Sedes de 2014 acessíveis, dentro e fora dos estádios
Copa para todos. Este é o objetivo da Campanha de Acessibilidade na Copa de 2014 promovida pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade), órgão que integra a estrutura básica da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. O alvo da campanha é adaptar as 12 cidades-sedes da Copa no Brasil ao conceito de acessibilidade universal.
Porto Alegre é a primeira cidade-sede a assinar o compromisso – a capital do Rio Grande do Sul foi indicada pelo Conade para servir de modelo para as outras 11 sedes. “Porto Alegre foi a primeira cidade brasileira a concluir o desenvolvimento de um Plano Diretor de Acessibilidade. Queremos fazer da cidade uma referência no tema em termos de preparação para megaeventos como a Copa do Mundo”, afirmou José Fortunati, prefeito de Porto Alegre e secretário extraordinário municipal da Copa.
Além de ações específicas para a Copa, as sedes já possuem projetos de turismo e esporte em andamento voltados para este público, e têm se mobilizado cada vez mais neste sentido de olho em 2014. Ainda na capital gaúcha, um exemplo: no último fim de semana (dias 17 e 18), promoveu o 3º Circuito Nacional de Vôlei de Praia para Surdos, modalidade masculina, e o 1° Circuito Nacional na modalidade feminina. Com o apoio da Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer (SME) e da Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos (CBDS), os jogos foram realizados nas quadras de areia do Parque Marinha do Brasil.
A CBDS utilizará as pontuações dos jogos para o ranking brasileiro na seleção das duplas que disputarão competições internacionais, como o I Mundial de Vôlei de Praia para surdos, que será realizado entre 27 de agosto e 5 de setembro, em Tel-Aviv, Israel.
Já Curitiba criou em seu último aniversário, dia 20 de março, a Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência, responsável por articular as ações deste setor entre todas as secretarias municipais e outras esferas de governo e formar parcerias com a iniciativa privada e organizações não-governamentais. Durante a solenidade de lançamento da secretaria foi apresentado um projeto para instalar plaquetas em braille em todos os ônibus e táxis da cidade, afixadas na frente dos assentos reservados para idosos, gestantes e portadores de deficiência, e nos bancos dos táxis.
Na capital paranaense, cerca de 300 mil pessoas possuem alguma deficiência motora ou mental – o equivalente à população de uma cidade como Maringá, também no Paraná. Atualmente o turista com dificuldade de locomoção que visitar a capital deste Estado poderá circular utilizando o sistema de transporte público, já que 86% dos ônibus são equipados para atendimento destas pessoas.
Existem em Curitiba outras adaptações que permitem que moradores e visitantes com deficiência se locomovam com mais independência, como calçadas antiderrapantes e com rampas, pistas táteis nas calçadas, semáforos sonoros para deficientes visuais, frota de ônibus equipada com elevadores, paineis digitais e gravações em áudio que permitem ao passageiro saber onde é a próxima parada.
Em Fortaleza, a prefeita Luizianne Lins lançou em 2007 a Comissão de Políticas Públicas Municipais para Atenção às Pessoas com Deficiência (Compedef), composta por 13 pessoas com deficiência (física, auditiva, visual e intelectual), que tem como objetivo elaborar a Política Pública Municipal de Atenção às Pessoas com Deficiência (Padef). Hoje, a coordenação e o monitoramento desta política são feitos pela Coordenadoria de Pessoas com Deficiência, que integra a Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza (SDH).
A capital cearense já conta com uma frota de 350 ônibus adaptados com elevador e que não cobram tarifa dos passageiros com deficiência. Para tornar o serviço ainda mais eficiente, está sendo ampliada, junto ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindionibus), a capacitação de cobradores, fiscais e motoristas. O município possui ainda táxis adaptados com serviço inclusivo e acessível e, na Biblioteca Dolor Barreira, há acervo em braille, telefones para surdos e rampas.
Impulsionados pelos jogos mundiais de 2014, todos os novos projetos e obras da prefeitura de Fortaleza, principalmente ligados a mobilidade urbana, contemplam as questões referentes à acessibilidade previstas em lei, incluindo piso podotátil – diferentes relevos no solo para orientação de pessoas cegas. Locais como o Mercado Central, um dos principais polos de compras da cidade, já passaram por reforma: rampas foram instaladas e os banheiros, adaptados.
Outros pontos turísticos da capital do Ceará estão sendo adaptados, como o Jardim Japonês, o Centro Histórico, o Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cuca), o Paço Municipal e a Praia de Iracema.
O projeto acessível do Verdão, novo estádio de Cuiabá (MT)
A arena da capital mato-grossense que será erguida para receber as disputas de 2014 seguirá basicamente duas normas para a adequação à demanda de pessoas portadoras de necessidades especiais. “Seguimos uma norma internacional – Guide to Safety at Sports Grounds –, recomendada pela FIFA, e a NBR 9050. As intervenções para acessibilidade são ajustes em dimensionamento de corredores, rampas e escadas; sinalização tátil; sinalização e comunicação visual; e nível e qualidade de iluminação”, disse Alessandra Araújo, coordenadora-geral do projeto do novo Verdão.
Segundo a coordenadora, para a elaboração do projeto foram visitados inúmeros estádios europeus. “Para termos bons exemplos, sempre projetamos buscando atender às diversas normas, incluindo acessibilidade.” Dois bons cases em acessibilidade de estádios na Europa são o Milton Keynes Dons, com mais assentos para amigos e familiares de cadeirantes, e o Wembley, que possui um ótima comunicação visual e tátil – ambos ingleses –, aponta Alessandra.
Ela ressalta que a acessibilidade deve ser garantida em todas as áreas, para todo tipo de público, sejam espectadores ou profissionais, para o que foi preciso desenvolver rampas e escadas especiais. Além da acessibilidade, o projeto também deve garantir evacuação da arena com segurança. Para a coordenadora-geral do projeto, “adequar todas estas necessidades foi desafiante, mas conseguimos viabilizá-las”.
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