Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 estão contribuindo para o surgimento de uma cidade mais humana, acessível e verde. O legado olímpico já pode ser conferido nas obras que se multiplicam pela metrópole, como na modernização da SuperVia e na construção de centros esportivos e áreas de atendimento. A Vila dos Atletas, erguida na vizinhança do Riocentro e entregue em março para o Comitê Organizador dos Jogos, é um exemplo. O local tem potencial para abrigar cerca de 18 mil atletas, paratletas e equipes técnicas de mais de 200 países durante a competição, que ficarão hospedados em 31 edifícios.

A partir de 2017, este será o epicentro de um novo bairro planejado, com respeito pela preservação do meio ambiente, ecologicamente correto e adequado ao acesso de pessoas com deficiência – 4.350 atletas paralímpicos irão usufruir da Vila, cujos prédios têm corredores e portas mais largos e elevadores desenhados para abrigar até duas cadeiras de rodas ao mesmo tempo. Depois da competição, o legado de acessibilidade poderá ser mantido pelos futuros moradores que desejarem, para usufruir dos diferenciais oferecidos pelo empreendimento.

Os apartamentos de dois a quatro quartos que receberão os atletas formarão um novo bairro, a Ilha Pura, construída pela Carvalho Hosken e Odebrecht Realizações Imobiliárias, ancorada nas premissas de sustentabilidade. As instalações, que contam com investimento 100% privado, a exemplo do que aconteceu nos Jogos de Sydney, na Austrália, não tiveram nenhum aporte de recursos da Prefeitura – que se responsabilizou apenas pela infraestrutura do entorno e dos acessos viários da Vila dos Atletas.

O empreendimento se preocupou com dois fatores críticos: energia e água – diz Maurício Cruz, diretor-geral da Ilha Pura. O revestimento externo dos edifícios, cerâmico e em tons claros, ajuda a refletir o calor. Os vidros especiais barram os raios ultravioleta. Os 10 mil m2 de telhados têm cobertura vegetal, que ajuda a diminuir a sensação térmica. Com as ações, a intenção é reduzir o consumo de energia, especialmente com o uso de aparelhos de ar condicionado.

A água, um recurso escasso depois da séria crise hídrica vivida pelo Sudeste no ano passado, também terá tratamento especial. Toda a sobra das pias e chuveiros, a chamada “água cinza”, será levada para a estação de tratamento localizada no parque da Ilha Pura. Depois, servirá para irrigação e para alimentar os 8 mil m2 de espelhos d’água do condomínio – além de voltar aos vasos sanitários como água de reuso.

– Torneiras e chuveiros serão mais eficientes com o uso de arejadores – diz Cruz, que calcula uma economia entre 30% e 40% em relação à média da cidade, como resultado de todas as soluções adotadas na Ilha Pura para o uso eficiente dos recursos hídricos.

O respeito e a atenção por práticas sustentáveis ficam evidentes nos detalhes, como tomadas especiais para recarregar carros e bicicletas elétricas. Essa preocupação esteve presente em todas as etapas e detalhes da obra. A metodologia construtiva, a compra e reciclagem de materiais e a coleta seletiva seguiram padrões rigorosos de certificação.

Ao empregar todo o conjunto de soluções para a criação de um novo e moderno bairro sustentável, Ilha Pura garantiu o título de primeiro bairro da América Latina com a pré-certificação LEED ND (Desenvolvimento de Bairros), concedida pelo Green Building Council, importante organização internacional de construção sustentável. Os atletas e futuros moradores poderão usufruir de passeios ao ar livre e de locomoção por bicicletas ao longo de uma pista de 4,5 km, estando 1,3 km localizado dentro do Parque do bairro, que ocupa uma área de 72 mil m2, e 3,2 km permeando a Vila e ligando-a a outras ciclovias, que podem levar as pessoas até praias próximas e BRTs em construção.

– O bairro planejado, com 800 mil m2 de área (a Vila dos Atletas ocupa 206 mil m2) foi construído em um dos melhores terrenos remanescentes da Barra da Tijuca, ao lado do Parque da Pedra Branca e com vista para a Lagoa de Jacarepaguá e para o mar – afirma Cruz.

Mobilidade urbana

Outro grande legado dos Jogos Rio 2016 diz respeito à mobilidade urbana da cidade. A primeira estação olímpica da SuperVia, a Ricardo de Albuquerque, está em funcionamento desde fevereiro e, além do aumento na capacidade de transporte de passageiros, ganhou mais acessibilidade. As intervenções envolveram novas rampas de acesso, elevadores e banheiros adaptados e adequação do piso tátil. Os padrões adotados seguem as exigências do Comitê Olímpico Internacional e tornarão o serviço mais confortável para os moradores do Rio de Janeiro.

Até o início dos Jogos Rio 2016, as outras cinco “estações olímpicas” serão entregues para atender regiões das competições, como o Engenho de Dentro, nas cercanias do Engenhão, e Deodoro, que fará a interligação com importantes áreas de atividades olímpicas.

A SuperVia tem investido na melhoria de todo o sistema ferroviário, com substituição de 80% da frota de trens e em mais segurança nas composições e nas estações. A estação Ricardo de Albuquerque teve sua capacidade dobrada, de 5 mil para 10 mil passageiros por dia. O mesmo vai ocorrer em São Cristóvão, que passará de 40 mil para 80 mil usuários. O investimento nas obras olímpicas da SuperVia chegará a R$ 250 milhões. As estações Madureira e Intermodal Maracanã – ambas inteiramente reformadas e com acessibilidade plena – também serão fundamentais para o atendimento ao público durante o evento.

As melhorias já realizadas pela Super- Via incluem um novo e moderno centro de controle operacional, um centro de treinamento para maquinistas e a compra de 110 novos trens, dos quais 100 já estão em circulação – os outros 10 entrarão em operação até maio. A renovação da frota proporciona mais de 95% de lugares aos passageiros em trens refrigerados (antes da gestão pela Odebrecht TransPort, iniciada em 2010, eram apenas 24%).

Fonte: O Globo

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