Turismo acessível em Londres até depois da Paralimpíada
São 20 opções de espetáculos durante o ano, dez em cartaz de setembro a novembro. Desse total, metade está totalmente adaptada a portadores de necessidades especiais, em horários reservados. No National Theatre, tradicional casa londrina que exibe sobretudo peças de autores ingleses clássicos, a acessibilidade à arte é questão primordial – e vai muito além do clima paralímpico.
Em 15 anos, foram 89 apresentações adaptadas – 40 legendadas e 49 com transcrição de áudio. O resultado se reflete na bilheteria: 20 mil ingressos vendidos a este público só na atual temporada.
A maioria das peças é exibida no Cottesloe, um dos três auditórios locais. Como um teatro de arena, tem ambientes móveis e ajustáveis segundo as necessidades dos visitantes. E, para além do palco e arquibancadas, uma equipe é responsável exclusivamente para que a história alcance todos os espectadores de forma equivalente.
Quando o espetáculo é destinado a deficientes auditivos, diálogos, músicas e sons ambientes são legendados com fidelidade surpreendente – apenas é necessário que o espectador saiba inglês. Há 13 anos, Roz Chalmers é responsável por tal tarefa, realizada minuto a minuto durante a peça. Segundo ela, precisão é fundamental – e uma questão de treino. “A legenda tem de entrar no momento exato, para que todos deem risada ao mesmo tempo. Quando há um silêncio, por exemplo, não pode haver frase exposta, ou o público não vai senti-lo da mesma forma.”
O teatro ainda conta com um sistema que amplifica o som ambiente nos fones de ouvido, beneficiando aqueles com dificuldade auditiva. A tecnologia também é usada em peças para deficientes visuais, que são acompanhadas por comentários extras que ajudam na compreensão. Este público pode ainda participar do touch tour, que permite subir ao palco, tocar e se familiarizar com acessórios que farão parte da apresentação. Realizado sempre antes do horário do espetáculo, requer agendamento.
De lá para cá. Em plena região nobre de South Bank, na beira do Rio Tâmisa, chegar ao National Theatre é tarefa fácil para cadeirantes. São quase quatro quilômetros (incluindo Tate Modern, Shakespeare’s Globe e Southbank Centre) recém-reformados: os novos pavimentos, rampas com corrimões e iluminação extra dão segurança e agilidade.
Para deslocamentos mais longos, outra facilidade: todos os 8 mil ônibus que servem a capital britânica são adaptados para cadeirantes, da mesma forma que os 22 mil black cabs, os famosos táxis londrinos.
Escolha a atração. Não se trata de benefício voltado só para os moradores da capital. Ônibus turísticos, que fazem os clássicos sightseeings, também estão adaptados. Rampas de acesso e tours para pessoas com necessidades especiais são encontrados na maioria dos pontos turísticos da cidade (detalhes em inclusivelondon.com), com a mesma facilidade que escadas e audioguias, por exemplo.
Além de visitar sem dificuldades os ícones londrinos, deficientes visuais contam com material em braile e podem até tocar em parte do acervo dos museus nos chamados touch tours. British Museum, Science Museum, Victoria and Albert Museum, National Gallery e Tate Modern são alguns que oferecem facilidades.
Na Tate, aliás, portadores de deficiências têm direito a desconto nas exposições pagas e entrada livre para um acompanhante. Vale anotar: o tour de 30 minutos na London Eye segue as mesmas regras. Já na St. Paul’s Cathedral cadeirantes chegam até a cripta por elevadores e, mais recentemente, ganharam um tour virtual que mostra o interior do domo da igreja, este só acessível por escadas.
Fonte: O Estado de S.Paulo
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