pessoa frequente a mesma sala sem interferir no filme”, complementa a realizadora, que conta com apoio do Funcultura. Sem falar que a Libras não aparece na mesma tela do filme, obrigando o espectador a olhar para duas telas. Os óculos serão disponibilizados durante a exibição do longa-metragem “Shaolin do Sertão”, de Halder Gomes, no dia 30, um domingo.

Com programações gratuitas nos cinemas do Museu e São Luiz, além do Paço do Frevo, o evento possui grande foco no experimentalismo, estudo e pesquisa para inserir cada vez mais acessibilidades. “A maioria dos festivais faz tradução em Libras e LSE ao vivo, o que atrasa e causa erros”, diz Liliana, que também mostrará filme com paisagem sonora.

Haverá exibição de curtas e longas-metragens pernambucanos e nacionais, Mostra Competitiva, Master Classes, mesas redondas, oficinas, e ainda bate-papo após algumas sessões. No dia 26, o documentário “Todos” de Luiz Alberto Cassol e Marilaine Castro, premiado com menção honrosa no Festin – Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, em Lisboa, e inédito no Brasil, será exibido na sessão de abertura, às 18h30 no Cinema do Museu.

No mesmo dia, a audiodescritora francesa Mary Gaumy falará sobre “Caminhos para produção da audiodescrição”. Já Lívia Motta (SP), homenageada do evento, debaterá a “Formação de plateia, atividades de mediação e estratégias de divulgação do produto audiovisual acessível”. Completando dez anos desde sua primeira exibição, o filme “Amigos de Risco”, do pernambucano Daniel Bandeira, foi o escolhido pelo curador de festival, o jornalista André Dib, para a Sessão Memória, no dia 29, um sábado, às 19h, no São Luiz.

Valorizando a audiodescrição – recurso que procura descrever o ambiente, os personagens, o figurino e os demais elementos imagéticos e sonoros contidos em uma cena -, o festival terá pela primeira vez uma Mostra Competitiva nessa categoria com prêmio em dinheiro. “São poucos os audiodescritores no Recife”, avisa Liliana. Segundo ela, o evento atrai pessoas de outros municípios, como Garanhuns e Caruaru. “São pessoas que nunca foram ao cinema, que se sentem estrangeiros em seu próprio País porque não imaginavam assistir a um filme com a língua deles” declara a produtora. Para mais informações, acesse o site www.verouvindo.com.

Paço do Frevo (21, 22 e 23/04)

14h às 17h
Oficina Orientações para expressão vocal na audiodescrição, com Leila Freitas (PE)

Fundaj (24, 25/04)

14h às 17h
Oficina Iniciação à leitura cinematográfica, com André Dib (PE)

Paço do Frevo (25 e 26/04)

14h às 17h e 9h às 12h
Oficina Produção de roteiro de audiodescrição para filmes com Larissa Costa (RJ)

Cinema do Museu (26/04)

18h30
Mesa de abertura
Formação de plateia, atividades de mediação e estratégias de divulgação do produto audiovisual acessível com Lívia Motta (SP); Caminhos para a produção da audiodescrição com Marie Gaumy (FRA); Mediação: Liliana Tavares (PE).

20h
Sessão de abertura
Todos (RS, 2017, cor, doc, 81min, Livre)
de Luiz Alberto Cassol e Marilaine Castro da Costa
>Estreia no Brasil, com presença dos diretores, da equipe do filme e da acessibilidade.

Cinema do Museu (27/04)

17h30
Mostra competitiva iniciante
Elekô (7min, 2015, RJ/PE, 14 anos) direção coletiva
O Outro par (6min, 2014, EGI/RJ, livre) de Sara Rozik
Autofagia (12min, 2016, PE, 16 anos) de Felipe Soares

18h30
Mostra competitiva geral
Ilha (15min, PB/RJ, 12 anos) de Ismael Moura
A piscina de Caíque (15min, 2017, GO, livre) de Raphael Gustavo da Silva
Òrun Àiyé – A criação do mundo (12min, 2015, BA, livre) de Jamile Coelho e Cintia Maria
Lá do alto (9min, 2015, RJ, livre) de Luciano Vidigal
Sexta série (18min, 2012, PE, livre) de Cecília da Fonte

Cinema do Museu (28/04)

18h
Sessão Curtas Pernambucanos
FotogrÁfrica (2016, DCP, cor, doc, 25min, 12 anos), de Tila Chitunda
Um brinde (2016, DCP, cor, fic, 16min, 12 anos), João Vigo
Catimbau (2015, DCP, cor, doc, 23min, 12 anos), Lucas Caminha
> Debate após a sessão com diretores e profissionais da acessibilidade.

Cinema São Luiz (29/04)

17h30
Master class – Uso da Linguagem cinematográfica no roteiro de audiodescrição com Marie Gaumy (FRA)

18h30
Sessão Memória
Amigos de Risco (PE, 2007, DCP, cor, fic, 88min, 16 anos), de Daniel Bandeira
> Com presença do diretor, da equipe do filme e da acessibilidade.

20h30
Sessão GloboNews
Trans (RJ, 2016, cor, doc, 53min, 18 anos), de Fernanda Dedavid e Renata Baldi
> Com presença da diretora, da equipe do filme e da acessibilidade.

Cinema São Luiz (30/04)

17h
Sessão de encerramento
O Shaolin do Sertão (CE, 2016, DCP, cor, fic, 100min, 12 anos), de Halder Gomes
> Com presença do diretor e com a experimentação do óculos para visualização da Libras na tela através do aplicativo MovieReading.

19h
Cerimônia de premiação

Fonte: folhape

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