Símbolo de acessibilidade ao contrário. Fora da norma, dentro de resultados.
Quando eu (Ricardo Shimosakai) estacionei meu carro nesta loja de material para construção, notei alguma coisa estranha. Prestando atenção, percebi que a sinalização horizontal da vaga de estacionamento reservada, aquela pintada no chão para mostrar uma vaga acessível, estava com o “bonequinho” na cadeira de rodas ao contrário. Ao invés de estar virado na direção para a direita, estava na direção para a esquerda.
Consta na norma NBR ABNT 9050, no capítulo onde fala sobre símbolos, o seguinte texto:
Símbolo internacional de acesso – SIA
A indicação de acessibilidade nas edificações, no mobiliário, nos espaços e nos equipamentos urbanos deve ser feita por meio do símbolo internacional de acesso – SIA. A representação do símbolo internacional de acesso consiste em um pictograma branco sobre fundo azul (referência Munsell 10B5/10 ou Pantone 2925 C). Este símbolo pode, opcionalmente, ser representado em branco e preto (pictograma branco sobre fundo preto ou pictograma preto sobre fundo branco), e deve estar sempre voltado para o lado direito. Nenhuma modificação, estilização ou adição deve ser feita a estes símbolos. Este símbolo é destinado a sinalizar os locais acessíveis.
Finalidade
O símbolo internacional de acesso deve indicar a acessibilidade aos serviços e identificar espaços, edificações, mobiliário e equipamentos urbanos, onde existem elementos acessíveis ou utilizáveis por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Então isso confirma que legalmente, há uma forma correta do símbolo como um todo. Porém fiquei pensando qual o sentido dessa obrigação. Eu já vi símbolos estilizados das mais diversas formas, e alguns de tão estiloso realmente eram difíceis de identificar. Até mesmo o logo da Turismo Adaptado em um símbolo diferente, apesar da função não seja sinalizar, é um logotipo de uma marca própria.
Mas no caso da sinalização no estacionamento, o símbolo não foi exatamente modificado, ele só estava ao contrário. Continua sendo de fácil identificação e entendimento. Se a finalidade do símbolo é indicar a acessibilidade, e ele consegue fazer isso mesmo fugindo da regra, eu considero que está valendo.
Sempre dei muito mais valor aos resultados do que para regras, pois muitas regras só existem sem trazer resultados, em compensação há muitos resultados que mesmo não seguindo as regras, conseguem trazer algo bom. Este caso é um exemplo.
Em 2013 um movimento em Nova York trabalhou para mudar a figura tradicional do símbolo de acessibilidade para outra mais moderna. A justificativa é que na figura o cadeirante parece muito passivo, parado no lugar, sem movimento e até sem alegria aparente. A proposta foi mudar a figura do cadeirante, desenhando ele com o tronco inclinado para a frente, braços para trás e roda chanfrada, tudo isso para dar uma impressão de movimento e dar aparência de um cadeirante ativo e alegre. Inclusive, a Turismo Adaptado atualizou seu logotipo logo após ter tomado conhecimento dessa proposta, foi a primeira marca do Brasil com esse desenho.
Depois em 2015, a ONU (Organização das Nações Unidas) lançou um outro símbolo para a acessibilidade. Batizada de “The Accessibility” (A Acessibilidade), é figura simétrica conectada por quatro pontos a um círculo, representando a harmonia entre o ser humano e a sociedade, e com os braços abertos, simbolizando a inclusão de pessoas com todas as habilidades, em todos os lugares.
“O símbolo é neutro e imparcial”, explica a ONU. Porém esta versão não teve uma boa aceitação espontânea, e pouco se encontra ela nas sinalizações. Justamente por querer mostrar uma figura neutra, que não remeta diretamente à idéia da pessoa com deficiência, para quem nunca viu, não consegue imaginar para quê serve o símbolo. Teria que fazer um trabalho educativo a longo prazo.
Compartilhe
Use os ícones flutuantes na borda lateral esquerda desta página
Siga-nos!
Envolva-se em nosso conteúdo, seus comentários são bem-vindos!
Artigos relacionados
Acessibilidade no ESG. Equipotel aborda o tema para o turismo.
Acessibilidade no ESG, para o mercado do turismo. Equipotel aborda a importância da inclusão da pessoa com deficiência.
Morte Sobre Rodas. Filme inclusivo foi candidato ao Oscar.
Morte Sobre Rodas. Dois protagonistas do filme, são pessoas com deficiência, um usuário de cadeira de rodas e outro com paralisia cerebral.
Paralimpíada de Paris 2024. A deficiência não é um limite.
Paralimpíada de Paris 2024. A cidade luz sedia o maior evento esportivo do mundo para as pessoas com deficiência.
0 comentários