Seja dependente ao mínimo. Construa sua própria acessibilidade.
A luta pela acessibilidade plena deve ser feita sempre, incansavelmente. Mas é certo que sempre vamos encontrar locais inacessíveis, que infelizmente ainda são a maioria. Para amenizar as dificuldades encontradas, nós pessoas com deficiência precisamos construir a acessibilidade em nós mesmos. Isso quer dizer aprender a vencer as barreiras existentes, de um jeito não convencional, pois se fomos depender da acessibilidade adequada, o conhecido “direito de ir e vir”, ficará muito limitado.
Eu (Ricardo Shimosakai) aprendi a “me virar” como se diz popularmente, nas mais diversas situações. Certa vez eu vi num vídeo na internet, um estrangeiro de cadeira de rodas subindo a escada rolante. Assisti várias vezes para analisar e aprender, e depois fui testar na prática com a ajuda de amigos. Felizmente consegui subir e descer sem problemas. Isso me ajudou a acessar locais que não tinham elevador, mas tinham uma escada rolante, e seriam inacessíveis se eu não tivesse aprendido essa técnica.
Eu dirijo, tenho meu próprio carro e coloco a cadeira de rodas no carro sozinho. Além de não depender de ninguém para me ajudar a colocar e tirar a cadeira, descobri outros benefícios. Fazendo esse procedimento várias vezes, adquiri uma habilidade muito boa, em menos de um minuto minha cadeira já está acomodada. Ainda várias pessoas oferecem ajuda, mas curiosamente, com ajuda esse procedimento demora muito mais, pois geralmente as pessoas não tem habilidade, e se atrapalham bastante. Mas o pior é que por não serem hábeis, acabam batendo a cadeira de rodas no carro, riscando a cadeira e o carro.
Outra habilidade que me ajuda bastante em diversas situações, é descer e subir degraus. Para descer é mais fácil, e empinando a cadeira consigo descer até de calçadas. Para subir preciso de mais força e habilidade, mas pegando um impulso e empinando, consigo subir diversos desníveis, pequenos e médios degraus, que se encontram nos mais diversos lugares. Se eu não conseguisse fazer isso, uma simples volta no quarteirão onde eu moro, iria precisar pedir ajuda pelo menos sete vezes.
É claro que nem todas as pessoas podem conseguir desenvolver as mesmas habilidades que eu, mas os exemplos citados são para ilustrar que qualquer pessoa pode conseguir, dentro de suas limitações, conseguir realizar atividades sem precisar do auxílio de outras pessoas. A dependência é algo negativo, e muita vezes basta acreditar, tentar e persistir. São qualidade que a gente conquista e que ajudam a melhorar nossa qualidade de vida, e como consequência nossa felicidade.
Pense bem, em que áreas da sua vida você é dependente de terceiros. Não confunda ajuda com dependência. Ajuda é um bônus, que facilita aquilo que a gente consegue fazer. E agora pense de que modo você pode acabar com essa dependência, o que você precisa fazer. E depois coloque isso em prática, muitas vezes será preciso treino, desenvolver habilidade e criar um hábito, mas depois quando você conseguir fazer sozinho aquilo que antes só consegui fazer com a ajuda de alguém, será uma vitória imensa. Acredite, dou minha palavra, pode ter certeza!
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Amei o texto, sempre procuro ter esse independência, minha deficiência é um pouco mais leve, não uso a cadeira de rodas, mas tenho muita dificuldade em andar nas ruas por causa dos desníveis e subir degraus é muito difícil, mesmo os mais baixos…. uso uma órtese e uma muleta, quando não estou com a muleta sou doscriminada nos locais por minha deficiência não ser algo “visivel”, por isso tenho que buscar cada vez mais não depender, pois as vezes essa “ajuda” simplesmente não vem….
A ajuda pode ser boa quando queremos, mas tem que ser uma opção e não uma regra. Por exemplo, quando volto de viagem, estou bastante cansado, e aceito a ajuda do funcionário da companhia aérea para me ajudar a ir pegar minha bagagem. Mas quero o aeroporto acessível, pois quando chego para embarcar eu estou disposto e quero andar pelo local sem precisar de ajuda.