Síndrome de Guillain-Barré. Paralisa de repente, mas com alto índice de recuperação.
Síndrome de Guillain-Barré é uma doença rara na qual os nervos periféricos se deterioram. Estes nervos enviam mensagens do cérebro para os músculos, instruindo-os a se moverem, e também levam sensações como a dor, prazer, gosto, etc., para o cérebro. O dano de um nervo causa freqüentemente fraqueza muscular (muitas vezes chegando a causar paralisia total), e pode causar anormalidades de sensação, inclusive dor, formigamento, sensação de “comichão na pele”, ou até desequilíbrio.
O que torna a síndrome de Guillain-Barré uma emergência médica é que a fraqueza pode afetar os músculos do tórax responsáveis pela respiração. Se eles são paralisados, o paciente pode morrer por falta de oxigênio. O paciente deve ser monitorado cuidadosamente; normalmente em um hospital, para ter certeza que a respiração e outras funções vitais são mantidas.
Ninguém sabe o que causa a síndrome de Guillain-Barré. Na maioria dos casos é uma desordem auto-imune na qual o sistema imunológico do corpo ataca e destrói a cobertura de mielina que envolve os nervos longos, muito semelhante ao isolamento ao redor de um fio de eletricidade. A Mielina protege o nervo e ajuda a acelerar a transmissão dos impulsos elétricos por ele. Se a mielina é destruída, os impulsos nervosos viajam muito lentamente e podem ser interrompidos. Se os músculos não são ativados, eles não funcionarão corretamente. Por esta razão as pessoas com a síndrome de Guillain-Barré experimentam fraqueza e paralisia de certos grupos musculares.
A Síndrome de Guillain-Barré é incomum, afetando menos que 4000 pessoas nos Estados Unidos a cada ano. Como a doença acomete somente algumas pessoas é um mistério. Em mais de dois-terços dos pacientes, a síndrome de Guillain-Barré ocorre três semanas após uma doença virótica, como um resfriado ou a gripe, ou após uma infecção bacteriana (particularmente a bactéria chamada Campylobacter jejuni que causa infecções intestinais). Alguns cientistas acreditam que o vírus causador pode afetar as células do sistema nervoso de forma que elas são atacadas pelo sistema imune do corpo. Alternativamente, o vírus pode sensibilizar partes do sistema imune de forma que isto ataca a mielina. Pesquisas das causas da síndrome de Guillain-Barré continuam.
Síndrome de Guillain-Barré. Quadro Clínico.
Às vezes a fraqueza é precedida ou acompanhada por uma sensação de formigamento, freqüentemente nas partes mais baixas das pernas e pés. Além disso, cada grupo muscular afetado pode ter dor e/ou formigamento. A síndrome de Guillain-Barré pode prejudicar o controle da pressão sanguínea do corpo temporariamente, levando de forma perigosa à pressão baixa quando a pessoa se levanta depois ter se abaixado ou de ter se sentado (hipotensão postural).
A doença progride rapidamente, e a maioria dos pacientes atinge seu cume, com fraqueza das pernas, braços, tórax, e outros músculos por volta três semanas após o começo da doença. Em alguns casos, a fraqueza pode progredir muito rapidamente: A fraqueza que se inicia nas pernas pode progredir para completa paralisia das pernas, braços e músculos da respiração num curso de horas ou de muito poucos dias. Por isso, uma pessoa que desenvolve fraqueza súbita nas pernas ou braços deve entrar em contato com seu médico imediatamente.
A fraqueza pode durar dias, semanas ou meses antes que a reversão do quadro se devolva. O retorno da força semelhante à pré-doença e funcionamento é lento, às vezes dura meses ou anos. A maioria dos pacientes retorna ao normal dentro de meses.
A jornalista Lucia Hipólito tem enfrentado uma barra para se recuperar da síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune que leva à perda da habilidade de grupos musculares. “Eu perdi os movimentos das pernas, dos braços e a voz. O meu rosto parecia que tinha tomado uma overdose de botox”, conta.
Lucia estava de férias na França quando a doença se manifestou. A jornalista lembra que tudo aconteceu no dia em que iria embarcar de volta para o Brasil. “Fui levantar para trocar de roupa e parei de sentir minhas pernas. Fiquei três meses lá e depois mais um ano e cinco meses internada aqui.” Segundo a jornalista, as dores e as dificuldades provocadas pela síndrome a fizeram desejar o pior. “Teve alguns dias em que eu quis morrer para liquidar tudo de uma vez. Essa é uma doença infernal”, afirma no Programa do Jô.
Apesar do pesadelo, Hipólito conta alguns momentos mais descontraídos em sua recuperação. “Teve um dia em que uma enfermeira gorda caiu por cima de mim. A gente tem que rir um pouco, porque o humor pode nos salvar.” Ainda se locomovendo com uma cadeira de rodas, Lucia comemora a sua visível melhora. “Recuperei minhas mãos, que ainda estão um pouco tortas, e estou conseguindo dar seis passos no andador, que para mim é uma vitória.”
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