Torneira de monocomando é a melhor opção para acessibilidade

Man climbs CN Tower steps in wheelchair

Escrito por Ricardo Shimosakai

21 de junho de 2023

Torneira de monocomando. A acessibilidade tem como um dos objetivos, que os lugares possam oferecer autonomia para todos os tipos de pessoas. A tecnologia assistiva, são equipamentos e acessórios que ajudam a adequar os lugares e serviços para a acessibilidade. Na acessibilidade arquitetônica, um dos locais de maior importância para a pessoa com deficiência física é o banheiro, onde as torneiras são um dos principais equipamentos utilizados. Fazendo esse cruzamento de idéias, fica mais simples entender a importância da torneira de monocomando.

O sistema de monocomando consiste que o usuário consiga realizar a tarefa da forma mais simples, com somente um movimento, por isso a palavra monocomando, que significa comando único. Além disso, pelo ponto de vista da acessibilidade, este único movimento, também deve ser feito sem a necessidade da utilização dos dedos. Isso porque há várias pessoas com deficiência que não tem o movimento de pinça nos dedos, que é a capacidade de coordenação e força nos dedos para executar um comando, da forma como nós utilizamos a pinça.

Isso é comum nas pessoas com tetraplegia, esclerose lateral amiotrófica, paralisia cerebral, Mal de Parkinson entre outras deficiências e doenças. Um bom teste da qualidade de um monocomando, é tentar realizar a ação, com um único movimento utilizando os punhos fechados ou as costas da mão.

 

Acessibilidade com torneira de monocomando

O conceito de monocomando deve ser aplicado em várias situações, como nas maçanetas de porta, nas torneiras do banheiro ou da cozinha, nos interruptores de energia e onde mais haja a necessidade de um comando. Mas aqui, vou utilizar o exemplo da torneira de monocomando para exemplificar com mais facilidade. No vídeo abaixo eu mostro a torneira do lavatório de um banheiro, mas há também a torneira no chuveiro, e até no chuveirinho ou ducha higiênica. Esta torneira de monocomando é um pouco diferente, pois a torneira é aberta fazendo o movimento para cima, enquanto a maioria tem o movimento de abertura para baixo ou para os lados. Mas independente da direção do movimento, todas são uma torneira de monocomando.

No caso da torneira de monocomando do vídeo, é de um banheiro de um hotel, onde em muito deles, também há controle de temperatura da água, direto na torneira. Nesse caso, os comandos de fluxo de água são para cima e para baixo, e o controle da temperatura entre frio e quente, são para os lados, direita e esquerda, também no sistema de monocomando. Isso facilita muito mais, do que sistemas de torneiras antigos, que utilizam duas torneiras, uma de água quente e outra de água fria, e você tinha que achar o equilíbrio da temperatura desejada, fazendo um jogo entre as duas torneiras. O monocomando facilita a todos, pois num único controle, você tem a temperatura num aquecimento gradual.

A única melhora que eu apontaria na torneira de monocomando mostrada no vídeo, é que a alavanca de abertura fosse mais comprida. Isso diminui a necessidade de força aplicada, apesar que essa torneira estava bem suave, mas também aumenta a área de ação, onde a pessoa vai ter que acioná-la. Também evita conflitos, pois se você observar, quando a torneira está fechada, a alavanca está bem próxima da saída de água, e daí minha mão esbarra um pouco nela.

Há vários lugares que colocam uma torneira de monocomando com um temporizador da saída de água, com o objetivo de economizar água. Mas a grande maioria, regula esse tempo muito curto para lavar uma mão, por exemplo, ainda mais que uma pessoa com deficiência pode levar mais tempo do que o normal por causa das suas limitações. Dessa forma, o usuário terá que acionar a torneira por várias vezes, o que é um dificultador. Então aconselho que sempre utilize uma torneira comum, onde você decide quando abrir e fechar ela.

Como você pode perceber, a acessibilidade vai além das leis e normas, pois as lojas só sabem empurrar os produtos para que você compre, e as normas e leis, orientam de forma genérica, e não especificam qual o tipo mais adequado de torneira de monocomando, pois existem várias, e nem explicam o porquê dessas escolhas, e entender isso faz toda a diferença. Fora que na grande maioria, essas regras não são elaboradas pelas pessoas com deficiência, e digo isso com certeza pois já fiz parte de alguns grupos de elaboração das normas da ABNT, inclusive já fui em algumas reuniões da ABNT 9050 e praticamente só havia mais uma pessoa com deficiência além de mim.

Eu tenho uma proposta diferente, meio inversa da maioria, pois primeiro eu vivo ou pesquiso a prática, experiências reais, e depois elaboro a teoria baseada nessa prática. A teoria, muitas vezes quando é elaborada primeiro, muitas vezes não funciona bem na prática e precisa de correções.

É baseado nisso que eu criei meu conceito chamado Acessibilidade Funcional, que eu aplico em minha consultoria em acessibilidade. Não é possível prestar uma boa consultoria, e se apresentar como um especialista em acessibilidade, sem viver a acessibilidade presencialmente. Plantas de obras, escondem muitas armadilhas, e somente a observação, mesmo que presencial, também acaba deixando muitas brechas. É bem diferente fazer uma visita técnica andando, e somente observando, do que numa cadeira de rodas, e ter que passar por todos os ambientes e experiências.

A Acessibilidade Também está presente nos meus cursos, que é o único curso do Brasil que enfatiza esse conceito. O treinamento para o atendimento da pessoa com deficiência, também deve ser pensado pela funcionalidade, e eu também ensino isso. Nas minhas palestras eu dou uma amostra disso, assim como nas minhas publicações do Instagram e nos vídeos do YouTube.

 

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