Turismo Acessível do Ponto de Vista das Pessoas Surdas e Deficientes Auditivos
Muhammad Akram é paquistanês, e é surdo. Ele atua no campo da Tecnologia da Informação (TI) desde 1992. Em 2000, começou a ajudar Pessoas com Deficiências. Porque ele próprio é surdo, entende muito bem os problemas e obstáculos que a comunidade surda está enfrentando. Em 2006 ele estabeleceu sua própria organização, chamada “Danishkadah” e está trabalhando para estabelecer um “Knowledge Park” (Parque de Conhecimento), onde o poder da Tecnologia da Informação será usado para capacitar Pessoas com Deficiências e Surdez.
Em Novembro de 2007, Muhammad Akram recebeu um convite dos organizadores da “Conferência Internacional sobre Turismo Acessível” (International Conference on Accessible Tourism) para compartilhar suas experiências como uma pessoa surda no turismo. Essa conferência foi conjuntamente patrocinada pelo Ministério de Turismo e Esporte, pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Seguridade Humana, pela Administração Metropolitana de Bangkok, pela Comissão Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico das Nações Unidas (UNESCAP) e pela Internacional de Pessoas Deficientes da região Ásia-Pacífico (DPI-AP) no Centro de Convenções das Nações Unidas (UNCC) em Bangkok, na Tailândia. Na conferência, ele apresentou o trabalho “Turismo Acessível do Ponto de Vista das Pessoas Surdas e Deficientes Auditivos”, onde parte desse trabalho está descrito abaixo.
Os turistas têm, freqüentemente, que visitar embaixadas para obtenção ou regularização de vistos ou para pedir informações. Por isso, para o turismo internacional, a acessibilidade às embaixadas ou consulados é importante. Em meu país, encontrei barreiras de comunicação em pelo menos duas embaixadas porque elas têm “guichês escuros” no balcão de recepção. Como não podemos ver a pessoa do outro lado do guichê, não podemos fazer leitura labial nem observar a linguagem corporal. Este é um grave problema para as pessoas surdas e as que têm deficiência de audição.
Outro problema é que, porque muitas embaixadas só existem nas capitais, quando pessoas surdas têm que procurá-las para obtenção ou regularização de vistos, têm que levar seus intérpretes. Isso representa uma despesa extra para as pessoas surdas, porque elas não somente têm que pagar passagens aéreas ou ferroviárias para seus intérpretes, como também acomodação em hotéis e despesas de alimentação.
A Segurança vem em primeiro lugar e todas as linhas aéreas dão instruções de segurança a bordo. Muitos de nós podemos não dar a devida importância a essas instruções, mas elas são essenciais em casos de emergência. Embora instruções de segurança impressas e visuais também estejam disponíveis nos vôos, eu duvido que muitas pessoas surdas possam entender essas instruções, visto que nossa língua nativa é a linguagem de sinais e não a língua falada. Portanto, é importante dar essas instruções em linguagem de sinais.
Desde que me tornei ativo com pessoas com deficiências, com freqüência preciso fazer viagens de trem. Isso causa frustrações porque não há um sistema visual de avisos nas estações. Na última vez que tive que visitar uma associação de deficientes auditivos, o trem de volta estava atrasado. Não pude esperar e relaxar na sala de espera pois temia perder o trem porque não ouviria os avisos nos alto-falantes e não tinha nenhuma informação sobre a que horas o trem deveria chegar. Assim, sentei-me na plataforma por três horas esperando pelo trem em vez de descansar na sala de espera.
Em outra ocasião, eu estava no exterior e, para economizar, decidi viajar de ônibus. Eu sabia onde estava, para onde tinha que ir e o número dos ônibus que tinha que tomar. O primeiro problema que enfrentei quando entrei no ônibus era que eu não sabia o quanto teria que pagar ao motorista. Tentei mostrar-lhe no mapa onde eu tinha que ir e dizer-lhe que sou surdo. Pedi-lhe que me dissesse o quanto teria que pagar, mas o motorista estava muito impaciente e não tentava ajudar. Isso fez com que eu me sentisse mal por causa da minha surdez. Um outro passageiro próximo de mim percebeu a situação e apanhou algumas moedas de minha mão e as colocou na máquina cobradora.
Sentei-me, mas o próximo problema já estava esperando por mim. Como era a minha primeira visita àquela cidade, eu não podia reconhecer visualmente o ponto onde teria que descer. Toda vez que o ônibus parava, eu ficava pensando “Onde estou? Será que devo descer neste ponto?” Isso me deixou muito ansioso.
Depois dessa experiência negativa, sempre evitei viajar sozinho de trem ou de ônibus no exterior. Mas, no ano passado, eu estava em Hong Kong e viajei muito nos seus trens urbanos sem nenhum problema. Eles têm um sistema de avisos muito claro nos trens, que mostra por onde estamos passando, em que direção estamos indo, além de indicar a próxima estação. Um sistema visual de avisos como esse ajuda bastante, e eu sugiro que todos os ônibus e trens tenham um sistema igual àquele.
Hotéis e pousadas são uma preocupação constante quando o assunto é turismo acessível. “Estamos seguros neste quarto de hotel?” Sendo surdo, muitas vezes esta questão vem à minha mente, especialmente depois do Tsunami e de terremotos. Falando honestamente, em qualquer caso de emergência, as pessoas surdas não estão seguras em quartos de hotel. Não existe nenhum sistema de alerta para as pessoas surdas. E parece que ninguém está se preocupando seriamente com esse problema que representa um grande perigo.
Outro problema é que não há campainhas visuais em quartos de hotéis. Isso representa uma barreira para pessoas surdas. Em 2004, eu estava na Malásia. Alguém deveria me buscar para um tour pela cidade e, quando chegou, bateu à porta. Mas, sendo surdo, não ouvi a campainha e nem as batidas à porta. A pessoa teve que chamar o segurança para ajudá-lo a me tirar do quarto (sorriso). Existe sempre um serviço de telefone interno em hotéis, que permite chamar a recepção e os outros quartos. Mas as pessoas surdas não podem usar esse serviço. Se precisarem de alguma coisa, eles têm que ir até a recepção. Se precisam contatar um amigo em outro quarto, têm que ir até o quarto dele.
Fonte: Workers for Jesus
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Sou surda,
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Parabéns,lindo o seu trabalho,espero que cresça.
Queremos um turismo para todos, e vemos que a pessoa com deficiência auditiva é pouco lembrada no turismo e até na sociedade em geral. Temos feito um trabalho para que o lazer e turismo também esteja ao alcance dos surdos
Sr,
gostaria de informar quais hoteis adaptados para deficientes auditivos e surdos em lugares? Manda os endereços ou sites dos hoteis adaptados que oferecem aos surdos para [email protected]
grato
CELSO BADIN
Olá Celso,
A Turismo Adaptado também é uma agência de viagens para todos. Se quiser viajar com acessibilidade, faça uma solicitação através do email [email protected]
Temos feito projetos que atendem a pessoa surda através de Libras e outros recursos
abraços